13 de maio de 2011

As Origens dos Deuses 5ª Parte - Deidades Cananéias

O mais proeminente dos deuses cananeus, era Baal, o deus da fertilidade, deidade do céu, da chuva e da tempestade. Nos textos de Ras Xamra, Baal muitas vezes é chamado de filho de Dagon, embora se fale também de El como seu pai. Anate, irmã de Baal, aparece como referindo-se a El como seu pai, e este, por sua vez, chama-a de sua filha. Assim, provavelmente, Baal era considerado filho de El, embora pudesse também ter sido encarado como neto de El. Nos relatos mitológicos, descreve-se a Baal como atacando e vencendo a Iam, deus que presidia às águas e que parece ter sido o filho favorito ou amado de El. Mas, Baal é morto na sua luta com Mot, encarado como um filho de El e deus da morte e da aridez. De modo que Canaã, tal qual Babilônia, tinha seu deus que sofrera morte violenta e fora depois trazido de volta à vida.

Anate, Axerá e Astorete são as principais deusas mencionadas nos textos de Ras Xamra. Todavia, parece ter havido considerável coincidência nas funções dessas deusas. Na Síria, onde os textos de Ras Xamra foram achados, Anate talvez fosse considerada esposa de Baal, visto que ela, embora repetidas vezes mencionada como “donzela”, é apresentada como tendo relações sexuais com Baal. Além disso, foi dito que Anate teria tido setenta e sete filhos com ele, depois de terem copulado nas formas de vaca e touro. Em conexão com Baal, porém, outros registros mencionam apenas Astorete e o poste sagrado, ou Axerá. Assim, às vezes, Axerá, ou então Astorete, talvez fossem consideradas esposas de Baal.


Figura estilizada inspirada na deusa Anat.

Seu prazer em tal derramamento de san-
gue é refletido nas palavras: 

“O fígado dela incha de riso, o coração
dela enche-se de alegria.”

— Ancient Near Eastern Texts
(Textos Antigos do Oriente Próximo),
editado por J. Pritchard, 1974,
pp. 136, 137, 142, 152.
 Anate é descrita como a mais bonita das irmãs de Baal, mas como tendo um gênio extremamente violento. Ela é retratada como ameaçando esmagar o crânio de seu pai, El, fazer o cabelo grisalho dele jorrar sangue e sua barba grisalha ficar com sangue coagulante, se ele não acedesse aos desejos dela. Em outra ocasião, mostra-se Anate numa orgia de matança. Antes de Anate entrar na batalha se prepara pela própria unção com henna e âmbar, e vestia-se de açafrão (ouro) e vestuário (roxo) murex tingidas, sendo que ambos são notoriamente caros. Ela então começa a abater os inimigos de Baal, no oeste e leste. Rindo em alegria, ela vadeia de joelhos no sangue dos soldados, "para suas coxas no sangue de gurreiros rápidos". Quando o abate tiver sido concluído (e demora um pouco), então ela lava-se na água de chuva de seu irmão Baal, e novamente se adorna com âmbar.
Ela prendia cabeças nas suas costas, e mãos no seu cinto.
Algumas fontes indicam que o deus El era considerado o criador e soberano. Embora El parece ter ficado um tanto afastado dos assuntos terrestres, ele é repetidas vezes mostrado como contatado por outras divindades com solicitações. El é retratado como filho rebelde que destronou e castrou seu próprio pai, e também como tirano sanguinário, assassino e adúltero. Nos textos de Ras Xamra, El é mencionado como “pai touro” e é representado com cabelo e barba grisalhos. Sua consorte era Axerá, mencionada como progenitora dos deuses, ao passo que El é colocado no papel de progenitor dos deuses.

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