
Inferno é a palavra usada na versão Almeida da Bíblia (bem como na versão católica Matos Soares e na maioria das traduções antigas), para traduzir o termo hebraico she’óhl e o grego haídes. Na versão Almeida, a palavra “inferno(s)” é traduzida 28 vezes de she’óhl e 7 vezes de haídes. Esta versão não é coerente, contudo, uma vez que she’óhl também é traduzido 27 vezes por “sepultura”, 5 vezes “sepulcro”, 1 vez “terra”, 1 vez “enterrados”, 1 vez “mundo invisível”, e 2 vezes é transliterado “Seol”. Na versão Matos Soares, o termo she’óhl é traduzido por “inferno(s)” 34 vezes, “habitação dos mortos” 11 vezes, “sepulcro” 11 vezes, “sepultura” 4 vezes, “abismo” 1 vez, “terra” 1 vez, “[perigos] exiciais” 1 vez, “morte” 1 vez, e é transliterado “cheol” 2 vezes.

A respeito do uso de “inferno” para traduzir estas palavras originais do hebraico e do grego, o Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento, de Vine, (1981, Vol. 2, p. 187) diz: “HADES . . . Corresponde a ‘Seol’ no Antigo Testamento. Na Versão Autorizada do Antigo Testamento e do Novo Testamento, foi vertido de modo infeliz por ‘Inferno’.”
A Enciclopédia da Collier, (1986, Vol. 12, p. 28) diz a respeito de “Inferno”:
“Primeiro representa o hebraico Seol do Antigo Testamento, e o grego Hades, da
Septuaginta e do Novo Testamento. Visto que Seol, nos tempos do Antigo
Testamento, se referia simplesmente à habitação dos mortos e não sugeria
distinções morais, a palavra ‘inferno’, conforme entendida atualmente, não é uma
tradução feliz.”
É, de fato, devido ao modo como a palavra “inferno” é entendida atualmente que ela constitui uma maneira tão ‘infeliz’ de verter estas palavras bíblicas originais. O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster, exaustivo, diz sob “Inferno”: “de . . . helan, esconder”. A palavra “inferno” não transmitia assim, originalmente, nenhuma idéia de calor ou de tormento, mas simplesmente de um ‘lugar coberto ou oculto’. No antigo dialeto inglês, a expressão “helling potatoes” (“infernizar batatas”) significava, não assá-las no fogo, mas simplesmente colocar as batatas no solo, ou num porão.
O significado atribuído à palavra “inferno” atualmente é o representado na Divina Comédia de Dante, e no Paraíso Perdido de Milton, significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum “inferno” de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton. A Enciclopédia Universal Grolier, (1971, Vol. 9, p. 205), sob “Inferno”, diz: “Os hindus e os budistas consideram o inferno como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição islâmica o reputa um lugar de castigo eterno.” O conceito de sofrimento após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos da Babilônia e do Egito. As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o “mundo inferior . . . como lugar cheio de horrores, . . . presidido por deuses e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo” para “os condenados”.
O significado atribuído à palavra “inferno” atualmente é o representado na Divina Comédia de Dante, e no Paraíso Perdido de Milton, significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum “inferno” de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton. A Enciclopédia Universal Grolier, (1971, Vol. 9, p. 205), sob “Inferno”, diz: “Os hindus e os budistas consideram o inferno como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição islâmica o reputa um lugar de castigo eterno.” O conceito de sofrimento após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos da Babilônia e do Egito. As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o “mundo inferior . . . como lugar cheio de horrores, . . . presidido por deuses e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo” para “os condenados”.
The Religion of Babylonia and Assyria (A Religião de Babilônia e Assíria), de Morris Jastrow Jr., 1898, p. 581; The Book of the Dead (O Livro dos Mortos), com apresentação de E. Wallis Budge, 1960, pp. 135, 144, 149, 151, 153, 161, 200.

Fontes: arquivos pessoais do autor.
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