19 de agosto de 2011

Divulgação do livro Mercurius

Um jovem descobre que sua família guarda segredos antigos; um homem foi morto e outro está desaparecido. Envolvido em uma teia de filosofias antigas, seres do Mundo Outro e provavelmente caçadores que se alimentam de sangue, ele luta para saber quem é e o que deve fazer.

Esta é uma sinopse de Mercurius  escrito por Afonso Jr. Ferreira de Lima a quem já dediquei outra postagem há algum tempo. Para todos aqueles que apreciam contos nacionais esta é mais uma dica.

Mercurius

de

Afonso Jr. Ferreira de Lima


Primeira Parte


Pobre diabo,
que hás-de tu dar-me? (...) Tens iguarias
que não matam a fome; oiro que fulge,
mas que igual ao mercúrio, escapa aos dedos (...)
O que eu preciso,
se o tens, são frutos a pender de copa
sempre frondosa, e que antes de apanhados
não tenham já por dentro o podre e os vermes.
Goethe, Fausto.

Afonso Jr. Ferreira de Lima
Pensei: “Adormeço”... Agora eu estava em um trem, tentando fugir para a fazenda do meu avô, no sul, de alguma coisa que nem eu sabia o que era. Como se todo o mundo fosse escuro, sombrio, silencioso e estivesse envolvido nas sombras da noite. A paisagem, um cinza frio que transformava árvores secas, pedras pontiagudas e pássaros solitários em uma grande ruína abandonada. Nuvens pesadas pareciam prestes a atacar com raio e tempestade.
O que eu vira? Estava atacando uma mulher? Haveria mesmo seres que se alimentavam de sangue? Eu lia desde criança histórias sobre cadáveres descobertos intactos em suas tumbas, terra revirada sobre os túmulos, caixões encontrados abertos, unhas e cabelos que crescem depois da morte, corpos com sangue na boca e famílias que morreram logo após a partida de um ente querido. Meus desenhos estranhos assustaram professoras sucessivas.
Não ajudava a humilhação diária que sofria, “sabetudo”, “filhinho-de-papai”, “bicha”, “rato-de-biblioteca”, porque, além de calado, não gostava do futebol. “É rico, mas não tem mãe” - uma garota falou uma vez. Sorte ter um amigo, Jonas – bem inteligente. Eu sempre tive uma imaginação indomável, mas dizia agora a mim mesmo: “há um limite”. Minha psicóloga achava que eu era ao mesmo tempo adulto demais e fugia para a fantasia para evitar as dores da realidade. Que realidade?
Lorde Kevin, o grande industrial amigo de meu pai, era para mim uma figura assustadora: desde criança eu imaginava vê-lo ao lado de minha cama, na minha janela ou pousado na árvore à frente de meu quarto, em uma espécie de realidade paralela na qual eu tentava me mover e não podia. 

Afonso Jr. Lima, 2011 - Clube de Autores
ALGUNS LINKS PARA O AUTOR
 Alguns Contos, de 2006.


Dramaturgia Contemporânea.
http://www.dramaturgiacontemporanea.com.br/artigos.php?art=1&autor_id=58


Cronópios - Contos:
http://www.cronopios.com.br/site/prosa.asp?id=5078

http://hqdapaz.blogspot.com/


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