26 de maio de 2011

Rainha dos Céus

Novamente trago em minha postagem um tema relacionado a antigas deidades, desta vez venho falar da Rainha dos Céus, título que pode nos parecer familiar. Este, no entanto, era o título duma deusa adorada pelos israelitas - sim! pelos israelitas - por volta do 6º século a.C..
Embora estivessem envolvidas primariamente as mulheres, pelo visto a família toda participava de algum modo na adoração da Rainha dos Céus. As mulheres coziam bolos sacrificiais, os filhos ajuntavam a lenha e os pais acendiam as fogueiras. A adoração desta deusa exercia forte influência sobre os judeus e isto se reflete no fato de que aqueles que haviam fugido para o Egito após o assassinato do governador Gedalias atribuíram sua calamidade à negligência em oferecerem fumaça sacrificial e ofertas de bebida à Rainha dos Céus.
 
Acima representação moderna
 idealização da deusa Inanna

Deusa Inanna

Fui até lá de livre vontade
fui até lá com meu vestido mais lindo
minhas jóias mais preciosas
e minha coroa de Rainha do Céu
no inferno
diante de cada um dos sete portões
fui desnuda sete vezes
de tudo o que pensava ser
até que fiquei nua daquilo que de fato sou
então eu a vi
ela era enorme e escura e peluda e cheirava mal
tinha cabeça de leoa
e patas de leoa
e devorava tudo que estivesse a sua frente
Ereshkigal, minha irmã
ela é tudo o que eu não sou
tudo o que eu escondi
tudo o que eu enterrei
ela é o que  eu neguei
Ereshkigal, minha irmã
Ereshkigal, minha sombra
Ereshikigal, meu eu

Texto e imagem reproduzidos de:
sagrado-feminino.blogspot.com


§§§§§§§§§§§§


Fragmentos de poemas dedicados a Inanna

" (...) Eu sou o braço do guerreiro,
a flecha que traspassa o inimigo (...)"

[...]

"(Vós) ... Que estais coberta com o seu sangue,
Que rondais tempestuosamente as grandes batalhas,
Que pisais os escudos,
Que provocais a chuva-enchente,
Grande rainha Inanna experiente em planejar o ataque"

Texto reproduzido de:
http://dragaosumeriano.blogspot.com/
Sugere-se que essa deusa deva ser identificada com a deusa sumeriana da fertilidade Inana, a Istar babilônica. O nome Inana significa literalmente “Rainha do Céu”. Istar, a deusa babilônica correspondente, era qualificada nos textos acadianos com os epítetos “rainha dos céus” e “rainha dos céus e das estrelas”.

Pelo visto, a adoração de Istar propagou-se para outros países. Numa das Tabuinhas de Amarna, escrevendo a Amenófis III, Tushratta menciona “Istar, senhora do céu”.
A menção à Rainha dos Céus, porém, não para por aí, por exemplo: no Egito, certa inscrição do Rei Horemheb, que segundo se crê reinou no século 14 a.C., menciona "Astarte [Istar], senhora do céu", outro fragmento desta vez duma estela encontrada em Mênfis, do reinado de Memepta, rei egípcio de aproximadamente o século 13 a.C., representa Astarte, senhora do céu." No período persa, em Siene (na moderna Assuã), Astarte foi apelidada de "a Rainha dos Céus".

(Epiphanius) Epifânio de Salamina

A adoração da Rainha dos Céus chegou até o quarto século d.C. Por volta de 357 d.C.,
Epifânio declarou o seguinte em seu tratado
Panarion (79, 1, 7):

"Algumas mulheres decoram uma espécie de
carro ou banco de quatro cantos e, depois
de estiarem sobre ele uma toalha de linho,
num certo dia festivo do ano, colocam em
frente dele um pão durante alguns dias e o
oferecem em nome de Maria. Então, todas as
mulheres partilham deste pão.".





Epifânio (79, 8, 1, 2) relacionou tais práticas com a adoração da “rainha dos céus” apresentada em Jeremias (profeta bíblico). — Epiphanius (Epifânio), editado por Karl Holl, Leipzig, 1933, Vol. 3, pp. 476, 482, 483.


23 de maio de 2011

Nergal o Violento rei Enraivecido

Nergal foi uma Deidade babilônica, especialmente adorada em Cuta, cidade que, segundo a história, era dedicada a Nergal. O povo de Cute (Cuta), que o rei da Assíria estabeleceu no território de Samaria, continuou a adorar esta deidade. Alguns peritos sugerem que Nergal originalmente estava associado com o fogo e o calor do sol, e que, mais tarde, ele passou a ser considerado deus da guerra e da caça, bem como causador de pestilência. Os apelidos aplicados a Nergal em textos religiosos indicam que, basicamente, era encarado como destruidor. Ele é chamado de “o rei enraivecido”, “o violento” e “aquele que queima”. Nergal passou também a ser considerado o deus do mundo subterrâneo e consorte de Eresquigal.


 Pensa-se que o leão de cabeça humana e de asas tenha
sido o emblema de Nergal. 
 

22 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 8ª Parte - Deidades Romanas

Saturno Devorando Seus Filhos
Francisco de Goya
Com o passar do tempo, os principais deuses gregos introduziram-se no panteão romano, embora conhecidos por outros nomes. Também, deidades de ainda outros países foram adotadas pelos romanos, incluindo a persa Mitra cujo aniversário era celebrado, curiosamente, em 25 de dezembro - lembra alguma data importante atual? A festa do Dies Natalis Solis Invicti (Aniversário Natalício do Sol Invencível) também acontecia nessa época. "... Esse dia", Segundo a Encyclopaedia Britânnica, "era um feriado popular no império romano que celebrava o solstício de inverno, simbolizando o retorno do Sol, o fim do inverno e a proclamação da primavera e do verão."  

A deusa frígia da fertilidade, Cibele, e a egípcia Ísis também foram adotadas, estas duas últimas sendo identificadas com a babilônica Istar. Também, os próprios imperadores romanos eram deificados. Por exemplo, o livro Imperial Rome chama Otaviano de "o maior dos muitos imperadores de Roma", afirmando que os "romanos o chamavam de Augusto, que signigica 'o reverenciado', e os provincianos o saudavam como deus". Como que a confirmar tais opiniões, Augusto mandou fazer anéis de sinete que estampavam seu perfil e o de Alexandre, seu predecessor. Augusto foi, mais tarde, deificado pelo senado romano, e foram construídos santuários em sua honra, por todo o império.
Saturno era adorado por ter dado a Roma uma era áurea. As saturnais, originalmente uma festa de um dia em sua honra, foram mais tarde prolongadas para uma celebração de sete dias, na última parte de dezembro. O evento era marcado por uma grande orgia. Eram trocados presentes, tais como frutas de cera e velas, e as crianças, em especial, eram presenteadas com bonecas de barro. Durante a festividade, nenhuma punição era aplicada. As escolas e os tribunais tinham feriado; até mesmo as operações de guerra eram suspensas. Os escravos trocavam de lugar com os seus amos e lhes era permitido falar o que quisessem, sem necessidade de temerem castigo.

A Herança Etrusca de Roma
Bacanal em Andros, Tiziano Vecellio

O tema das bacanais já foi fonte de inspiração pa-
ra diversos artistas desde pintores tal como
Tiziano Vecellio o autor do quadro acima,
que retrata a comemoração em honra ao
deus do vinho, Baco ou Dionísio,
até escritores como o
poeta
brasi-
leiro
autor
 do po-
ema
Visões da Noite.
Luís NicolauFagundes Varela

Que vai buscar, desta vez nas 'Saturnais' a inspiração indireta
 para compor a dor que ele descreve em seu texto.

Visões da Noite

 Passai, tristes fantasmas! O que é feito
Das mulheres que amei, gentis e puras?
Umas devoram negras amarguras,
Repousam outras em marmóreo leito!

Outras no encalço de fatal proveito
Buscam à noite as saturnais escuras,
Onde, empenhando as murchas formosuras,
Ao demônio do ouro rendem preito!

Todas sem mais amor! sem mais paixões!
Mais uma fibra trêmula e sentida!
Mais um leve calor nos corações!

Pálidas sombras de ilusão perdida,
Minh'alma está deserta de emoções,
Passai, passai, não me poupeis a vida!
A religião dos romanos foi grandemente influenciada pelos etruscos, um povo que em geral se pensa ter vindo da Ásia Menor, o que hoje corresponderia, aproximadamente, à região da Turquia. A prática da adivinhação liga definitivamente a religião dos etruscos à dos babilônios. Por exemplo, os modelos de fígados de barro usados para adivinhação, encontrados na Mesopotâmia, são parecidos ao modelo de um fígado de bronze encontrado em Piacenza, na província de Emília-Romagna, Itália.

O trecho reproduzido abaixo eu retirei de outra postagem minha; A Hepatoscopia e a astrologia e mostra um pouco desta herança babilônica.

'A prática de ‘examinar o fígado’ (hepatoscopia) parece ter sido um aspecto especial da astrologia. Numa escola-templo de Babilônia foi encontrado um modelo de argila dum fígado que remonta ao tempo de Hamurábi. Um lado dele estava dividido em áreas representativas do “dia” e da “noite”. A beirada estava dividida em 16 partes, tendo-se dado a cada seção os nomes correspondentes das deidades dos céus. Portanto, assim como este ramo de vaticínio dividia o céu de maneira puramente imaginária, assim dividiam de modo similar o fígado de suas vítimas sacrificiais.'.

Por este motivo, quando os romanos adotaram as deidades etruscas, eles estavam, na realidade, recebendo uma herança cultural babilônica. A tríade romana de Júpiter (o deus supremo, deus do céu e da luz), Juno (a consorte de Júpiter, considerada como presidindo aos assuntos de interesse especial para as mulheres) e Minerva (deusa que presidia a todas as artes e ofícios), corresponde aos etruscos Tínia, Uni e Menrva.








21 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 7ª Parte - Deidades Gregas


A cultura grega bem como em menor grau, sua religião, influenciaram muito a sociedade ocidental, porém, a própria cultura grega sofreu também contribuições de outros povos. um exemplo disso; a declaração bíblica a respeito da "semente", ou "descendente", talvez possa ser percebida nos contos mitológicos que falam de o deus Apolo matar a serpente Píton, e de o infante Hércules (filho de Zeus e de uma mulher terrena, Alcmena) esganar duas serpentes. Novamente nos confrontamos com o conhecido tema de um deus que morre e em seguida é trazido de volta à vida. 

Adônis, de James Northcote

"... De acordo com a tradição, o nascimento de adônis
foi fruto de relações incestuosa entre Smirna (Mirra)
e seu pai Téias, rei da Assíria, que enganado pela
filha, com ela se deitou. Percebendo depois a trama,
Téias quis matá-la, e Mirra pediu ajuda aos deuses,
que a transformaram então na árvore que tem seu no-
me. Da casca dessa árvore nasceu Adônis. "

filosofandoehistoriando.blogspot.com

Anualmente era comemorada a morte violenta de Adônis e o retorno dele à vida; eram principalmente mulheres que choravam sua morte e que conduziam imagens do seu corpo como numa procissão fúnebre, e mais tarde as atiravam no mar ou em fontes de água. Outra deidade, cuja morte violenta e retorno à vida costumavam ser celebrados pelos gregos, era Dioniso, ou Baco; ele, como Adônis, tem sido identificado com o babilônico Tamuz.

Os relatos mitológicos fazem os deuses e deusas gregos parecer bem semelhantes a homens e mulheres. Embora se imaginasse os deuses de tamanho muito maior, e como ultrapassando os homens em beleza e força, seus corpos eram retratados como corpos humanos. Visto que nas suas veias supostamente fluía “icor”, em vez de sangue, achava-se que os corpos das deidades eram incorruptíveis - aliás, aí vale uma observação pessoal, a incorruptibilidade dos corpos seria algo polêmico na Idade Média e épocas posteriores e freqüêntemente associada ao vampirismo. Não obstante, cria-se que homens, por meio das suas armas, podiam realmente infligir feridas dolorosas aos deuses. Todavia, dizia-se que as feridas sempre saravam e que os deuses permaneciam jovens.



Ártemis com o cervo Acteão
Acima uma Representação contemporânea 
da deusa grega.

Hino Para Ártemis de Virgílio (adaptado)

"Amada Deusa arqueira, Senhora da caça e dos animais
selvagens, que vigias no céu estrelado quando o Sol está
adormecido, cuja testa é adornada pelo crescente lunar,
que habitas nas florestas escuras com teu séquito de
ninfas, a ti Senhora e mãe, que eu invoco para me
fortalecer e proteger, ao longo da minha vida
como mulher ..."

sagrado-feminino.blogspot.com
(A Alta Sacerdotisa)

Na maior parte, as deidades dos gregos eram retratadas como muito imorais e tendo fraquezas humanas. Brigavam entre si, lutavam entre si, e até mesmo conspiravam umas contra as outras. Diz-se que Zeus, deus supremo dos gregos, destronou seu próprio pai, Cronos. Antes disso, o próprio Cronos depusera e até mesmo castrara seu pai Urano. Tanto Urano como Cronos são retratados como pais cruéis. Urano imediatamente escondia na terra a prole que lhe nascia de sua esposa Géia, nem permitindo que vissem a luz. Cronos, por outro lado, engoliu os filhos que lhe nasceram de Réia. Outras práticas atribuídas a certas deidades são adultério, fornicação, incesto, estupro, mentira, roubalheira, embriaguez e assassinato (tudo gente fina!).


Aqueles que incorriam no desfavor de um deus ou deusa são retratados como punidos na maneira mais cruel. Por exemplo, o sátiro Mársias, que desafiou o deus Apolo num concurso musical, foi preso por este ao tronco duma árvore e esfolado vivo. Diz-se que a deusa Ártemis transformou o caçador Acteão num cervo e então fez com que os próprios cães dele o devorassem, porque ele havia visto a nudez dela.


Naturalmente, alguns afirmam que estas narrativas mitológicas eram apenas imaginações de poetas. Mas, sobre isto escreveu Agostinho, do quarto século d.C.:

“Embora se diga em defesa deles que esses contos sobre os seus deuses não eram verdadeiros, mas apenas invenções poéticas, e ficções falsas, ora, isso o torna ainda mais abominável, se respeitares a pureza da tua religião: e se observares a malícia do diabo, acaso pode haver mais astúcia ou mais malícia enganosa? Pois, quando se calunia o governante honesto e digno dum país, não é a calúnia tanto mais iníqua e imperdoável, visto que a vida desta pessoa caluniada é mais clara e isenta do toque de quaisquer dessas coisas?”

(The City of God [A Cidade de Deus], Livro II, cap. IX)

Um exame dos deuses e das deusas da antiga Grécia revela os traços da influência babilônica. O professor George Rawlinson, da Universidade de Oxford, comentou:
“A notável semelhança entre o sistema caldeu e o da Mitologia Clássica parece merecer atenção especial. Esta semelhança é geral demais, e demasiado similar em alguns aspectos, para permitir a suposição de que a coincidência foi produzida por mero acaso. Nos Panteões da Grécia e de Roma, e no da Caldéia, pode-se reconhecer o mesmo agrupamento geral; não é incomum verificar-se a mesma sucessão genealógica; e, em alguns casos, até mesmo os nomes e títulos conhecidos das deidades clássicas admitem a mais curiosa ilustração e explicação de fontes caldéias. Dificilmente podemos duvidar de que, de um modo ou de outro, houve uma comunicação de crenças — uma transmissão em tempos bem primitivos, desde as margens do golfo Pérsico até as terras banhadas pelo Mediterrâneo, de noções e de idéias mitológicas.” — The Seven Great Monarchies of the Ancient Eastern World (As Sete Grandes Monarquias do Antigo Mundo Oriental), 1885, Vol. I, pp. 71, 72.

Próxima postagem: As Origens dos Deuses 8ª parte - Deidades Romanas

20 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 6ª Parte - Deidades da Medo-Pérsia

Representação do deus Ahura-mazda

Um aspecto característico do zoroastrismo é o dualismo, isto é, a crença em dois seres divinos independentes, um bom e o outro mau. Ahura-mazda era considerado criador de todas as coisas boas, ao passo que Angra-Mainyu era considerado o criador de tudo o que é mau. Pensava-se que este último pudesse provocar terremotos, tempestades, doença e morte, bem como instigar tumultos e a guerra. Acreditava-se que espíritos inferiores ajudavam a esses dois deuses a se desincumbirem de suas funções.
O símbolo do deus Ahura-mazda era bem parecido à representação do assírio Assur, a saber, um círculo alado, do qual, às vezes, emergia um homem barbudo com o rabo vertical duma ave.

Ahura-mazda talvez figurasse numa tríade. Isto é sugerido pelo fato de que Artaxerxes Mnemon invocou a proteção de Ahura-mazda, Anaíta (deusa da água e da fertilidade) e Mitra (deus da luz), e que atribuiu a reconstrução da Sala das Colunas em Susa à graça dessas três deidades.

Diversos peritos relacionam Anaíta com a Istar babilônica. O autor E. O. James observa no seu livro The Cult of the Mother-Goddess (O Culto da Deusa-Mãe; 1959, p. 94):

"Ela era adorada como ‘a Grande Deusa cujo nome é Dama’, a ‘todo-poderosa imaculada’, purificando ‘o sêmen dos machos, e o ventre e o leite das fêmeas’. . . . Ela era, de fato, o equivalente iraniano da Anate síria, da Nana-Istar babilônica, da deusa hitita de Comana, e da Afrodite grega.”

Segundo o historiador grego Heródoto (I, 131), os persas adoravam também os elementos naturais e os corpos celestes. Ele escreve: “Quanto aos usos dos persas, sei dos seguintes. Não costumam construir e erguer estátuas, nem templos, nem altares, mas consideram insensatos os que os constroem, e isso, suponho, porque nunca acreditaram, como os gregos acreditam, terem os deuses forma humana; mas chamam todo o círculo dos céus de Zeus, e a ele oferecem sacrifícios nos picos mais altos das montanhas; fazem também sacrifícios ao sol, e à lua, e à terra, e ao fogo, e à água, e aos ventos. Estes são os únicos deuses aos quais têm oferecido sacrifícios desde o começo; aprenderam mais tarde, dos assírios e dos árabes, oferecer sacrifícios à Afrodite ‘celestial’. Ela é chamada pelos assírios de Milita, pelos árabes, de Alilat, pelos persas, de Mitra.”

O Zend-avesta, escritos zoroastristas sagrados, realmente contém orações ao fogo, à água e aos planetas, bem como à luz do sol, da lua e das estrelas. O fogo até mesmo é chamado de filho de Ahura-mazda.
Há indícios de que os reis do Império Medo-Persa eram zoroastristas. Embora não se possa provar nem refutar que Ciro, o Grande, tenha aderido aos ensinamentos de Zoroastro, desde a época de Dario I as inscrições dos monarcas repetidas vezes referem-se a Ahura-Mazda, a principal deidade do zoroastrismo. Dario I referiu-se a Ahura-mazda como criador do céu, da terra e do homem, e considerava este deus como aquele que lhe conferira sabedoria, destreza física e o reino.





Próxima postagem: As Origens dos Deuses 7ª parte - Deidades Gregas.

13 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 5ª Parte - Deidades Cananéias

O mais proeminente dos deuses cananeus, era Baal, o deus da fertilidade, deidade do céu, da chuva e da tempestade. Nos textos de Ras Xamra, Baal muitas vezes é chamado de filho de Dagon, embora se fale também de El como seu pai. Anate, irmã de Baal, aparece como referindo-se a El como seu pai, e este, por sua vez, chama-a de sua filha. Assim, provavelmente, Baal era considerado filho de El, embora pudesse também ter sido encarado como neto de El. Nos relatos mitológicos, descreve-se a Baal como atacando e vencendo a Iam, deus que presidia às águas e que parece ter sido o filho favorito ou amado de El. Mas, Baal é morto na sua luta com Mot, encarado como um filho de El e deus da morte e da aridez. De modo que Canaã, tal qual Babilônia, tinha seu deus que sofrera morte violenta e fora depois trazido de volta à vida.

Anate, Axerá e Astorete são as principais deusas mencionadas nos textos de Ras Xamra. Todavia, parece ter havido considerável coincidência nas funções dessas deusas. Na Síria, onde os textos de Ras Xamra foram achados, Anate talvez fosse considerada esposa de Baal, visto que ela, embora repetidas vezes mencionada como “donzela”, é apresentada como tendo relações sexuais com Baal. Além disso, foi dito que Anate teria tido setenta e sete filhos com ele, depois de terem copulado nas formas de vaca e touro. Em conexão com Baal, porém, outros registros mencionam apenas Astorete e o poste sagrado, ou Axerá. Assim, às vezes, Axerá, ou então Astorete, talvez fossem consideradas esposas de Baal.


Figura estilizada inspirada na deusa Anat.

Seu prazer em tal derramamento de san-
gue é refletido nas palavras: 

“O fígado dela incha de riso, o coração
dela enche-se de alegria.”

— Ancient Near Eastern Texts
(Textos Antigos do Oriente Próximo),
editado por J. Pritchard, 1974,
pp. 136, 137, 142, 152.
 Anate é descrita como a mais bonita das irmãs de Baal, mas como tendo um gênio extremamente violento. Ela é retratada como ameaçando esmagar o crânio de seu pai, El, fazer o cabelo grisalho dele jorrar sangue e sua barba grisalha ficar com sangue coagulante, se ele não acedesse aos desejos dela. Em outra ocasião, mostra-se Anate numa orgia de matança. Antes de Anate entrar na batalha se prepara pela própria unção com henna e âmbar, e vestia-se de açafrão (ouro) e vestuário (roxo) murex tingidas, sendo que ambos são notoriamente caros. Ela então começa a abater os inimigos de Baal, no oeste e leste. Rindo em alegria, ela vadeia de joelhos no sangue dos soldados, "para suas coxas no sangue de gurreiros rápidos". Quando o abate tiver sido concluído (e demora um pouco), então ela lava-se na água de chuva de seu irmão Baal, e novamente se adorna com âmbar.
Ela prendia cabeças nas suas costas, e mãos no seu cinto.
Algumas fontes indicam que o deus El era considerado o criador e soberano. Embora El parece ter ficado um tanto afastado dos assuntos terrestres, ele é repetidas vezes mostrado como contatado por outras divindades com solicitações. El é retratado como filho rebelde que destronou e castrou seu próprio pai, e também como tirano sanguinário, assassino e adúltero. Nos textos de Ras Xamra, El é mencionado como “pai touro” e é representado com cabelo e barba grisalhos. Sua consorte era Axerá, mencionada como progenitora dos deuses, ao passo que El é colocado no papel de progenitor dos deuses.

10 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 4ª Parte - Deidades Egípcias


Estátua representando Ísis
segurando seu filho Hórus
no colo. A imagem é semelhante
a de Maria carregando seu filho.
O tema, alíás é recorrente em di-
versas religiões e culturas.

Osíris era o mais popular dos deuses egípcios e era considerado filho do deus-terra, Geb, e da deusa-céu, Nut. Dizia-se que Osíris tornou-se marido de Ísis e reinou sobre o Egito. Os relatos mitológicos contam que Osíris foi assassinado pelo seu irmão, Set, e então trazido à vida, tornando-se o juiz e o rei dos mortos. O relacionamento entre Osíris e Ísis, e as respectivas características deles, correspondem notavelmente ao relacionamento e às características dos babilônios Tamuz e Istar. Assim, muitos peritos acham que eles são os mesmos.

A adoração de mãe e filho era muito popular no Egito. Ísis é muitas vezes retratada com o menino Hórus no colo. Esta figura, curiosamente é muito parecida com a da Madona (“Nossa Senhora”) e o filho. Com respeito ao deus Hórus, existe certa aproximação entre a promessa bíblica concernente ao descendente, ou semente (identificado como o Cristo), que havia de machucar a cabeça da serpente (logicamente Satanás), como descrito no livro bíblico de Gênesis. Hórus, às vezes, é retratado pisoteando crocodilos, e agarrando cobras e escorpiões. Segundo certo relato, quando Hórus passou a vingar a morte de seu pai Osíris, Set, que assassinara Osíris, transformou-se numa serpente.

Ankh egípcio

"... O Ankh foi adotado por diversas culturas.
 ... mesmo após a cristianização do povo egíp-
cio a partir do século III. Os egípcios conver-
tidos ficaram conhecidos como cristãos cóp-
ticos, e o Ankh manteve-se como um de seus
principais símbolos, chamado de Cruz Cóptica."

[...]

"Na cultura pop ele foi associado pela primei-
ra vez ao vampirismo e a cultura gótica atra-
vez do filme The Hunger - Fome de Viver
(1983), em que David Bowie e Catarine De-
neuve protagonizaram vampiros em busca de
sangue. Há uma cena em que a dupla, usando
Ankhs egípcios, está à espreita de suas presas
numa casa noturna ao som de Bela Lugosi is
Dead, do Bauhaus. Assim, elementos como a
figura do vampiro, o Ankh e a banda Bauhaus,
podem atuar num mesmo contexto; neste caso 
a subcultura gótica."

 spectrumgothic.com.br
Em esculturas e pinturas egípcias, o símbolo sagrado, a cruz ansata, aparece muitas vezes. Este chamado símbolo da vida assemelha-se à letra “T”, com uma asa oval na parte superior, e provavelmente representava os órgãos de reprodução masculino e feminino combinados. Muitas vezes as deidades egípcias são representadas segurando a cruz ansada. Um dos mais importantes símbolos da cultura egípcia. A Cruz Ansata consistia em um hieróglifo representando a regeneração e a vida eterna. A idéia expressa em sua simbologia é a do círculo da vida sobre a superfície da matéria inerte. Existe também a interpretação que faz uma analogia de seu formato ao homem, onde o círculo representa sua cabeça, o eixo horizontal os braços e o vertical o resto do corpo.

"O Ankh se popularizou no Brasil no início dos anos 70, quando Raul Seixas e Paulo Coelho (entre outros) criaram a Sociedade alternativa. o selo desta sociedade, possuía um Ankh adaptado com dois degraus na haste inferior, simbolizando os degraus da iniciação, ou a chave que abre todas as portas. Numa outra interpretação, representa o laço da sandália do peregrino, ou seja, aquele que quer caminhar, aprender a evoluir." -

spectrumgothic.com.br

Muitas eram as criaturas veneradas como sagradas pelos egípcios. Incluíam o abutre, o carneiro, o chacal, o crocodilo, o escaravelho, o escorpião, o falcão, o gato, o hipopótamo, o íbis, o leão, o lobo, a rã, a serpente, o touro e a vaca. Todavia, algumas delas eram sagradas em uma parte do Egito, mas não em outra, resultando isto, às vezes, até em irrompimento de guerras civis. Os animais não só eram sagrados para certos deuses, mas alguns deles eram até mesmo considerados como encarnação de um deus ou uma deusa. Por exemplo, o touro Ápis era considerado como a própria encarnação do deus Osíris, e também uma emanação do deus Ptá.

Segundo Heródoto (II, 65-67), quem matasse deliberadamente um animal sagrado era morto; se o animal fosse morto acidentalmente, os sacerdotes estipulavam uma multa. No entanto, quem matasse um íbis ou um gavião, quer intencionalmente quer não, era morto, usualmente às mãos duma turba enfurecida. Quando morria um gato, todos os da casa rapavam as sobrancelhas, ao passo que por ocasião da morte dum cão, rapavam o corpo inteiro. Animais sagrados eram mumificados e recebiam sepultamento suntuoso. Entre os animais mumificados foram encontrados o crocodilo, o falcão, o gato e o touro, para se mencionarem apenas alguns.

CURIOSIDADES SOBRE OS DEUSES

As narrativas mitológicas retratam as deidades egípcias com fraquezas e imperfeições humanas. Dizia-se delas que sentiam angústia e medo, e que repetidas vezes se viam em perigo. O deus Osíris foi morto. Hórus, na infância, supostamente sofria de dores internas, dores de cabeça e disenteria, e morreu duma picada de escorpião, mas diz-se que depois foi trazido de volta à vida. Cria-se que Ísis sofria dum abscesso no seio. Ensinava-se que, com o passar dos anos, a força do deus-sol Rá diminuía e que escorria saliva da sua boca. A própria vida dele estava em perigo depois de ter sido picado por uma serpente mágica, formada por Ísis, embora se restabelecesse em resultado de palavras mágicas de Ísis. Secmet, deusa que representava o poder destrutivo do sol, era representada como sanguinária. Ela se agradava tanto em matar homens, que se diz que Rá temia pelo futuro da raça humana.

Para salvar a humanidade do extermínio, Rá distribuiu 7.000 jarros duma mistura de cerveja com romã sobre o campo de batalha. Pensando tratar-se de sangue humano, Secmet bebeu-a avidamente, até ficar embriagada demais para continuar com sua matança. Diz-se que Néftis embriagou seu irmão Osíris, marido da sua irmã Ísis, e depois teve relações sexuais com ele. Os deuses-sol Tem e Hórus eram retratados como masturbadores. Os deuses e deusas adorados pelos egípcios evidenciam uma herança basicamente babilônica. Havia tríades de deidades e até mesmo tríades triplas, ou “enéades”. Uma das tríades populares consistia em Osíris, sua consorte Ísis e o filho deles, Hórus.

Próxima postagem - Deidades Cananéias

9 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 3ª Parte - As Deidades Babilônicas

Após a morte de Ninrode, os babilônios sem dúvida estavam propensos a tê-lo em alta estima qual fundador, construtor e primeiro rei da sua cidade, e como organizador do Império Babilônico original. Segundo a tradição, Ninrode sofreu morte violenta. Visto que o deus Marduque (Merodaque) era considerado como fundador de Babilônia, alguns têm sugerido que Marduque representa o deificado Ninrode. Todavia, as opiniões dos peritos divergem muito quanto à identificação de deidades com humanos específicos.


Acima placa com a iconografia da tríade Sin, Xamaxe (Shamash),
e Istar (Ishtar). Logo sobre a figura que se encontra sentada é pos-
sível observar três discos enfileirados, estes discos representam
a tríade babilônica.

Com o passar do tempo, os deuses do primeiro Império Babilônico começaram a se multiplicar. O panteão veio a ter numerosas tríades de deuses, ou deidades. Uma de tais tríades era composta de Anu (o deus do céu), Enlil (o deus da terra, do ar e da tempestade) e Ea (o deus que presidia as águas).

Outra tríade era composta do deus-lua, Sin, do deus-sol, Xamaxe, e da deusa de fertilidade, Istar (também associada a Astarte), amante ou consorte de Tamuz.

 



O símbolo do deus Sin
era uma lua em quarto
crescente

Os babilônios tinham até mesmo tríades de demônios, tais como a tríade de Labartu, Labasu e Akhkhazu. A adoração de corpos celestiais tornou-se proeminente, e diversos planetas vieram a ser associados a certas deidades. O planeta Júpiter foi identificado com o deus principal de Babilônia, Marduque; Vênus com Istar, deusa do amor e da fertilidade; Saturno com Ninurta, deus da guerra e da caça, e padroeiro da agricultura; Mercúrio com Nebo, deus da sabedoria e da agricultura; Marte com Nergal, deus da guerra e da pestilência, e senhor do além.


O símbolodo deus
Xamaxe (Shamash)
era o disco solar.
As cidades da antiga Babilônia passaram a ter as suas próprias divindades guardiãs especiais, algo parecido a “santos padroeiros”. Em Ur, era Sin; em Eridu, Ea; em Nipur, Enlil; em Cuta, Nergal; em Borsipa, Nebo, e na cidade de Babilônia, Marduque (Merodaque). Na época em que Hamurábi tornou Babilônia a capital do império babilônico, aumentou, naturalmente, a importância do deus favorito da cidade, Marduque. Por fim, Marduque recebeu os atributos de anteriores deuses e substituiu estes nos mitos babilônicos. Em períodos posteriores, seu nome próprio, “Marduque”, foi substituído pelo título “Belu” (“Dono”), de modo que finalmente passou a ser chamado de Bel (senhor). A esposa dele chamava-se Belit (“Senhora”, por excelência).

O símbolo de Istar
(Ishtar) era o dis-
co da estrela.

O quadro de deuses e deusas apresentado em antigos textos babilônicos refletem o homem mortal. Estes relatos dizem que as divindades nasciam, amavam, geravam filhos, lutavam e até morriam, assim como Tamuz. Diz-se que elas, aterrorizadas pelo Dilúvio, ‘agacharam-se como cães’. As deidades são também retratadas como cobiçosas, freqüentemente comendo como glutões e bebendo a ponto de ficar embriagadas. Tinham gênio furioso, e eram vingativas e suspeitosas umas das outras. Havia entre elas ódios amargos. Para ilustrar isso: Tiamat, decidida a destruir os outros deuses, foi vencida por Marduque, que a partiu ao meio, formando com uma metade o céu e usando a outra metade com relação ao estabelecimento da terra. Eresquigal, deusa do além e esposa de Nergal, mandou que Namtar, deus da pestilência, encarcerasse a irmã dela, Istar, e a afligisse com 60 misérias. 

As seguintes partes de uma oração dirigida a Bel for-
necem certa visão de como os babilônios encaravam
tal deus.

"Ó Bel, que não tem igual, quando irado.
Ó Bel, Rei excelente, senhor dos países,
Que torna amigáveis os grandes deuses,
Ó Bel, que faz cair os poderosos com seu relance,
Senhor dos reis, luz da humanidade, que divide as partes - "
"Quem (não fala) de ti, não fala do teu valor?
Quem não fala da tua glória, não glorifica a sua soberania?"

- Ancient Near Eastern Texts (Textos Antigos do Oriente Próximo),
de James B. Pritchard, p. 331.



Próxima postagem: As Origens dos Deuses 4ª Parte - Deidades Egípcias

8 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 2ª Parte - As Deidades Assírias

De modo geral, os deuses e as deusas assírios são idênticos às deidades babilônicas, como veremos na próxima postagen, No entanto, uma deidade, Assur, o deus principal, parece ter sido exclusivo do panteão assírio. Visto que a Assíria derivou seu nome de Assur, tem-se sugerido que este deus, na realidade, seja o filho de Sem, chamado Assur, deificado por praticantes da antiga adoração. 





Imagem de realização contemporânea representando a derrota do
rei Senaqueribe.
(www.templodeapolo.net)
Dessemelhante do Marduque babilônico, que também era adorado na Assíria, mas cuja sede de adoração sempre permaneceu na cidade de Babilônia, a sede da adoração de Assur mudava conforme os reis da Assíria passavam a fixar residência oficial em outras cidades. Também, construíram-se santuários de Assur em diversos lugares da Assíria. Um estandarte militar era símbolo primário de Assur, e era levado para o grosso da batalha. O círculo ou disco alado, do qual freqüentemente emerge um homem barbudo, representava o deus Assur. Às vezes mostra-se a figura humana segurando um arco, ou no ato de atirar uma flecha. Outra representação de Assur sugere o conceito duma tríade. Além da figura central emergindo do círculo, mostram-se duas cabeças humanas por cima das asas, uma de cada lado da figura central. Mas não apenas Assur era adorado na Assíria. Como se pode imaginar outros deuses teriam grande importância na Assíria entre eles, Nisroque que foi a deidade adorada por Senaqueribe, que fora rei da Assíria. Diversos peritos sugerem identificar Nisroque com o deus do fogo Nuscu, que de acordo com a crença da época ajudava na derrota dos inimigos no campo de batalha, era mensageiro dos deuses e dispensador da justiça. Todavia, não é possível identificar agora Nisroque com nenhuma deidade assíria conhecida. Curiosamente Nisroque não foi capaz de salvar a vida de Senaqueribe que morreria assassinado pelos seus próprios filhos, Adrameleque e Sarezer no templo daquele deus.

Gravura - Senaqueribe e a
batalha de Lakish.
(www.templodeapolo.net)
A crueldade, aliás, parecia fazer parte da vida cotidiana dos assírios segundo relatos que chegaram até os nossos dias eles eram extremamente violentos com seus prisioneiros queimando-os vivos após uma sessão de mutilação. Cortavam-lhe as mãos, pés, orelhas, faziam pirâmides com seus crânios. Em uma de suas batalhas, um rei assírio, levou cativos 14 mil homens como prisioneiros de guerra e apenas para se previnir contra revoltas, deu ordem ao seu exército que vazassem os olhos de todos os presos.

No entanto poucos relatos são mais assustadores do que aquele em que um rei inimigo cercado pelos exércitos assírios, resolveu fazer um acordo com o monarca assírio tentando preservar a vida de seus súditos, o trato consistia na sua rendição desde não houvesse derramamento de sangue, O acordo foi cumprido por ambas as partes. Os assíros conquistaram o território do inimigo.
E o inimigo... foi enterrado vivo!

No ano de 632 a.C. a capital da Assíria, Nínive seria destruída.


Fontes: Arquivos pessoais;

http://povosdaantiguidade.blogspot.com/2008/07/civilizao-assria-antigo-ashur-ou-assur.html


Próximo post: AS DEIDADES BABILÔNICAS

2 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 1ª Parte - Uma Teoria

Durante minhas pesquisas, tanto na internet como em arquivos pessoais, me deparei com o tema desenvolvido nesta série de postagens. Embora os textos utilizados possam parecer recentes peço aos leitores que compreendam que em diversas ocasiões nas obras citadas determinados conceitos podem estar - e em alguns casos provavelmente estão - fora do contexto acadêmico atual, mas ainda assim julguei importante a menção destes textos nesta série de postagens. Portanto, tenham uma boa leitura!

Origem dos Deuses.
Dificilmente podem-se atribuir ao acaso as notáveis similaridades prontamente observáveis quando se comparam os deuses e as deusas dos povos antigos. Concernente a isto, J. Garnier escreveu o seguinte:

“Não apenas os egípcios, os caldeus, os fenícios, os gregos e os romanos, mas também os hindus, os budistas da China e do Tibete, os godos, os anglo-saxões, os druidas, os mexicanos e os peruanos, os aborígines da Austrália e até mesmo os selvagens das ilhas dos Mares do Sul, devem todos ter derivado suas idéias religiosas de uma fonte comum e de um centro comum. Em toda a parte deparamo-nos com as mais surpreendentes coincidências nos rituais, nas cerimônias, nos costumes, nas tradições, e nos nomes e nas relações de seus respectivos deuses e deusas.” — The Worship of the Dead (A Adoração dos Mortos), Londres, 1904, p. 3.

Escavações feitas na antiga cidade de Babilônia e em torno dela reve-
laram os sítios de diversos zigurates, ou torres-templos piramidais, es-
calonados, inclusive o templo de Etemenanki, dentro dos muros de Ba-
bilônia. Registros e inscrições encontrados a respeito de tais templos
freqüentemente contêm as palavras: "Seu topo atingirá os céus", e o
Rei Nabucodonosor é registrado como dizendo: Ergui o topo da torre
escalonada em Etemenanki, de modo que seu topo rivalizasse com os
céus." Um fragmento encontrado ao norte do templo de Marduque, em
Babilônia, relatou a queda de tal zigurate, nas seguintes palavras: A
construção deste templo ofendeu os deuses. Numa noite derrubaram o
que haviam construído. Espalharam-nos por toda parte, e tornaram
estranha a sua linguagem. Impediram seu progresso."
(Bible and Spade [Bíblia e Pá], de S. L. Caiger, 1938, p. 29)
Para aqueles que creêm a evidência das Escrituras bíblicas aponta para a terra de Sinear como o berço pós-diluviano de diversos conceitos religiosos. Sob a direção de Ninrode, começou a construção da cidade de Babel e da sua torre, provavelmente um zigurate a ser usado nos ritos de adoração. Empreendeu-se este projeto de construção para a autoglorificação dos construtores, que desejavam fazer para si mesmos um “nome célebre”. De acordo com a crença popular baseada nas tradições bíblicas o Todo-poderoso teria frustrado os planos desses construtores por confundir a língua deles. Não mais podendo entender-se, gradualmente desistiram de construir a cidade e se dispersaram. No entanto, Ninrode aparentemente ficou em Babel e expandiu o seu domínio, fundando o primeiro Império Babilônico.

Quanto aos povos dispersos, para onde quer que tenham ido teriam levado junto a sua religião, que seria praticada sob novos termos, na nova língua deles e em novos lugares. O povo teria sido disperso nos dias de Pelegue, que teria nascido cerca de um século após o Dilúvio e morrido à idade de 239 anos. Visto que tanto Noé como seu filho Sem sobreviveram a Pelegue, a dispersão ocorreu numa época em que eram conhecidos os fatos a respeito de acontecimentos anteriores, tais como o Dilúvio. Este conhecimento, sem dúvida, perdurava em alguma forma na memória do povo disperso. Isto é indicado pelo fato de que as mitologias dos antigos refletem várias partes do registro bíblico, porém, de forma distorcida e politeísta. As lendas descrevem certos deuses como matadores de serpentes; também, as religiões de muitos povos antigos incluíam a adoração de um deus colocado no papel de benfeitor, que sofre morte violenta na terra e é então trazido de volta à vida. Isto talvez sugira que tal deus era, na realidade, um humano deificado, erroneamente considerado como o ‘descendente [semente] prometido’. Os mitos falam a respeito de casos amorosos entre deuses e mulheres terrenas, e dos feitos heróicos de sua descendência híbrida. Dificilmente existe uma nação na terra que não tenha uma lenda a respeito dum dilúvio global, e, nas lendas da humanidade, são também encontrados vestígios do relato da construção da torre.

A evidência derivada de escavações e de textos antigos indica a existência de mais de 50 templos. O principal deus da cidade imperial era Marduque, chamado Merodaque na Bíblia. Sugeriu-se que Ninrode fora deificado como Marduque, mas as opiniões dos peritos variam quanto à identificação de deuses com humanos específicos. Na religião babilônica também se destacavam tríades de divindades. Uma delas, composta de dois deuses e uma deusa, era Sin (o deus-lua), Xamaxe ou Samas (o deus-sol), e Istar; dizia-se que estes eram os governantes do zodíaco. E ainda outra tríade era composta dos diabos Labartu, Labasu e Accazu. Além disto os babilônios acreditavam na imortalidade da alma humana e teriam desenvolvido a astrologia no empenho de descobrir o futuro do homem nas estrelas. A feitiçaria e a astrologia desempenhavam um papel destacado na religião deles. Muitos corpos celestes, por exemplo, planetas, receberam nomes de deuses babilônios. A adivinhação continuava a ser um dos componentes básicos da religião babilônica nos dias de Nabucodonosor, que a usava para tomar decisões. 


Na 
próxima postagem: AS ORIGENS DOS DEUSES 2ª PARTE - AS DEIDADES ASSÍRIAS