Fotosensibilidade, que se apresenta em todos tipos, menos na chamada Forma Aguda Intermitente. Esta fotosensibilidade é o resultado do acúmulo de porfirinas livres de metal na pele produzindo sérias lesões:1) Hirsutismo. Para o organismo proteger-se da luz, o pelo cresce exageradamente e em lugares não habituais, como no vão dos dedos e dorso das mãos, nas bochechas, no nariz, enfim, nos lugares mais expostos à luz. Evidentemente esses pacientes devem sair quase que exclusivamente à noite.- Pigmentação. A pele pode apresentar também zonas de pigmentação ou de despigmentação e os dentes podem ser vermelhos fazendo que o aspecto do doente se afaste cada vez mais do ser humano normal e se aproxime da idéia de um monstro.
- Evitam o Sol. As porfirinas acumuladas na pele, podem absorver luz do sol em qualquer longitude, tanto no espectro ultravioleta, como no espectro visível e logo transferir sua energia ao oxigênio que provêem da respiração. O oxigênio normalmente não é tóxico, mas com o excesso de energia transferido pelas porfirinas, o oxigênio se libera sob a forma de oxigênio altamente reativo.
Este oxigênio altamente reativo, produz destruição dos tecidos, predominantemente os mais distais e mais expostos, como é o caso das pontas dos dedos, orelhas e o nariz, etc, oxidando essas áreas de forma violenta, com severa inflamação em forma de queimação.
Assim sendo, quando esses pacientes se expõem à luz, suas mãos se convertem em garras e sua face, peluda em sua totalidade, mostra uma boca permanentemente aberta por lesões repetitivas dos lábios. Estando os dentes descobertos, adquirem aparência maior, sugerindo presas. As narinas, pelos mesmos motivos das lesões, se apresentam voltadas mais para cima e como orifícios tétricos e escuros.
A Porfiria, como o paciente ao lado, entrevistado
em programa de tv, pode deixar a pessoa com esse aspecto hirsudo, talvez
originando daí a lenda do LobisomenDessa forma teremos o lobisomem tal qual descrito pelo mito do Homem-Lobo. Imaginemos agora, na metade do século XIV, a possibilidade de encontrarmos em meio de una noite escura, esse tipo de paciente que sai de noite para evitar o dano que produz a luz, com a aparência descrita acima.
O imaginário popular cria monstros e lobisomens que podem inspirar pacientes com severa psicose a se comportarem como tais.
O Sangue da vítima
As Porfirias são doenças genéticas e sem cura, atualmente. Mesmo que alguns dos sintomas não possam ser aliviados, atualmente o principal tratamento para algumas porfirias, é a injeção de concentrados de glóbulos vermelhos (hemácias) ou soluções de Grupo Heme. Além disso, recomenda-se ao doente o uso continuado de filtros solares.
Mas, na Idade Media, a injeção do pigmento Heme ainda não era possível, e nem havia sido descoberto. Podemos das asas à imaginação e supor que, em algum momento, algum paciente mais desesperado tenha sido induzido ou orientado por algum curandeiro a comer ferro ou carne crua, senão a beber sangue. A própria carência de Heme ou ferro pode desenvolver essa inclinação alimentar.
Na realidade não se sabe como, mas não é difícil imaginar a pulsão que algum porfírico deve ter sentido em beber grandes quantidades de sangue e melhorar seus sintomas com isso. Nascia assim, não apenas o Lobisomem, como também o Vampiro. As descrições literárias e folclóricas da época (e até hoje) se incumbiram em oferecer um conteúdo cultural suficientemente denso para compor o cenário do delírio licântropo de muitos doentes mentais.
De fato, em um severo transtorno mental o paciente poderia valer-se do estereotipo do lobisomem e comportar-se como tal.
continua...
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