27 de outubro de 2010

Salvator Rosa

Outro dia lendo um dos contos de Howard Phillips Lovecraft me deparei com a seguinte frase:
"Por cima de tudo, pairava uma névoa de intranqüilidade e opressão; um toque irreal e grotesco, como se um elemento vital da perspectiva ou do claro-escuro estivesse fora do lugar. Não me surpreendi de que os forasteiros não quisessem ficar; não era uma região para dormir. Parecia demasiadamente com uma paisagem de Salvator Rosa, ou com uma xilogravura proibida de um conto de terror."
Do trecho acima há um nome que me levou a fazer uma pequena pesquisa. O nome em questão é o de Salvator Rosa. Salvator Rosa foi um Pintor barroco italiano da escola napolitana e gravador a água forte (uma técnica de pintura) lembrado por suas selvagemente românticas e sublimes paisagens, pinturas marinhas, e imagens de batalha. Ele também era poeta, humorista, ator e músico.

Rosa estudou pintura em Nápoles, provavelmente sob a influência do pintor e gravador espanhol José de Ribera. Rosa foi a Roma em 1635 para estudar, mas logo ele contrairia malária. Ele voltou a Nápoles, onde pintou numerosas batalhas e fotos marinhas e desenvolveu o seu estilo peculiar de paisagem - pitorescamente cenas selvagens da natureza com os pastores, marinheiros, soldados ou bandidos - tudo impregnado de uma qualidade poética romântica.

Sua reputação como pintor precederia seu retorno a Roma em 1639. Já famoso como artista, ele também se tornou um popular ator cômico. Durante o Carnaval de 1639 ele precipitadamente satirizou o famoso arquiteto e escultor Gian Lorenzo Bernini, deste modo ele obteve um poderoso inimigo. Durante alguns anos depois do ocorrido o ambiente de Florença era mais confortável para ele do que a de Roma. Em Florença, ele gozava do patrocínio do cardeal Carlo Giovanni de Medici. A própria casa de Rosa se tornou o centro de um círculo literário, musical e artístico; chamou-a Accademia dei Percossi. Em 1649 ele voltou e se instalou definitivamente em Roma. Rosa, que havia considerado suas paisagens mais como lazer do que como arte séria, agora voltado amplamente à pintura religiosa e histórica. Em 1660, ele começou a gravar e completou uma série de impressões bem sucedidas. Suas sátiras foram publicadas postumamente em 1710.






24 de outubro de 2010

Howard Phillips Lovecraft

Howard Phillips Lovecraft nasceu às 9 da manhã do dia 20 de agosto de 1890, na casa de sua família, no número 454 (na época, 194) da Angell Street, em Providence, Rhode Island. Sua mãe era Sarah Susan Phillips Lovecraft, cuja ancestralidade ascendia à chegada de George Phillips a Massachusetts, em 1630. Seu pai era Winfield Scott Lovecraft, vendedor ambulante da Gorham & Co., Silversmiths, de Providence. Quando Lovecraft tinha três anos, seu pai sofreu um colapso nervoso num quarto de hotel em Chicago e foi trazido de volta para o Butler Hospital, onde permaneceu por cinco anos até morrer em 19 de julho de 1898. Aparentemente, Lovecraft aprendeu que seu pai esteve paralisado e em coma durante esse período, mas as evidências sugerem que não foi isso que aconteceu. É quase certo que o pai de Lovecraft morreu de paresia, causada pela sífilis.


Com a morte do pai, a responsabilidade de criar o filho recaiu sobre a mãe, duas tias e, em especial, sobre seu avô, o proeminente industrial Whipple Van Buren Phillips. Lovecraft foi uma criança precoce: aos dois anos já recitava poesia e aos três já lia. Foi nessa época que adaptou o pseudônimo de Abdul Alhazred, que mais tarde se tornaria o autor do mítico Necronômicon.

No ano seguinte, porém, seu interesse por assuntos árabes foi eclipsado pela descoberta da mitologia grega, colhida na Age of Fable de Thomas Bulfinch e em versões para crianças da Ilíada e da Odisséia. Com efeito, o mais antigo de seus escritos que se conhece, “O poema de Ulisses” (1897), é uma paráfrase da Odisséia em 88 versos com rimas internas. Mas Lovecraft, por esse tempo, já havia descoberto a ficção fantástica, e sua primeira história – “The Noble Eavesdropper” (O nobre mexeriqueiro) –, que não chegou até nós, parece remontar a 1896. Seu interesse pelo fantástico proveio de seu avô, que entretinha Lovecraft com histórias improvisadas, à maneira gótica.

Enquanto menino, Lovecraft foi um tanto solitário e sofreu de doenças freqüentes, muitas, aparentemente, de natureza psicológica. Freqüentou de maneira esporádica a Slater Avenue School, mas encharcou-se de informações por meio de leituras independentes. Por volta dos oito anos, descobriu a ciência, primeiro a química, depois a astronomia. Passou a produzir jornais em hectógrafo – The Scientific Gazette (A Gazeta Científica) e The Rhode Island Journal of Astronomy (Folha de Astronomia de Rhode Island) –, para serem distribuídos entre amigos. Quando foi para a Hope Street High School (nível colegial), encontrou afinidade e encorajamento tanto nos professores quanto nos colegas e desenvolveu várias amizades bastante duradouras com rapazes da sua idade. A estréia de Lovecraft em letra impressa ocorreu 1906, quando enviou uma carta tratando de assunto astronômico ao Providence Sunday Journal. Pouco depois, começou a escrever uma coluna mensal de astronomia para o Pawtuxet Valley Gleaner, um jornalzinho rural. Mais tarde escreveu colunas para o Providence Tribune (1906-8) e o Providence Evening News (1914-1918), bem como para o Asheville (N. C.) Gazette-News (1915).


Em 1904, a morte do avô de Lovecraft e a subseqüente dilapidação de seu patrimônio e negócio mergulharam a família em sérias dificuldades. Lovecraft e sua mãe se viram forçados a abandonar a glória de seu lar vitoriano para morar numa residência apertada, no número 598 da Angell Street. Lovecraft ficou arrasado com a perda do lar natal. Aparentemente, ele teria pensado em suicídio, enquanto passeava de bicicleta e contemplava as profundezas escuras do rio Barrington.

Mas o gosto de aprender baniu esses pensamentos. Em 1908, porém, pouco antes de sua formatura no colégio, sofreu um colapso nervoso que o obrigou a deixar a escola sem receber o diploma. Esse fato e o conseqüente fracasso em tentar entrar para a Brown University sempre o envergonharam nos anos posteriores, não obstante ter sido ele um dos autodidatas mais formidáveis de seu tempo. Entre 1908 e 1913, Lovrecraft viveu praticamente como um eremita, dedicando-se quase só aos seus interesses astronômicos e a escrever poesia. Ao longo de todo esse período, Lovecraft se envolveu numa relação fechada e pouco saudável com a mãe, que ainda sofria com o trauma da doença e morte do marido e que desenvolveu uma relação patológica de amor-ódio com o filho.

Lovecraft emergiu de seu eremitério de maneira bastante peculiar. Tendo começado a ler os primeiros magazines pulp de sua época, ficou tão irritado com as insípidas histórias de amor de um certo Fred Jackson, no Argosy, que escreveu uma carta em versos, atacando Jackson. A carta foi publicada em 1913, suscitando uma tempestade de protestos por parte dos defensores de Jackson. Lovecraft se meteu num debate acalorado na coluna de cartas do Argosy e dos magazines congêneres, aparecendo as suas respostas quase sempre em dísticos heróicos e humorísticos, descendentes de Dryden e Pope. A controvérsia foi notada por Edward F. Daas, presidente da United Amateur Press Association (Associação Unida de Imprensa Amadora, UAPA), um grupo de escritores amadores de todo o país que escreviam e publicavam os seus próprios magazines. Daas convidou Lovecraft a se juntar à UAPA, e Lovecraft fez isso nos começos de 1914. Lovecraft publicou treze edições de seu próprio periódico, The Conservative (O conservador, 1915-23), e também enviou volumosas contribuições de poesia e ensaios para outros jornais. Mais tarde, tornou-se presidente e editor oficial da UAPA, atuando ainda, por breve período, como presidente da rival National Amateur Press Association (Associação Nacional de Imprensa Amadora, NAPA). Essas experiências podem ter salvado Lovecraft de uma vida de reclusão improdutiva; como ele mesmo disse certa vez: “Em 1914, quando a mão amigável do amadorismo se estendeu para mim, eu estava tão próximo do estado de vegetação quanto qualquer animal... Com o advento da [Associação] Unida, ganhei uma renovação de vida, um senso renovado da existência como sendo algo mais que um peso supérfluo, e encontrei uma esfera na qual podia sentir que meus esforços não eram totalmente fúteis. Pela primeira vez, pude imaginar que minhas investidas desajeitadas no campo da arte eram um pouco mais do que gritos débeis perdidos no mundo indiferente.”

Foi no universo amador que Lovecraft recomeçou a escrever sua ficção, abandonada em 1908. W. Paul Cook e outros, percebendo as promessas dessas primeiras histórias, tais como The beast in the cave (A besta na caverna, 1905) ou The alchemist (O alquimista, 1908), instaram Lovecraft a retomar a pena. E foi o que Lovecraft fez, escrevendo, num jorro, The tomb (A tumba) e Dagon no verão de 1917. Depois, Lovecraft manteve um constante, porém esparso, fluxo de ficção, embora até pelo menos 1922 a poesia e os ensaios ainda fossem os seus modos predominantes de expressão. Lovecraft também se envolveu numa rede sempre crescente de correspondência com amigos e associados, o que o tornou um dos maiores e mais prolíficos missivistas do século.

A mãe de Lovecraft, com sua condição mental e física deteriorada, sofreu um colapso nervoso em 1919, dando entrada no Butler Hospital, de onde, tal como seu marido, jamais sairia. Sua morte, porém, ocorrida em 24 de maio de 1921, deveu-se a uma cirurgia mal conduzida de vesícula. Lovecraft sofreu profundamente com a perda da mãe, mas em poucas semanas se recuperou o suficiente para comparecer a uma convenção de jornalismo amador em Boston, a 4 de julho de 1921.

Foi nessa ocasião que viu pela primeira vez a mulher que se tornaria sua esposa. Sonia Haft Green era judia-russa, com sete anos a mais que Lovecraft, mas ambos parecem ter encontrado, pelo menos no início, bastante afinidade um no outro. Lovecraft visitou Sonia em seu apartamento no Brooklyn em 1922, e a notícia de seu casamento – em 3 de março de 1924 – não foi surpresa para seus amigos, mas pode ter sido para as duas tias de Lovecraft, Lillian D. Clark e Annie E. Phillips Gramwell, que foram notificadas por carta só depois que a cerimônia ocorreu. Lovecraft se mudou para o apartamento de Sonia no Brooklyn, e as perspectivas iniciais do casal pareciam boas: Lovecraft angariara posição como escritor profissional, por meio da aceitação de várias de suas primeiras histórias na Weird Tales, o célebre magazine fundado em 1923, e Sonia tinha uma loja de chapéus bem-sucedida na Quinta Avenida, em Nova York.

Mas os problemas chegaram para o casal quase imediatamente: a loja de chapéus faliu, Lovecraft perdeu a chance de editar um magazine associado à Weird Tales (para o que seria necessário que se mudasse para Chicago), e a saúde de Sonia se esvaiu, obrigando-a a passar uma temporada no sanatório de Nova Jersey. Lovecraft tentou garantir trabalho, mas poucos estavam dispostos a empregar um “velho” de trinta e quatro anos que não tinha experiência. Em primeiro de janeiro de 1925, Sonia foi trabalhar em Cleveland, e Lovecraft se mudou para um apartamento de solteiro, junto a um setor decadente do Brooklyn, denominado Red Hook.

Embora tivesse muitos amigos em Nova York – Frank Belknap Long, Rheinhart Kleiner, Samuel Loveman –, Lovecraft tornou-se cada vez mais depressivo, devido ao isolamento em que vivia e às massas de “forasteiros” na cidade. Sua ficção passou do nostálgico (“The shunned house” – 1924 – se passa em Providence) para o frio e misantrópico (“The horror in Red Hook” e “He” – ambas de 1924 – expõem claramente seu sentimento por Nova York). Finalmente, no início de 1926, fizeram-se planos para a volta de Lovecraft a Providence, da qual sentia tanta falta. Mas onde se encaixava Sonia nesses planos? Ninguém parecia saber, muito menos Lovecraft. Embora continuasse a professar sua afeição por ela, acabou concordando quando suas tias se opuseram à vinda dela a Providence, para iniciar um negócio: seu sobrinho não podia manchar-se com o estigma de uma esposa que era negociante. O casamento praticamente acabou, e o divórcio – ocorrido em 1929 – foi inevitável.

Quando Lovecraft retornou a Providence, em 17 de abril de 1926, para morar na Barnes Street, ao norte da Brown University, não foi para se sepultar, conforme fizera no período de 1908-1913. De fato, os últimos dez anos de sua vida foram o tempo de seu maior florescimento, tanto como escritor quanto como ser humano. Sua vida era relativamente pobre de ocorrências – viajou largamente por vários lugares antigos ao longo da costa leste (Quebec, Nova Inglaterra, Filadélfia, Charleston, Santo Agostinho); escreveu sua melhor ficção, isto é, desde “The call of Cthulhu” (O chamado de Cthulhu, 1926) até “At the mountains of madness” (Nas montanhas da loucura, 1931) e “The shadow out of Time” (A sombra dos tempos, 1934-1935); e continuou sua correspondência vasta e prodigiosa –, mas tinha encontrado seu nicho como escritor de ficção fantástica da Nova Inglaterra e também como homem de letras. Estimulou a carreira de muitos autores jovens (August Derleth, Donald Wandrei, Robert Bloch, Fritz Leiber); voltou-se para as questões políticas e econômicas, quando a Grande Depressão o levou a apoiar Roosevelt e a se tornar um socialista moderado; e continuou absorvendo conhecimento num largo espectro de temas, de filosofia até literatura, história e arquitetura.


Nos últimos dois ou três anos de sua vida, no entanto, Lovecraft passou por alguns apertos. Em 1932, morreu a sua amada tia Mrs. Clark, e ele se mudou para o número 66 da College Street, atrás da John Hay Library, levando consigo sua outra tia, Mrs. Gamwell, em 1933. (Esta casa é agora o número 65 da Prospect Street.) Suas últimas histórias, cada vez mais longas e complexas, eram difíceis de vender, e ele foi forçado a ganhar seu sustento às custas de muita “revisão” ou trabalho como ghost-writer de histórias, poesia e obras não-ficcionais. Em 1936, o suicídio de Robert E. Howard, um de seus correspondentes mais chegados, deixou-o desorientado e triste. Por essa época, a doença que o levaria à morte – um câncer no intestino – havia progredido tanto que pouco se podia fazer para tratá-la. Lovecraft tentou resistir, em meio às dores crescentes, através do inverno de 1936-1937, mas finalmente teve de dar entrada no Jane Brown Memorial Hospital, em 10 de março de 1937, onde morreu cinco dias depois. Foi sepultado em 18 de março, no jazigo da família Phillips, no Swan Point Cemetery.

É provável que, percebendo a aproximação da morte, Lovecraft tenha entrevisto o esquecimento final de sua obra: nunca teve um único livro publicado em toda a vida (a não ser, talvez, a péssima edição de The shadow over Innsmouth – A sombra sobre Innsmouth –, de 1936), e suas histórias, ensaios e poemas jaziam espalhados por uma porção desconcertante de pulp magazines amadores. Mas as amizades que ele tinha forjado só por correspondência lhe valeram aqui: August Derleth e Donald Wandrei estavam determinados a preservar dignamente as histórias de Lovecraft num um livro de capa dura e criaram ao selo editorial Arkham House, destinado inicialmente à publicação de Lovecraft. Editaram The outsider and the others (O forasteiro e outras histórias), em 1939. Diversos outros volumes se seguiram pela Arkham House, até que a obra de Lovecraft passou ao papel e foi traduzida em uma dúzia de línguas. Hoje, no centenário de seu nascimento, suas histórias estão disponíveis em edições com texto corrigido, seus ensaios, poemas e cartas circulam amplamente, e muitos estudiosos têm comprovado as profundidades e complexidades de sua obra e de seu pensamento. Falta muito a ser feito no estudo de Lovecraft, mas é correto dizer que, graças ao mérito intrínseco de seu trabalho e à diligência de seus associados e apoiadores, Lovecraft conquistou um pequeno, mas inexpugnável, nicho no cânone das literaturas americana e mundial.


Fonte: Sitelovecraft.com

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A Árvore

A Casa Abandonada

A Coisa no Luar

A Cor que Veio do Espaço

Azathot

Celephais

Dagon

Fechado na Catacumba

O Caso de Charles Dexter Ward

O Depoimento de Randolph Carter

O Inominável

O Terrível Ancião

23 de outubro de 2010

Alexandre Herculano

Escritor do Romantismo português, nasceu em Lisboa, no ano de 1810. Não ingressou em nenhuma faculdade, viveu num exílio na Inglaterra e na França.
Atuou nas reformas do cotidiano português, travou polêmica com o clero em busca de liberalidades para a sociedade portuguesa da época. Os temas predominantes em suas obras eram as origens da nação portuguesa, tanto em seu trabalho ficcional ou não-ficcional o caráter histórico é abordado como fonte de explicação dos fatos e da sociedade é sempre presente.
O autor, considerado um grande intelectual em sua época, escreveu poesias, romances, contos e obras historiográficas. “Eurico, o presbítero”, romance lançado em 1844, é considerado a sua melhor obra.
Na obra o autor questiona o celibato e ambientaliza a história no século VIII, tratandi sobre as reconquistas do território português. Na época de Herculano, século 19, o povo português tinha a preocupação de conhecer a origem de seu país e a formação de seu povo, fato que explica a aceitação das obras de Alexandre Herculano.
O personagem Eurico transforma-se em padre, depois em cavaleiro Negro, ambos os casos após ser negado em casamentos pelo pai de sua amada, porém é enfatizado no romance os fatos históricos. A obra é considerada como romance histórico.
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, era um autor interessado na era medieval e no caráter etimológico de seu país. Faleceu em Val – de – lobos, em 1877.


Estátua de Alexandre Herculano em Lisboa



Texto reproduzido de Fernando Rebouças





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22 de outubro de 2010

Inferno



Inferno é a palavra usada na versão Almeida da Bíblia (bem como na versão católica Matos Soares e na maioria das traduções antigas), para traduzir o termo hebraico she’óhl e o grego haídes. Na versão Almeida, a palavra “inferno(s)” é traduzida 28 vezes de she’óhl e 7 vezes de haídes. Esta versão não é coerente, contudo, uma vez que she’óhl também é traduzido 27 vezes por “sepultura”, 5 vezes “sepulcro”, 1 vez “terra”, 1 vez “enterrados”, 1 vez “mundo invisível”, e 2 vezes é transliterado “Seol”. Na versão Matos Soares, o termo she’óhl é traduzido por “inferno(s)” 34 vezes, “habitação dos mortos” 11 vezes, “sepulcro” 11 vezes, “sepultura” 4 vezes, “abismo” 1 vez, “terra” 1 vez, “[perigos] exiciais” 1 vez, “morte” 1 vez, e é transliterado “cheol” 2 vezes.


Em 1885, com a publicação da completa English Revised Version (Versão Revisada Inglesa), a palavra original she’óhl foi, em muitos lugares, transliterada para o texto inglês das Escrituras Hebraicas, embora, na maioria das suas ocorrências, se usasse “sepultura” e “cova”, e “inferno” ocorre cerca de 14 vezes. Este foi um ponto em que a comissão americana (dos E.U.A.) discordou dos revisores ingleses, e, assim, ao produzirem a American Standard Version (Versão Padrão Americana, 1901), eles transliteraram she’óhl em todas as suas 65 ocorrências. Ambas as versões transliteraram haídes nas Escrituras Gregas Cristãs em todas as suas dez ocorrências, embora a palavra grega Géenna (português: “Geena”) seja traduzida por “inferno” em todas as ocorrências, como acontece em muitas outras traduções modernas.
A respeito do uso de “inferno” para traduzir estas palavras originais do hebraico e do grego, o Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento, de Vine, (1981, Vol. 2, p. 187) diz: “HADES . . . Corresponde a ‘Seol’ no Antigo Testamento. Na Versão Autorizada do Antigo Testamento e do Novo Testamento, foi vertido de modo infeliz por ‘Inferno’.”
A Enciclopédia da Collier, (1986, Vol. 12, p. 28) diz a respeito de “Inferno”:


“Primeiro representa o hebraico Seol do Antigo Testamento, e o grego Hades, da
Septuaginta e do Novo Testamento. Visto que Seol, nos tempos do Antigo
Testamento, se referia simplesmente à habitação dos mortos e não sugeria
distinções morais, a palavra ‘inferno’, conforme entendida atualmente, não é uma
tradução feliz.”


É, de fato, devido ao modo como a palavra “inferno” é entendida atualmente que ela constitui uma maneira tão ‘infeliz’ de verter estas palavras bíblicas originais. O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster, exaustivo, diz sob “Inferno”: “de . . . helan, esconder”. A palavra “inferno” não transmitia assim, originalmente, nenhuma idéia de calor ou de tormento, mas simplesmente de um ‘lugar coberto ou oculto’. No antigo dialeto inglês, a expressão “helling potatoes” (“infernizar batatas”) significava, não assá-las no fogo, mas simplesmente colocar as batatas no solo, ou num porão.
O significado atribuído à palavra “inferno” atualmente é o representado na Divina Comédia de Dante, e no Paraíso Perdido de Milton, significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum “inferno” de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton. A Enciclopédia Universal Grolier, (1971, Vol. 9, p. 205), sob “Inferno”, diz: “Os hindus e os budistas consideram o inferno como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição islâmica o reputa um lugar de castigo eterno.” O conceito de sofrimento após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos da Babilônia e do Egito. As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o “mundo inferior . . . como lugar cheio de horrores, . . . presidido por deuses e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo” para “os condenados”.


The Religion of Babylonia and Assyria (A Religião de Babilônia e Assíria), de Morris Jastrow Jr., 1898, p. 581; The Book of the Dead (O Livro dos Mortos), com apresentação de E. Wallis Budge, 1960, pp. 135, 144, 149, 151, 153, 161, 200.



Visto que o “inferno de fogo” tem sido um ensino básico da cristandade por muitos séculos, é compreensível por que a Enciclopédia Americana, (1956, Vol. XIV, p. 81) disse: “Muita confusão e muitos mal-entendidos foram causados pelo fato de os primitivos tradutores da Bíblia terem traduzido persistentemente o hebraico Seol e o grego Hades e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revistas da Bíblia não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco.”



Fontes: arquivos pessoais do autor.

21 de outubro de 2010

Purgatório



No texto abaixo venho trazendo uma definição que encontrei do que significa o purgatório ao vasculhar meus arquivos pessoais. O texto é basicamente uma série de citações à outras obras de referência, onde diversos autores vêm trazendo definições da origem do termo "purgatório" e seu uso atualmente. Portanto vamos à definição.


Purgatório: “Segundo o ensinamento da Igreja [Católica Romana], o estado, o lugar, ou a condição no outro mundo . . . onde as almas dos que morrem na graça, mas que ainda não estão livres de toda a imperfeição, fazem expiação pelos pecados veniais (i.e. pecados suscetíveis ao perdão) não perdoados ou pelo castigo temporal devido a pecados veniais e mortais que já foram perdoados e, por assim fazerem, são purificados antes de entrarem no céu.”


(New Catholic Encyclopedia, 1967, Vol. XI, p. 1034).



Quanto à natureza do purgatório alguns dos porta-vozes católicos dizem o seguinte:
“Muitos pensam que o sofrimento total no purgatório se identifica com a consciência da postergação temporária da visão beatífica, embora o conceito mais comum seja de que, além disso, há positivamente algum castigo . . . Na Igreja Latina, tem-se geralmente mantido que esta dor é imposta pelo fogo real. Isto, porém, não é essencial à crença no purgatório. Nem mesmo é certo. . . . Mesmo que alguém, como no caso dos teólogos do Oriente, decida rejeitar a idéia do sofrimento induzido pelo fogo, deve cuidar para não excluir do purgatório todo o sofrimento positivo. Ainda assim há real aflição, tristeza, angústia, vergonha de consciência e outras tristezas espirituais, capazes de infligir verdadeira dor à alma. . . . A pessoa deve lembrar, de qualquer forma, que, em meio aos sofrimentos dessas almas, elas gozam de grande alegria em razão da certeza da salvação.”

Na imagem perspectiva do purgatório.


(New Catholic Encyclopedia, 1967, Vol. XI, pp. 1036, 1037).

O filósofo grego Tales (do sétimo século a.C.) ensinava que havia uma alma imortal nos metais, nas plantas, nos animais e nos homens. O poder vital, dizia ele, muda de forma, mas nunca morre. No sexto século a.C., o famoso matemático Pitágoras dizia que, após a morte, a alma ia para o Hades, a fim de ser expurgada, e então voltava para entrar num novo corpo, continuando nesta cadeia de transmigração até culminar numa vida totalmente virtuosa. ‘A alma parece claramente ser imortal’, foi como Platão citou as palavras de Sócrates (do quinto século a.C.). Orfeu, base dum culto místico do sétimo século a.C., deu origem a uma teologia órfica, que ensinava que a alma, após a morte, ia ao Hades para enfrentar o julgamento. A narrativa da História da Civilização de Will Durant, na Parte II, página 190, 191 (em inglês), prossegue:


“Se o veredicto era de culpada, havia severa punição. Uma forma da doutrina
concebia esta punição como eterna e transmitiu à teologia posterior a idéia dum
inferno. Outra forma adotava a idéia da transmigração: a alma renascia vez após
vez, para vidas mais felizes ou mais amargas do que antes, dependendo da pureza
ou da impureza de sua existência anterior e esta roda de renascimentos giraria
até se alcançar a completa pureza e a alma ser admitida nas Ilhas dos Benditos.
Outra variedade oferecia a esperança de que a punição no Hades podia terminar
por meio das penitências realizadas com antecedência pela pessoa, ou após a sua
morte, pelos seus amigos. Assim surgiu a doutrina do purgatório e das
indulgências.”


Crédito da imagem "Perspectiva do Purgatório" Helder da Rocha
Fonte do texto: arquivos pessoais do autor.

20 de outubro de 2010

Dante Alighieri - Do Inferno ao Paraíso.

Pouco se sabe sobre a vida de Dante Alighieri. Levantam-se muitas hipóteses e seus primeiros biógrafos complicaram o contexto ao criar várias histórias em torno de sua existência. Não há documentos oficiais que comprovem seu nascimento. Como ele afirmava ter vindo à luz com o signo de Gêmeos, supõe-se que ele tenha nascido entre o final do mês de Maio e meio de Junho. Assim, os pesquisadores chegaram a uma data mais provável, a de 29 de maio de 1265.
Há vários dados sobre sua trajetória inscritos na própria obra do escritor. No Inferno (XV, 76) ele tenta convencer a todos de sua origem ancestral na Roma Antiga, mas o parente mais remoto que se conhece de Dante, através de uma citação contida no Paraíso, (XV, 135), Cacciaguida do Eliseu, não viveu muito tempo antes de Alighieri. Fruto de uma família florentina ilustre, Dante, que na verdade se chamava Durante e era apelidado de Alaghieri, era filho de Alighiero di Bellincione e de Dona Bella degli Abati, forma abreviada de Gabriella.
Dante fica órfão de mãe aos cinco anos, e pouco tempo depois seu pai se une a outra viúva, Lapa di Chiarissimo Cialuffi, com quem tem mais dois filhos, Francesco e Tana ou Gaetana. O escritor, poeta e político italiano tornou-se o mais consagrado autor de língua italiana, consolidando o idioma moderno em uma época que só valorizava o que era escrito em latim. Nascido em Florença, aí viveu até ser exilado por causas injustas. Ele perdeu também o pai prematuramente, ao completar 18 anos.


Tornou-se célebre o amor de Dante por Beatriz, sua musa inspiradora tanto na obra Vida Nova, quanto na Divina Comédia. Nesta época, era comum o casamento ser negociado entre as famílias. Aos 12 anos o poeta já estava prometido para Gemma Donati, com quem teve vários filhos. Também Beatriz, possivelmente Beatrice Portinari, a quem conheceu quando os dois tinham nove anos, e a quem só reencontraria em 1283, casara-se com o banqueiro Simone dei Bardi, pelos mesmos motivos, normalmente alianças políticas. Uma filha de Dante, Antonia, futuramente se tornaria freira, assumindo o nome da amada de seu pai, Beatrice.
Dante logo perde sua musa, que morre subitamente em 1290, aproximadamente aos 25 anos. O poeta não encontra consolo nesta morte e modifica radicalmente seu comportamento, buscando respostas nas obras de Aristóteles e na poesia. Neste período ele sofre fortes influências de dois poetas da sua Itália – Brunetto Latini, que já pioneiramente escrevia no idioma italiano, e Guido Cavalcanti. Ao lado deste ele institui o Dolce Stil Nuovo. De sua formação acadêmica se sabe também pouca coisa, alguns crêem que ele freqüentou a Universidade de Bologna, outros que ele foi um autodidata.
Na época de Dante, grupos políticos se digladiavam nas cidades, representando interesses familiares. Florença era um dos centros urbanos mais importantes neste período. Embora o poeta tenha nascido sob a égide dos gibelinos, em 1289 ele lutou ao lado do exército dos guelfos, os quais recuperaram o poder florentino. Dante estava intimamente ligado à política, elegendo-se como um dos seis presidentes do Conselho da Cidade, através da guilda dos médicos e farmacêuticos. Logo os guelfos se dividiram entre brancos e negros, por conta de uma disputa de famílias. As posições políticas de ambos se radicalizaram a ponto de Dante ter que providenciar o exílio dos chefes de ambas as facções, em nome da concórdia na cidade. Ele foi obrigado a incluir nesta lista de exilados seu grande amigo Guido Cavalcanti e um familiar de sua própria esposa.
Nesta ocasião o Papa, muito contestado pelos adeptos de Dante, aproveitou o ensejo para, sob a aparente disposição de pacificar a cidade, arrebatar o poder, condenando diversos Guelfos Brancos ao exílio e à morte, entre eles Dante, expulso da cidade durante dois anos e obrigado a pagar uma dispendiosa multa, a qual se não fosse paga acarretaria sua morte no retorno à Florença. Como não paga o montante devido Dante permanece eternamente exilado. Este momento foi muito difícil para o poeta, pois ele foi desamparado pela própria família.
Além da literatura, Dante também se interessava pela pintura e pela música. Na poesia, ele é constantemente inspirado pelo amor que nutre por Beatriz, só comparável a sua paixão pela política. Estes dois sentimentos sustentam a vida e a obra deste poeta maior, imortalizado por sua obra, principalmente pela criação magistral e visionária da Divina Comédia, a qual nasceu justamente no auge de sua amargura, em pleno exílio. Este poema é composto por 100 cantos, organizados em três livros – Inferno, Purgatório e Paraíso -, cada um contendo 33 cantos, com exceção do primeiro, integrado por 34 cantos e conhecido como ‘Canto Introdutório’.
Em 1318, Dante é convidado pelo príncipe de Ravena, Guido Novello da Polenta, a morar em seu reino. Aí o poeta conclui o Paraíso. Pouco tempo depois ele morre, provavalmente vítima de malária, no ano de 1321, aos 56 anos. Seu corpo é enterrado na Igreja de San Pier Maggiore, hoje conhecida como Igreja de San Francisco. Nem mesmo seus restos mortais retornariam a Florença.

Texto acima reproduzido de Ana Lúcia Santana



Apenas para complementar o que disse Ana Lúcia Santana, a respeito da vida de Dante Alighieri, devo acrescentar como forma de fazer um gancho para os dias atuais que, atualmente boa parte de nossa visão do que são o inferno, ou o purgatório e o paraíso está vinculada àquela visão medieval que visualizamos na obra de Dante. Com que freqüência não nos pegamos assistindo um filme onde há uma interpretação do inferno, do purgatório ou paraíso? E se tivermos um pouco mais de atenção não poderemos ver ali uma herança de Dante?



Ao postar esta biografia tive em mente trazer um pouco da história de vida de um homem que ao viver sua época pode nos deixar como legado sua visão de mundo obscuro, mesmo que esta não tenha sido sua intenção durante a vida. Com certeza hoje, no entanto, Dante e todos seus círculos obscuros do inferno, do purgatório e do paraíso são também para nós nossos círculos inspiradores.



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19 de outubro de 2010

Álvares de Azevedo

"Manuel Antônio Álvares de Azevedo é o principal nome da poesia ultra-romântica brasileira. Nasceu em 12 de setembro 1831, em São Paulo e faleceu em 25 de abril de 1852, no Rio de Janeiro. Ao passear a cavalo sofreu uma queda. Como já sofria de tuberculose, o acidente agravou ainda mais a situação e esse fato impediu que concluísse a faculdade de Direito. Antes havia estudado no colégio Pedro II.
Foi aluno de Gonçalves de Magalhães (o responsável pela introdução do Romantismo no Brasil com a publicação do livro Suspiros Poéticos e Saudades), além dele foi amigo de Bernardo Guimarães (autor de A Escrava Isaura).
Sempre se soube que ele levou uma vida boêmia e libertina; porém, seus biógrafos mais respeitáveis afirmam que isso não é verdade, pelo contrário, dizem que sua vida era muito calma e serena.
Álvares de Azevedo escreveu poesia, prosa e teatro. Toda sua obra foi escrita em um período de 4 anos (período em que era estudante universitário) e publicada depois da sua morte.
Embora irregular, sua obra é de grande importância na poesia nacional.



OBRAS
- Lira dos Vinte Anos-Poesias Diversas-O Poema do Frade-O Conde Lopo-Noite na Taverna (prosa)-Macário (teatro)
As obras Noite na Taverna e Macário retratam um mundo decadente, povoado de viciados, bêbados, prostitutas e pessoas sem rumo ou destino na vida.
Em Noite na Taverna (livro de contos), todas as histórias narradas são fantásticas e envolvem acontecimentos trágicos, amor, morte, vícios, crimes, necrofilia, incesto.
Há um forte pessimismo diante da vida e em todos os valores morais, sociais e religiosos.
Em Macário o autor mistura cinismo e satanismo.
Além desses temas obscuros, o autor também retrata a mulher ora como um anjo ora envolta de erotismo e sensualidade. Nesses dois casos ela está distante do poeta e isso faz com que ele se sinta frustrado.
A morte é usada como fuga, já que não consegue lidar com as dores e decepções deste mundo.
Como já foi dito antes, Álvares de Azevedo é o principal representante da poesia ultra-romântica brasileira (Segunda Geração Romântica).
Era leitor de Byron e Musset (românticos europeus) e foi influenciado por eles.
As obras de Álvares de Azevedo eram populares, e isso o transformou em um dos poetas mais lidos do Romantismo brasileiro."




Texto reproduzido de Cristiana Gomes



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18 de outubro de 2010

Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco nasceu em 16 de março de 1825, em Lisboa. Filho de Jacinta Rosa do Espírito Santo e do patrão de sua mãe , Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco. Ficou órfão de mãe aos 2 anos e de pai aos 8.
Foi educado pela tia Rita Emília. Casou-se aos 16 anos, logo largou a esposa e foi morar no Porto para cursar Medicina, projeto que não foi adiante. Foi preso por adultério depois de se envolver com uma prima, mas após a morte da primeira mulher, em 1847, casa-se com Patrícia ( a prima ), e a larga após a gravidez.
É abandonado por uma outra paixão, Ana Plácida , ingressa para o seminário e se apaixona por um freira. Anos depois,retorna aos braços de Ana, já mãe de outro, ambos são presos em 1858, por adultério.
Durante a prisão escreveu uma de suas obras-primas “Amor de Perdição”, é absolvido junto com a terceira mulher Ana, com quem tem dois filhos e oficializa a relação em 1888. Em suas obras sempre imprimiu parte de suas vivências, teve vida atribulada, algo parecido com os heróis românticos.
Foi um dos primeiros escritores profissionais em Portugal, escreveu mais de cem títulos, foi tradutor, poeta e teve até que vender a sua biblioteca em tempos difíceis, entre suas obras mais conhecidas podemos citar : "Amor de Salvação" (1864), “A Queda de um anjo” (1866), “Anátema” (1851) e o “Amor em Perdição” (1862). Sobrevivia de literatura , nisto o autor desenvolvia um ritmo de criação,antes de sua morte uma sífilis desencadeou na saúde do escritor uma cegueira, suicidou-se em 1º de junho de 1890.



Texto reproduzido de Fernando Rebouças



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17 de outubro de 2010

Arthur Azevedo


Dramaturgo e irmão de Aluísio Azevedo. Arthur Nabantino Gonçalves de Azevedo nasceu no dia 7 de julho de 1855. Arthur Azevedo era o filho mais velho da família e Aluísio, o segundo filho dentre os cinco que o casal Emília e David Gonçalves tiveram.


Na imagem Artur Azevedo (à direita) com sua mãe e seu irmão Aluizio Azevedo à esquerda.




Desde cedo, Arthur Azevedo demonstrou paixão pela literatura, aos oito anos lia livros de peças teatrais da biblioteca do pai. Aos 13 anos, foi retirado da escola pelo pai e empregado no comércio. Com os colegas de trabalho, em 1869, apresentava um “teatrinho informal” na praça João Lisboa, em São Luís.
Após uma briga com admiradores de atrizes rivais é preso e demitido pelo patrão e ingressa na Secretaria de Governo. Em 1871 e 1872 publica os jornais “A Carapuça” e “O Domingo” para atacar políticos do Maranhão, o que lhe rendeu a demissão da secretaria.

Aos 18 anos, em 1873, viaja para o Rio de Janeiro, para investir na carreira de jornalista. Arranja emprego no jornal “A Reforma”, do maranhense Joaquim Serra, onde desenvolve uma forte e atuante carreira de jornalista.
Jornalista até morrer, colabora com o jornal “Correio da Manhã”, ”O Século” e revista “A Estação”. Paralelo ao seu trabalho de jornalista, mantém as atividades de dramaturgo escrevendo peças de costumes.
Em 1875, ingressou na Secretaria de Obras Viárias onde trabalha com Machado de Assis. Faz grande sucesso com a peça musical “O Mandarim”, inaugurando a tendência do teatro de revista, peças que revistavam os acontecimentos do ano anterior.
Arthur Azevedo defendeu a criação da legislação do direito autoral brasileiro, a construção, no Rio, do teatro municipal e foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Morreu no dia 22 de outubro de 1908, deixou obras que foram esquecidas, mas não perdidas.

Texto Reproduzido de Fernando Rebouças











Na imagem acima proeminentes intelectuais brasileiros encenam uma jocosa réplica do quadro A Lição de Anatomia. O que está fazendo o papel do autopsiado é Arthur Azevedo.

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Um drink de sangue

Em outra postagem eu falei um pouco da jovem Bloody Mary e ao tratar desse assunto não poderia deixar de lembrar da igualmente famosa bebida homônima. Por isso mesmo decidi buscar um pouco da história desta bebida que tantas vezes vemos ocupar um certo lugar de destaque no cinema e televisão. Com seu ar de bebida vampírica não foi difícil 'trazê-la para o lado escuro da força' e então resolvi saber o quanto esta bebida é sombria.





Talvez eu pudesse dizer pouco sobre esta bebida de vermelho sangue que a enquadrasse como uma bebida obscura, uma vez que apenas essa descrição e seu nome já seriam suficientes. Por isso mesmo decidi deixar sua origem falar por si só.


A origem dessa bebida teria se dado em Paris por volta dos anos 20, a melancólica e ainda sombria Paris do pós guerra. O seu criador foi o americano Peter Petiot, do Harrys New York Bar, da Rue Doneau. Um dos objetivos, segundo se conta, era levar para os Estados Unidos a bebida porque esta poderia ser tomada disfarçadamente fugindo assim dos olhos da Lei Seca, era a época da ilegalidade das vielas escuras, dos sussurros que convidavam ao soturno mundo da marginalidade. E foi basicamente assim que a bebida agora impregnada de significados proibidos chegou à fama.



Porém, para aqueles que acham exagerado o nome atual da bebida, "Bloody Mary", poderiam ficar ainda mais surpresos ao saber que seu nome original era "Bucket of blood" (balde de sangue), apenas em 1934, quando passou a ser preparada também nos Estados Unidos, a mistura recebeu o nome atual, mais precisamente no bar do Hotel St. Regis Sheraton, na esquina da rua 55 com a 5ª avenida, em Nova York. Segundo a versão mais aceita, o nome seria uma referência à rainha Mary I, da Inglaterra, que devido a implacável perseguição aos protestantes puritanos, no período da restauração do catolicismo apostólico romano, no século XVI, tornou-se conhecida pelo apelido de Bloody Mary ou Mary, a sanguinária, em épocas recentes a referência histórica deu lugar ao sedutor fascínio da jovem poltergeist dos espelhos, Mary.



Ora! depois de falar tanto desta bebida rubra nada mais justo do que compartilhar com os leitores o seu modo de preparo. Algumas medidas e ingredientes podem variar de acordo com o gosto de quem a prepara. Então aí vai.



Bloody Mary


Ingredientes: 1 dose de vodka (60 ml),


3 doses de suco de tomate (75 ml),


1 lance de suco de limão (10 ml),


sal e pimenta do reino e molho inglês (a gosto).


tabasco (1 gota).




Modo de fazer: coloque a vodka e os sucos em um copo grande, com quatro pedras de gelo. mexa bem e tempere a gosto. sirva em copo um baixo, de boca larga, chamado Old-fashioned.

16 de outubro de 2010

Bloody Mary (Mary Ensangüentada)

Diversas versões já surgiram para explicar esta que se tornou uma das lendas urbanas mais conhecidas do mundo e das mais reproduzidas pelo cinema e televisão. Em algumas a jovem Mary é uma moça muito bela e simples de pele alva, olhos azuis e cabelos ruivos que trabalhava em uma grande mansão onde sua beleza era notada por todos inclusive pelo seu senhor o que causava a ira de sua senhora. Fora essa ira que fizera com que num determinado dia a jovem Mary fosse enviada por sua senhora à um grande salão de festas e ali cercada de imensas paredes espelhadas que deveriam ser limpas, Mary teria sido vítima da ira da mulher. Mary teria se assustado com sua senhora, que propositalmente havia criado aquela situação, com o susto Mary teria caído sobre a parede de espelhos. Como resultado Mary foi retalhada pelos estilhaços do imenso espelho. Mary, no entanto, não morreu naquele instante, sua senhora sabia disso e a teria deixado lá sangrando até a morte no dia seguinte.



O restante da história nós já conhecemos, ou seja toda vez que alguém profere o nome "Bloody Mary" três vezes diante de um espelho o espírito da mesma aparece e se vinga arrancando os olhos de seu conjurador. Outra versão diz que Mary foi uma bruxa executada cujo seu espírito fora condenado a vagar pelos espelhos. Ainda outra versão conta que ela era apenas uma garota vaidosa e fútil que teve uma morte violenta diante de um espelho e sua alma ficou presa e cheia de ódio no espelho. Nestas outras versões Mary é uma mulher de longos cabelos negros, rosto desfigurado (sua característica mais marcante) e olhos vermelhos como sangue, além das características físicas os nomes também mudam de acordo com a região onde a lenda se firma. A doce Mary já foi chamada de Bruxa do Espelho, Maria Sangrenta, Maria Sanguinária (versão oriental) e Loira do Banheiro segundo a versão brasileira. Aqui eu me dou a liberdade de sugerir um novo nome para ela que é o do título acima "Mary Ensangüentada".


Como toda maldição também há uma forma de esconjurar este espírito funesto, a lenda sugere duas formas de se fazer isso, uma seria destruindo o "espelho-sarcófago" de Mary a outra é fazer com que ela veja seu próprio reflexo em um espelho.

12 de outubro de 2010

Biografia de William Blake

William Blake nasceu em 23 de novembro de 1757 e morreu em 12 de agosto de 1827. Ele foi um pintor e poeta da Inglaterra. O trabalho de William Blake era considerado extraordinário e místico por muitos de seus pares, incluindo William Wordsworth. Infelizmente, Blake nunca ganhou reconhecimento por seu trabalho, enquanto ele estava vivo.
Hoje, Blake é considerado um dos maiores poetas românticos que viveram. Um jornal britânico publicou que, de longe, Blake foi o maior poeta que a Inglaterra já produziu. A falta de reconhecimento do seu trabalho foi atribuído à sua maneira profética de discurso e também experiências místicas que ele afirma ter tido. Isso fez com que as pessoas pensam que ele era delirante.
Sua pintura e poesia são consideradas como das maiores das obras durante o movimento romântico na poesia em si. Ele teve várias visões idiossincráticas e houve muita criatividade e misticismo em seu trabalho. A Igreja da Inglaterra, no entanto, rejeitou as suas obras e negou reconhecê-las, porque várias vezes ele questionou a própria existência da humanidade.
Blake foi também muito estudioso. Ele aprendeu várias línguas como o grego, latim, hebraico e francês apenas para que ele pudesse ler as poesias em suas línguas originais. Ele também teve um grande impacto sobre a Revolução Francesa e a Revolução Americana, através de seu trabalho.
É muito difícil classificar o trabalho de Blake, como pertencente a qualquer gênero, uma vez que os sentimentos evocados falta de leitores. Vários grandes autores teriam lido e cobiçado seu trabalho dentro de seus próprios. Os gostos de William Rossetti e Peter Marshall sempre elogiaram Blake pela sua criatividade e estilo, mas também disseram que seu trabalho não poderia ser classificado nem poderia ser substituído.






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O Matrimônio do Céu e do Inferno



3 de outubro de 2010

Algernon [Henry] Blackwood - O "Homem-Fantasma"

Algernon Henry Blackwood nasceu em 1869 em "Shooter´s Hill",Kent na Inglaterra, de origens nobres, a mãe era a duquesa de Manchester, e seu pai Sir Stevenson Arthur Blackwood, secretário do tesouro e posterior administrador do correio real. Criado em um ambiente de rígida educação evangélica no "Wellington College", se afasta logo de sua família, mudando diversas vezes de residência e executando diversos trabalhos como: jornalista em New York, fazendeiro, hoteleiro no Canadá, viajou para a Alemanha para estudar (onde com um amigo de classe se interessou pelo hinduísmo), entre outras coisas...
No ano de 1899, cansado de suas aventuras, volta a Inglaterra já com 31 anos e se interessa pelo o gênero horror e pela literatura. Seu primeiro livro de contos, "The Empty House and Other Ghost Stories", foi publicado em 1906, e tem imediato sucesso. A mistura de elementos fantásticos com realistas, a cuidadosa descrição da realidade em que ambientava suas histórias, e a habilidade de saber desenvolver a atmosfera, foi a chave de tal êxito. Tanto foi que no ano seguinte publica outro livro: "The Listener and Other Stories" e em 1908 é a vez de “John Silence Physician Extraordinary”, "The Lost Valley and Other Stories (1910), "The Dance of Death and Other Stories" (1927), "Tales of Uncanny and Supernatural" (1949), e "Tales of Terror and the Unknow" - coletânea póstuma de 1965, contendo alguns contos inéditos.
Admirado por H.P. Lovecraft, que disse sobre seu conto "The Willows" (1907) ser "o melhor do conto do sobrenatural jamais escrito", a temática preferida de Blackwood é análise irregular entre o homem comum e o outro meio, como disse o próprio autor "a parte escondida da realidade", para revelar sua existência o autor se servil de fantasmas, "The Listener" (1907) e "The Woman Ghost Story" (1907), e monstruosidades, "Running Wolf" (1920) e "The Valley of the Beasts" (1949), "May Day Eve" (1907). Das suas buscas acerca do sobrenatural resultam-se também cuidadosas investigações sobre da psicologia humana como observado no na sua obra "John Silence Physician Extraordinary". Vale salientar sobre este ponto que Blackwood em dado momento de sua vida foi membro da ordem esotérica "Golden Dawn" de Aleister Crowley, a mesma que Arthur Machen fez parte.
Quando estoura a Primeira Guerra mundial o mesmo se alista no exército britânico. Depois da guerra ele retorna a Kent para escrever.

Aos 82 anos, ele foi convidado para ler na televisão uma história de terror na noite de "Halloween". Usando duas câmeras e dois cenários iguais o diretor do programa conseguiu um feito extraordinário para aquele ano de 1947: fez Blackwood desaparecer, deixando para os telespectadores apenas sua voz em off e sua cadeira vazia ocupando a telinha. No dia seguinte, a repercussão na Inglaterra foi retumbante. Em 1949 recebe uma medalha da associação televisiva e é ordenado cavaleiro do Império Britânico. Por estas e outras fica conheçido com o "Homen-Fantasma". Estes fatos acabaram marcando também um dos últimos momentos de glória da carreira desse que foi considerado um dos maiores autores de horror do começo do século XX, hoje em dia, praticamente esquecido.
Segundo Peter Penzoldt, autor de The Supernatural in Fiction (1952), o melhor trabalho crítico sobre a Weird Tales, Blackwood conheçia a obra de Lovecraft, e embora admirasse este jovem escritor disse que em seus contos faltava o 'terror espiritual', coisa que segundo ele, considerava muito importante em seus próprios trabalhos.
Blackwood faleceu no ano de 1951 em Londres.



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The Centaur (inglês);
The Damned (inglês);
The Extra Day (inglês);
Four Weird Tales (inglês);
The Human Chord (inglês);
Karma (inglês);
The Wendigo (inglês).