"A natureza genética das porfirias, juntamente com alguns costumes endogâmicos (casamento entre membros de uma mesma família) em alguns grupos étnicos da Europa Oriental e entre a nobreza européia em geral, poderia ter desencadeado a doença em pessoas geneticamente ligadas. Pode vir daí a lenda da maldição familiar dos Lobisomens e/ou de ser Lobisomem o sexto ou sétimo filho do casal ou coisas assim.
O Alho, Vampiros e LobisomensHá uma crença folclórica sobre o poder do alho para afugentar vampiros. Quais seriam os fundamentos dessa crença?
Existe no fígado uma enzima chamada de Citocromo P450, cuja função seria, junto com outras enzimas, remover do organismo substâncias não solúveis em água produzindo produtos xenobióticos hidrossolúveis, cumprindo assim uma das funções desintoxicantes do fígado.
Como acontece com a hemoglobina, o Citocromo P450 possui o grupo Heme que, neste caso, cumpre uma tarefa diferente. Quando o Citocromo P450 hepático está metabolizando uma amplia variedade de drogas e outros compostos orgânicos, seu grupo Heme pode ser destruído.
Muitas drogas e compostos orgânicos que destroem o grupo Heme do Citocromo P450 hepático, têm muito em comum com um dos principais componentes do alho, o dialquilsulfito, que além de tudo é volátil. Isso sugere que a ingestão ou aspiração de alho aumenta a severidade de um ataque de porfiria, pois o complexo Heme, modificado pela destruição do Citocromo P450 hepático, é um potente inibidor da enzima ferroquelatase, portanto o alho não só destrói o grupo Heme, mas também decompõe o aparato biosintético do mesmo.
Assim sendo, se o Heme não é sintetizado no organismo, não poderá inibir o excesso de síntese de porfirinas por retroalimentação negativa (feed-back) e, essa ruptura do equilíbrio é o que agrava o ataque de porfiria. Essa seqüência química faz com que o alho seja extremamente danoso aos portadores de porfiria."
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