Foto manipulação para Síndrome de Cotard. Por Cunegonda |
Andar por entre as pessoas já não lhe era mais permitido pois sua consciência lhe impedia de expôr aos transeuntes o asco de sua agonia. E assim, dia após dia "vivia" tendo em seus delírios convulsivos a certeza de já não mais estar vivo, mas ser apenas uma criatura qualquer, um condenado a perambular em seu inferno particular como um morto-vivo.
Esta bem poderia ser uma forma de descrever a percepção que o portador da Síndrome de Cotard tem de seu próprio corpo. A síndrome de Cotard é uma condição médica na qual a pessoa apresenta a crença delirante de estar morto ou de que seus órgãos estejam paralisados ou podres, ou ainda de que amigos, familiares, o mundo à sua volta não mais existem ou estão em via de não mais existir.
A síndrome foi descrita pela primeira vez em 1880 pelo psiquiatra que daria seu nome à esta síndrome, Jules Cotard. Seu objeto de estudo? Uma mulher de 43 anos que afirmava não possuir cérebro ou entranhas e cuja síndrome ainda a fizera crer que, por estar morta, existiria eternamente não havendo Deus ou Diabo apenas ela.
Ainda segundo outra fonte alguns indivíduos chegam a acreditar que não se encontram mais na Terra e que estão de fato mortos e suas almas se encontram presas no purgatório como foi o caso de um homem que após ter sofrido um grave acidente pensou estar sendo levado para o inferno devido ao forte calor que sentia quando na verdade estava sendo levado de volta à sua terra natal na África do Sul.
Jules Cotard em foto de 1879 |
O forte delírio niilista que se caracteriza como o principal sintoma da síndrome e pode se apresentar em diferentes graus de gravidade desde sentimentos de desespero à negação do próprio mundo e está relacionado ao aspecto melancólico de um indivíduo e à depressão profunda e quadros psicóticos.
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