Um tema de natureza obscura sobre o qual muitas pessoas gostam de debater está relacionado às bruxas, mas diferentemente da corrente tradicional julguei fazer, dentro do possível, uma exposição mais científica e histórica do tema e por isso decidi transcrever abaixo parte de um artigo que encontrei sobre psicopatologias.
"... A histeria (neste caso será tratada como característica daquelas mulheres tidas por bruxas) sempre existiu na história humana, sempre acompanhou o ser humano desde sua introdução na vida gregária. Descrições de quadros de histeria são encontradas nos papiros egípcios que datam de 4 mil anos, como o de “Kahun”. O histórico documento descrevia vários sintomas encontrados em mulheres, normalmente representados por dores em diversos órgãos, variando até a impossibilidade de abrir a boca, caminhar e mexer as mãos. Na antiguidade, todos estes distúrbios eram remetidos a uma causa uterina.
Este órgão, supostamente acometido de inanição por descaso matrimonial ou crueldade do destino, deslocar-se-ia através do corpo feminino, prejudicando ora aqui ora ali o funcionamento dos diversos órgãos. O tratamento consistia em fazer o útero retornar ao seu local de origem. Essa recolocação do útero se fazia mediante a inalação de substâncias fétidas ou através de estranhas estripulias vaginais que o colocariam em seu devido lugar. ..."
Este órgão, supostamente acometido de inanição por descaso matrimonial ou crueldade do destino, deslocar-se-ia através do corpo feminino, prejudicando ora aqui ora ali o funcionamento dos diversos órgãos. O tratamento consistia em fazer o útero retornar ao seu local de origem. Essa recolocação do útero se fazia mediante a inalação de substâncias fétidas ou através de estranhas estripulias vaginais que o colocariam em seu devido lugar. ..."
Neste caso ainda não há nenhuma associação entre este quadro psicológico e a bruxaria, mas é interessante notar que a histeria e a sexualidade femina estariam associadas. Tal associação encontraria base até mesmo em Platão e Hipócrates, este último tido até hoje como patrono da medicina. E assim é descrito o tratamento de Hipócrates para histeria:
"... consistia em reconduzir o útero ao seu lugar de origem através de remédios que eram inalados e fumigações de preparados exóticos. A relação entre histeria e, digamos, preenchimento vaginal, era tão marcante que um bom remédio para os casos onde a doente perdia a voz e cerrava os dentes, seria introduzir-lhe na vagina um pessário (consolo) embebido em substâncias perfumadas até que o útero voltasse ao seu lugar [...] O tratamento preventivo, conseqüentemente, era o casamento para as jovens solteiras e o coito para as casadas, discretamente para as viúvas também..."
[...]
"Mas, a trajetória do eloqüente poder dos órgãos sexuais femininos não atravessava apenas séculos, eles se universalizavam entre as diversas culturas com, basicamente, a mesma teatralidade. Segundo Marilita Lúcia Calheiros de Castro, os Murias, um antigo povo indígena, tinham uma lenda sobre “as vaginas dentadas” das mulheres que abandonavam seus corpos para ir roer as colheitas durante a noite..."
Mas a questão é: Em que momento entram as bruxas?
Para quem já assistiu um filme clássico de bruxaria "hollywoodiana" fica latente a imagem que durante anos foi passada da bruxa como sendo uma mulher obscuramente e podemos dizer essencialmente sensual portadora de uma grande capacidade de sedução que em todos os casos relaciona-se a suas práticas mágicas e ocultas.
Apenas para citar um exemplo da promoção da imagem sensual da bruxa por Hollywood pode-se citar (embora o exemplo pudesse ser melhor) o filme The Craft (jovens bruxas).
Ao descrever a personalidade de pessoas "histéricas" o artigo em questão menciona entre outras coisas "... seu caráter afetado, exagerado, exuberante como se estivesse fingindo..." e quase toda bruxa de Hollywood o é "... Os pacientes histriônicos (nome clínico dado aos portadores dessa psicopatologia) tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, apresentam acessos de mau humor, lágrimas e acusações..."
"... Representar papéis é a especialidade mais eficiente da histérica, assim, com muita propriedade ela representa aquilo que mais impressiona espectadores. Vem daí a idéia de que, entre tais papeis, essas pacientes costumam ser pseudo-hiper-sexuais, retrato superficial de sua pseudo-hiperfeminilidade..."
É aí que entra a figura da bruxa clássica na história. Por exemplo seu caráter contestador poderia ser associado a heresia pela igreja bem como seu exagero de pensamentos e é claro como não deveria deixar de ser como já mencionado até aqui sua conotação extremamente sexual seria uma clara evidência de possessão demoniaca, consequencia de possíveis práticas ocultas, cabe lembrar que isto tudo ocorria numa época de grande repressão da sexualidade.
Julgamento de Bruxas (histéricas) - A expansão do saber médico acabou retirando a natureza "demoníaca" da histeria, mas não conseguiu integrá-la adequadamente em suas classificações nem em sua seriedade clínica.
BRUXARIA OU HISTERIA -PARTE 2
Nos dias atuais a representação clássica das bruxas vem ha muito sendo desvinculada da pessoa vítima de uma neurose e antagônicamente, graças ao cinema talvez, sendo associada ao oculto, obscuro e satânico, não que em algum momento da história tenha sido diferente.
BRUXARIA OU HISTERIA -PARTE 2
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