28 de fevereiro de 2011

Rituale Romanum

O Rituale Romanum (Ritual Romano em latim) é um livro litúrgico que contém todos os rituais normalmente administrados por um padre, incluindo o único ritual formal para exorcismo sancionado pela Igreja Católica Romana até finais do século XX. Além do exorcismo de demônios e espíritos, esse manual de serviço para padres também contém instruções para o exorcismo de casas e outros lugares que se acredita estarem infestados por entidades malignas. Neste sentido é interessante notar o exemplo de Roma e seus obeliscos.
Em 30 aC, o Egito se tornou uma provìncia romana. Vários imperadores romanos queriam adornar sua capital com monumentos de grande prestígio, de modo que até 50 obeliscos foram levados a Roma. Quando o império romano caiu, Roma foi saqueada. A maioria dos obeliscos foi derrubada e esquecida. No entanto vários papas se interessaram em reerguer estes monumentos retirados das ruínas da antiga cidade. A Igreja Católica Romana admite (e a História comprova) que os obeliscos foram "dedicados ao Sol por um rei egípcio" e que, no passado, "traziam grandeza fútil aos profanos templos pagãos".
O reerguimento dos primeiros obeliscos durante o reinado do Papa Sisto V (1585-1590) foi acompanhado por rituais de exorcismo, bençãos, aspersão de água benta e queima de incenso. Um bispo cantou diante do obelidco do Vaticano: "Eu o exorcizo para levar a Santa Cruz e permanecer livre de toda a impureza pagã e ameaças de iniqüidade espiritual."

Pois é, exorcismos não são feitos apenas com pessoas!


Exorcistas raramente ou nunca trabalham sozinhos. Normalmente são auxiliadas por, no mínimo, três outras pessoas. Uma delas é geralmente um padre mais jovem e menos experiente que está ou esteve sob treinamento para realização de exorcismos. Seu papel central é continuar o exorcismo e assumir o ritual, caso o exorcista fique muito fraco para continuar ou se ele morrer. A segunda pessoa que serve de assistente para o exorcista é, na maioria dos casos, um médico cuja responsabilidade é administrar qualquer medicação ou tratamento que a vítima da possessão precise, pois sob nenhuma circunstância o exorcista pode fazer isso. A terceira pessoa é tradicionalmente um homem parente da pessoa possuída – normalmente o pai, irmão ou marido. Em alguns casos pode ser um amigo de confiança da família. Mas, em qualquer caso, é imperativo que esteja em boas condições de saúde e seja forte – tanto física como mentalmente. Se a pessoa possuída é uma mulher, muitos exorcistas providenciam que outra mulher esteja presente durante o ritual para evitar escândalos.

Antes de realizar o ritual do exorcismo, é costumeiro que o padre faça uma boa confissão e seja absolvido de todos os seus pecados para o caso de o espírito ou demônio que ele enfrentará tente usá-los contra ele durante o ritual. Ele então veste os trajes necessários para os padres exorcistas (um sobrepeliz e um sudário púrpura) e inicia o ritual. Durante o exorcismo, certas orações prescritas, tais como o Pater Noster (o Pai-Nosso), as Litanias dos Santos e o Salmo 54, são recitadas sobre o individuo possuído, freqüentemente em latim, uma vez que se acredita que as orações são mais eficientes quando recitadas nessa antiga língua.

Ao longo dessas recitações, o exorcista tradicionalmente faz o sinal-da-cruz, lê as escrituras e, às vezes, coloca suas mãos sobre a vítima. Ele também exige que o espírito maligno ou demônio que possuiu a pessoa revele seu nome e natureza, sucumba ao Filho de Deus e deixe sua vítima humana em paz. Quando o espírito maligno ou demônio finalmente parte, o exorcista reza a Jesus Cristo e pede que ele conceda sua divina ajuda e proteção à pessoa, que normalmente não retém memórias claras de sua possessão demoníaca ou do exorcismo. Se, todavia, o ritual de exorcismo não é bem-sucedido em expulsar o espírito maligno ou demônio de sua vítima, ele é então realizado repetidamente até que a entidade deixe o local. Isso pode levar horas, dias ou até mais tempo.

Na mídia o ritual de exorcismo está presente, por exemplo, em séries de televisão tal como na série Supernatural (Sobrenatural no Brasil). É evidente que não apenas esta série faz referência ao Ritual Romano - e a outros rituais de exorcismo, inúmeras poderiam ser as referências tais como o clássico O Exorcista ou o atual O Exorcismo de Emily Rose ou o seriado "Apparitions".
   


cena do seriado "Apparitions" da BBC

É importante levar em consideração que a fim de atender aos interesses do público nos seriados ou filmes o ritual apresentado não costuma seguir - e quase nunca segue - a originalidade do ritual de conjuração. Afinal em uma obra televisiva ou naquelas produzidas para o cinema o que conta é o espetáculo e a audiência.
Como alguns diriam: "Se fosse para representar a verdade como ela é não seria um filme seria um documentário."
faço este breve comentário porque com muita frequência tendemos a imaginar, mesmo que por um curto espaço de tempo, que tais produções cinematográficas são sempre embasadas em documentações confiáveis e amparadas em profundas pesquisas o que nem sempre é verdade.

Tudo bem. Feito este alerta transcrevo abaixo uma conjuração muito comum na série Sobrenatural, o ritual chamado, na série, de "Ritual de aprisionamento do demônio" (em uma tradução livre). 
O ritual está em latim e segue uma tradução pessoal para o português.







RITUAL DE APRISIONAMENTO DO DEMÔNIO (em latim)

Regna terrae, cantate Deo,
psallite Domino
qui fertis super caelum
caeli ad Orientem
Ecce dabit voci Suae
vocem virtutis,
tribuite virtutem Deo.


Exorcizamus te, omnis immundus spiritus
omnis satanica potestas, omnis incursio
infernalis adversarii, omnis legio,
omnis congregatio et secta diabolica.


Ergo draco maledicte
et omnis legio diabolica adjuramus te.
cessa decipere humanas creaturas,
eisque aeternae Perditionis venenum propinare.


Vade, Satana, inventor et magister
omnis fallaciae, hostis humanae salutis.
Humiliare sub potenti manu dei,
contremisce et effuge, invocato a
nobis sancto et terribili nomine,
quem inferi tremunt.


Ab insidiis diaboli, libera nos, Domine.
Ut Ecclesiam tuam secura tibi facias
libertate servire, te rogamus, audi nos.
Ut inimicos sanctae Ecclesiae humiliare digneris,
te rogamus, audi nos.


Ut inimicos sanctae Ecclesiae
te rogamus, audi nos.


Terribilis Deus de sanctuario suo.
Deus Israhel ipse truderit virtutem
et fortitudinem plebi Suae.
Benedictus Deus. Gloria Patri.

RITUAL DE APRISIONAMENTO DO DEMÔNIO
(traduzido para o português)

Reinos da terra, cantai a Deus,
Louvores ao Senhor
que levam acima do céu
do céu para o Oriente.
Eis que Ele envia sua própria voz,
Voz da Virtude.
Atributo a virtude de Deus.

Nós vos exorcizamos, a todo o espírito impuro,
todo poder satânico, cada incursão
do adversário infernal, cada legião,
toda congregação e seita diabólica.

Portanto, maldito demônio
e toda legião diabólica, nós vos suplicamos.
Cessa de enganar as criaturas humanas,
e dar a elas o veneno da perdição eterna.

Vá embora, Satanás, inventor e mestre
de todas as mentiras, inimigo da salvação da humanidade.
Seja humilde, sob a mão poderosa de Deus -
treme e foge - Eu invoco pelo
nos Nome Sagrado e Terrível
em que aqueles abaixo tremer.

Das ciladas do diabo, libertar-nos, Senhor.
De modo que tu possas fazer sua Igreja segura para servi-lo livremente
nós te pedimos, ouvi-nos.
Para que possais destruir os inimigos de Sua Sagrada Igreja,
nós te pedimos, ouvi-nos!

Que ... os inimigos do sua Sagrado da Igreja
nós te pedimos, ouvi-nos!

Deus é assustador sobre o seu próprio lugar sagrado.
O Deus de Israel, Ele mesmo vai ter excelência impulso
e força para o seu povo.
Bendito seja Deus. Glória ao Pai.

Download do livro
Ritual Romano - pdf

Fontes: wikipedia; oarquivo.com.br; arquivos pessoais

17 de fevereiro de 2011

Novos olhares sobre a Divina Comédia

Não é de hoje que menciono aqui no blog o grande escritor Dante Alighieri, em especial sua obra mais conhecida: A Divina Comédia. Um dos maiores motivos para repetidas menções deste autor e sua obra é a possibilidade que esta dá de imaginarmos como seriam todos aqueles cenários infernais, os lamentos do purgatório e a visão idílica do paraíso imaginados por Dante e descritos nos mínimos detalhes em sua obra. Quase sempre, no entanto, quando procuramos imagens retratando tais cenários encontramos as obras de Doré. Foi aliás, pesquisando o tema que me deparei com o site do IEL (Instituto de Estudo da Linguagem) da Unicamp e as obras de artistas atuais retratando as passagens da Divina Comédia. No site encontrei o texto Città Dolente do qual transcrevo parte abaixo. 

"A partir dos primeiros manuscritos da obra, amplamente disseminada nas cidades da Península Itálica nos séculos XIV, XV e XVI, iluminadores, pintores, escultores e arquitetos se debruçaram sobre as possibilidades, infinitas, oferecidas pelo poema de Dante: cenários, personagens da Antigüidade Clássica, bíblicos, da história contemporânea e da criação do poeta, episódios e processos narrativos forneceram subsídios e inspiração para o chamado Renascimento e os séculos posteriores."

Mais do que isso, o tema da Divina Comédia dá subsídios para a produção de artistas contemporâneos cujas obras, sempre muito sombrias, continuam a ecoar os gritos de horror medieval eternizados nas páginas preenchidas pela pena de Dante Alighieri.   

Aqui algumas imagens retiradas do site.


 Marcos Vinicius, 2007.
Acrílica sobre tela, 60x40 cm.
 
"Se belo quão feio ora é o seu modo,
e contra o seu feitor ergueu a frente,
só dele proceder deve o mal todo."

Canto XXXIV



















André Guilles, 2007 
Terracota e colher de pedreiro. 32x15x16 cm.
 
“O orgulho dele então tanto encolheu
que se deixou cair o arpão aos pés:
‘Não toquem', aos outros prescreveu.”

Canto XXI













Mário Cau, 2008.
Lápis e guache sobre papel, 41,8x30,2 cm.
 
"Musas, Grão Gênio, vossa potestade
me ajude; mente que o que eu via inscrevias,
aqui se atestará tua dignidade."

















Saul Carvalho, 2008.
Nanquim e sépia sobre papel, 32x24 cm.
 
“Cérbero, fera monstruosa e perversa,
caninamente c' o as três goelas late
para a gente que está na lama imersa.”



















Vitor Gorino, 2008.
Acrílica sobre tela, 60x60 cm.

“Para a alta torre do cimo candente,  
para onde juntas vi chegar, bem presto,
três Fúrias infernais, de sangue ungidas,
que tinham de femíneo o peito e o gesto”















Viviane Pancheri, 2006.
Nanquim, 29,7x42 cm.
 
“Aqui fazem as vis Harpias seus ninhos,
que expulsaram de Strófade os troianos
co' o cruel anúncio de tempos daninhos.”

2 de fevereiro de 2011

Edgar Allan Poe - de escritor gótico à detetive do século XIX

De acordo com o site Pipoca Moderna na matéria do dia 26 de janeiro de 2011 (por Caio Arroyo)

Edgar Allan Poe
"O canal americano ABC autorizou a produção do episódio piloto de uma série chamada Poe, que será uma reinvenção da vida do escritor gótico Edgar Allan Poe.
Na série, Poe será o primeiro detetive do mundo, que usa métodos não convencionais de investigações para soluciona crimes, na cidade de Boston do século 19.
A história vai mostrar que alguns dos mais famosos contos de Poe seriam, na realidade, inspirados em experiências de sua própria vida. O roteiro do episódio piloto é de Chris Hollier (série “Alias”) e Dan Lin (produtor do filme “Sherlock Holmes”).
Poe quer reinventar a história do famoso escritor americano ao estilo da nova versão de “Sherlock Holmes”. Por “coiincidência”, a trama do filme “The Raven”, atualmente em produção, parte de uma ideia parecida, ao colocar Edgar Allan Poe no encalço de um serial killer inspirado por seus livros."



John Cusack caracterizado como Allan Poe.
Foto divulgada no site Pipoca Moderna








































A idéia de se produzir um filme ou mesmo um seriado para televisão baseado nas histórias de Edgar Allan Poe - ainda que estes não sejam fieis ao trabalho original do escritor - nos faz pensar quanto tempo mais a indústria do cinema vai levar para transformar em filme os trabalhos de Howard Phillips Lovecraft. Bem... O jeito é esperar para que essa empreitada sirva como pontapé inicial que vá fazer ressurgir dos porões do século XIX todos esses escritores cujas histórias povoam nosso imaginário sombrio.