A cultura grega bem como em menor grau, sua religião, influenciaram muito a sociedade ocidental, porém, a própria cultura grega sofreu também contribuições de outros povos. um exemplo disso; a declaração bíblica a respeito da "semente", ou "descendente", talvez possa ser percebida nos contos mitológicos que falam de o deus Apolo matar a serpente Píton, e de o infante Hércules (filho de Zeus e de uma mulher terrena, Alcmena) esganar duas serpentes. Novamente nos confrontamos com o conhecido tema de um deus que morre e em seguida é trazido de volta à vida.
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Adônis, de James Northcote
"... De acordo com a tradição, o nascimento de adônis foi fruto de relações incestuosa entre Smirna (Mirra) e seu pai Téias, rei da Assíria, que enganado pela filha, com ela se deitou. Percebendo depois a trama, Téias quis matá-la, e Mirra pediu ajuda aos deuses, que a transformaram então na árvore que tem seu no- me. Da casca dessa árvore nasceu Adônis. "
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Anualmente era comemorada a morte violenta de Adônis e o retorno dele à vida; eram principalmente mulheres que choravam sua morte e que conduziam imagens do seu corpo como numa procissão fúnebre, e mais tarde as atiravam no mar ou em fontes de água. Outra deidade, cuja morte violenta e retorno à vida costumavam ser celebrados pelos gregos, era Dioniso, ou Baco; ele, como Adônis, tem sido identificado com o babilônico Tamuz.
Os relatos mitológicos fazem os deuses e deusas gregos parecer bem semelhantes a homens e mulheres. Embora se imaginasse os deuses de tamanho muito maior, e como ultrapassando os homens em beleza e força, seus corpos eram retratados como corpos humanos. Visto que nas suas veias supostamente fluía “icor”, em vez de sangue, achava-se que os corpos das deidades eram incorruptíveis - aliás, aí vale uma observação pessoal, a incorruptibilidade dos corpos seria algo polêmico na Idade Média e épocas posteriores e freqüêntemente associada ao vampirismo. Não obstante, cria-se que homens, por meio das suas armas, podiam realmente infligir feridas dolorosas aos deuses. Todavia, dizia-se que as feridas sempre saravam e que os deuses permaneciam jovens.
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Ártemis com o cervo Acteão
Acima uma Representação contemporânea
da deusa grega.
Hino Para Ártemis de Virgílio (adaptado)
"Amada Deusa arqueira, Senhora da caça e dos animais
selvagens, que vigias no céu estrelado quando o Sol está
adormecido, cuja testa é adornada pelo crescente lunar,
que habitas nas florestas escuras com teu séquito de
ninfas, a ti Senhora e mãe, que eu invoco para me
fortalecer e proteger, ao longo da minha vida
como mulher ..."
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(A Alta Sacerdotisa) |
Na maior parte, as deidades dos gregos eram retratadas como muito imorais e tendo fraquezas humanas. Brigavam entre si, lutavam entre si, e até mesmo conspiravam umas contra as outras. Diz-se que Zeus, deus supremo dos gregos, destronou seu próprio pai, Cronos. Antes disso, o próprio Cronos depusera e até mesmo castrara seu pai Urano. Tanto Urano como Cronos são retratados como pais cruéis. Urano imediatamente escondia na terra a prole que lhe nascia de sua esposa Géia, nem permitindo que vissem a luz. Cronos, por outro lado, engoliu os filhos que lhe nasceram de Réia. Outras práticas atribuídas a certas deidades são adultério, fornicação, incesto, estupro, mentira, roubalheira, embriaguez e assassinato (tudo gente fina!).
Aqueles que incorriam no desfavor de um deus ou deusa são retratados como punidos na maneira mais cruel. Por exemplo, o sátiro Mársias, que desafiou o deus Apolo num concurso musical, foi preso por este ao tronco duma árvore e esfolado vivo. Diz-se que a deusa Ártemis transformou o caçador Acteão num cervo e então fez com que os próprios cães dele o devorassem, porque ele havia visto a nudez dela.
Naturalmente, alguns afirmam que estas narrativas mitológicas eram apenas imaginações de poetas. Mas, sobre isto escreveu Agostinho, do quarto século d.C.:
“Embora se diga em defesa deles que esses contos sobre os seus deuses não eram verdadeiros, mas apenas invenções poéticas, e ficções falsas, ora, isso o torna ainda mais abominável, se respeitares a pureza da tua religião: e se observares a malícia do diabo, acaso pode haver mais astúcia ou mais malícia enganosa? Pois, quando se calunia o governante honesto e digno dum país, não é a calúnia tanto mais iníqua e imperdoável, visto que a vida desta pessoa caluniada é mais clara e isenta do toque de quaisquer dessas coisas?”
(The City of God [A Cidade de Deus], Livro II, cap. IX)
Um exame dos deuses e das deusas da antiga Grécia revela os traços da influência babilônica. O professor George Rawlinson, da Universidade de Oxford, comentou:
“A notável semelhança entre o sistema caldeu e o da Mitologia Clássica parece merecer atenção especial. Esta semelhança é geral demais, e demasiado similar em alguns aspectos, para permitir a suposição de que a coincidência foi produzida por mero acaso. Nos Panteões da Grécia e de Roma, e no da Caldéia, pode-se reconhecer o mesmo agrupamento geral; não é incomum verificar-se a mesma sucessão genealógica; e, em alguns casos, até mesmo os nomes e títulos conhecidos das deidades clássicas admitem a mais curiosa ilustração e explicação de fontes caldéias. Dificilmente podemos duvidar de que, de um modo ou de outro, houve uma comunicação de crenças — uma transmissão em tempos bem primitivos, desde as margens do golfo Pérsico até as terras banhadas pelo Mediterrâneo, de noções e de idéias mitológicas.” — The Seven Great Monarchies of the Ancient Eastern World (As Sete Grandes Monarquias do Antigo Mundo Oriental), 1885, Vol. I, pp. 71, 72.
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