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31 de março de 2011

Bernardo Guimarães


Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 15 de agosto de 1825. Quatro anos depois, muda-se com sua família para Uberaba, onde cursou a escola primária. Posteriormente, completa a instrução secundária em Campo Belo e Ouro Preto.
Ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1847, tardiamente, aos 24 anos. As letras jurídicas não eram a sua vocação, tanto que foi reprovado na prova de conclusão de curso e, para receber o diploma de bacharel, precisou fazer uma “segunda-época”, espécie de recuperação, vindo a receber o título apenas no ano seguinte.

No meu aniversário
[...]

Amigo, o fatal sopro da descrença
Me roça às vezes n'alma, e a deixa nua,
E fria como a laj em do sepulcro;
[...]

Ah! tudo é incerteza, tudo sombras,
Tudo um sonhar confuso e nebuloso,
Em que se agita o espírito inquieto,
Até que um dia a plúmbea mão da morte
Nos venha despertar,
E os sombrios mistérios revelar-nos,
Que em seu escuro seio
Com férreo selo guarda a campa avara.
 
Foi no ambiente acadêmico que Bernardo Guimarães consolidou sua vocação para a literatura. Lá, reuniam-se escritores como José de Alencar e Alvarez de Azevedo, de quem Bernardo se tornou amigo íntimo. Esse ambiente era marcadamente festivo, literário, boêmio e estava grandemente influenciado pelas idéias do romantismo, movimento artístico que se iniciou na Europa e se desenvolvia no Brasil desde 1838, movimento esse que dava vazão aos sentimentos e emoções do indivíduo, à popularização da produção artística e à valorização dos elementos característicos da cultura nacional.

Publicou seu primeiro livro de poesias, “Cantos de solidão”, em 1852, no mesmo ano que recebeu o título de bacharel em Direito. Não teve, entretanto, grande sucesso, pois os poemas eram de caráter satírico e erótico, incompatíveis com o gosto literário da época.

A partir de 1869, Bernardo Guimarães começou a se destacar como escritor de prosa de ficção, com a publicação do romance "O Ermitão de Muquém", cujo enredo é contado em quatro pousadas por um companheiro de viagem. Três anos depois publicou duas de suas principais obras: "O Seminarista" e "O Garimpeiro". A consagração e a popularidade do escritor vieram à tona com a publicação do romance "A Escrava Isaura", em 1875, em meio a efervescente campanha abolicionista.


Faculdade de Direito do Largo de São Francisco
por volta da época em que Bernardo Guimarães
lá estudou
 O escritor é conhecido na nossa literatura como o contador de “casos”, já que a característica mais importante de seus romances é o tom coloquial que imprime à narrativa. Reconhecemos neles a influência do ambiente e costumes sertanejos, onde as histórias são contadas “à soleira de um rancho ou ao redor de uma fogueira, para passar o tempo”. Com relação ao “conteúdo dos casos”, os fatos são dispostos de maneira tão surpreendente que se tornam dignos de serem narrados e interessantes de serem ouvidos, de maneira que o leitor se sente “preso” à narrativa.

Bernardo Guimarães conseguiu adequar a trama romântica, onde um vilão ou outro obstáculo separa o herói e a heroína, até que se chegue a um final trágico ou feliz, depois de muita aventura e suspense, à realidade que o ambienta, para recriar o modo de vida do sertanejo brasileiro e da região em que ele se situa. O escritor também se preocupou em apresentar o caráter do homem do sertão, enfatizado seus traços psicológicos de tal maneira que chega a se aproximar das características que marcariam o estilo literário posterior, como o realismo e o naturalismo.
Ele veio a falecer em 1884, aos 58 anos. Só muitos anos depois foi que Bernardo Guimarães veio receber as homenagens póstumas. Em 1896, foi nomeado patrono da cadeira nº. 5 da Academia Brasileira de Letras.

Downloads:
A Dança dos Ossos - pdf
A Escrava Isaura - pdf
A Orgia dos Duendes  - pdf
A Origem do Mênstruo  - pdf
Canto da Solidão  - pdf
Histórias e Tradições da Província de Minas Gerais  - pdf
Inspirações da Tarde  - pdf
O Devanear do Céptico  -pdf
O Elixir do Pajé  - pdf
O Ermitão do Muquém  -pdf
O Garimpeiro  -pdf
O Humor e a Ironia em Bernardo de Guimarães  -pdf
O seminarista  -pdf
Produções Satíricas e Bocageanas de Bernardo de Guimarães  - pdf
Rozaura, a enjeitada  - pdf

Fontes:
Autora do texto principal: Paula Perin dos Santos: http://www.infoescola.com/autor/paula-perin-dos-santos/54/

OLIVIERI, Antônio. Um contador de casos. IN: GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura. 20 ed. São Paulo, Ática, 1998.
Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1999.

25 de março de 2011

O Caibalion - Tradição hermética

A palavra Caibalion (ou Kybalion) tem a mesma origem de Cabala (Qabala), e significa revelação ou tradição superior. É um tratado escrito por três filósofos herméticos sobre os sete princípios que regem o universo e são a base da magia. Essas leis demonstram como funciona o universo e como refletem diretamente nos fatos da vida cotidiana. As origens dos ensinamentos do Caibalion, supostamente, estão associadas ao filósofo Hermes.
Acredita-se que a origem de Hermes seja indo-européia, e que teria ensinado a arte da alquimia, astrologia e algumas práticas mágicas, além das bases de Verdades Universais em várias partes do mundo. Conhecido pelos egípcios como Toth e pelos romanos como Mercúrio, Hermes também é chamado de Logos (verbo-de-Deus-feito-carne), e alguns cristãos atribuíram a Jesus algumas de suas características. Também é representado entre os nativos norte-americanos como um corvo, coiote ou lebre. Acredita-se até mesmo que a química, a astronomia e a física surgiram através de suas mãos.
Pitágoras, assim como dizem que os druidas também, era versado nos princípios herméticos. Os romanos acreditavam que os druidas tinham aprendido com Pitágoras sobre hermetismo. Porém, alguns estudiosos encontraram provas de que Pitágoras tinha sido instruído pelas sacerdotisas druidas da Tracia (?). Supõe-se que na Idade Média, Deus reapareceu como Hermes Trimegisto (o Três Vezes Sábio).

Mais algumas informações sobre Hermes Trimagisto e suas obras podem ser obtidas seguindo-se o link acima onde está disponível o download do Caibalion. O download deste e de outros livros também está disponível na página LITERATURA.

22 de março de 2011

Augusto dos Anjos

Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) nasceu na Paraíba no engenho de Pau d’arco, Vila do Espírito Santo. Filho de donos de engenho, ele vivenciou a decadência da antiga estrutura, substituída pelas usinas de cana-de-açúcar. Forma-se em Direito em Recife, mas retorna à Paraíba, indo lecionar Literatura Brasileira em João Pessoa.
Casa-se com Ester Fialho em 1910. Neste mesmo ano, devido a um desentendimento com o governador, é afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano. Assim, muda-se para o Rio e passa a ensinar no Colégio Pedro II. No ano seguinte, perde prematuramente seu primeiro filho.
Apesar da vida conturbada, Augusto dos Anjos é um poeta único em nossa literatura. Sua poesia é a soma de todos os “ismos”: sem ser moderno, mas também sem ter somente características simbolistas ou parnasianas, ele é um poeta de transição. Seu único volume de poesias, “Eu” (1912), é uma obra que reflete a superação das antigas concepções poéticas e a busca por um novo caminho.
Há quem diga que o poeta fazia poesia com “bula de remédio” ou com descrições originadas em aulas de Anatomia Humana. Isso se deve ao fato de o poeta adotar o vocabulário das ciências biológicas para falar da morte, da decomposição da matéria, expressando uma versão trágica da existência.

“Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!”
(“O Deus-Verme”)

Através de uma poesia formalmente trabalhada, numa linguagem cientificista-naturalista, ao lado de uma poesia sem rodeios, objetiva, Augusto dos Anjos atingiu uma popularidade incrível. Nela, ele exprimia seu “pessimismo”, sua angústia diante dos problemas pessoais e a incerteza diante de um novo século e uma Guerra Mundial emergente. Daí a constância do tema “morte” e, após ela, nada mais além da desintegração e dos vermes:

“E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!”
(“Idealização da Humanidade Futura”)

Usando de forma inusitada palavras estranhas até então consideradas “inadequadas” para a construção da grande poesia, Augusto dos Anjos criou grandes efeitos sonoros e rítmicos: a musicalidade, um de seus dotes mais admirados, exerce forte influência em nossa sensibilidade. Mesmo talentoso, o poeta falece aos 30 anos, em 12 de novembro de 1914, dez dias após uma forte gripe em Leopoldina, Minas Gerais, onde assumiria a direção de um grupo escolar.

Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!



Abordagem biográfica

O aspecto melancólico da sua poesia, que a marca profundamente, é interpretado de diversas maneiras. Uma vertente de críticos, na qual se inclui Ferreira Gullar, fundamenta a melancolia da obra na biografia do homem Augusto dos Anjos. Para Gullar, as condições de nossa cultura dependente dificultam uma expressão literária como a de Augusto dos Anjos, em que se rompe com a imitação extemporânea da literatura européia. Essa ruptura de Augusto dos Anjos ter-se-ia dado menos por uma crítica à literatura do que por uma visão existencial, fruto de sua experiência pessoal e temperamento, que tentou expressar na forma de poesia. A poesia de Augusto dos Anjos é caracterizada por Gullar como apresentando aspectos da poesia moderna: vocabulário prosaico misturado a termos poéticos e científicos; demonstração dos sentimentos e dos fenômenos não através de signos abstratos, mas de objetos e ações cotidianas; a adjetivação e situações inusitadas, que transmitem uma sensação de perplexidade. Ele compara a miscigenação de vocabulário popular com termos eruditos do poeta ao mesmo uso que faz Graciliano Ramos. Descreve ainda os recursos estilísticos pelos quais Augusto dos Anjos tematiza a morte, que é personagem central de sua poesia, e o compara a João Cabral de Melo Neto, para quem a morte é apresentada de forma crua e natural.



Abordagem psicanalítica

Outros, Como Chico Viana, procuram explicar a melancolia através dos conceitos psicanalíticos. Para Sigmund Freud, a melancolia é um sentimento parecido com o luto, mas se caracteriza pelo desconhecimento do melancólico a respeito do objeto perdido. A origem da melancolia da poesia de Augusto dos Anjos estaria, para alguns críticos, em reflexões de influências politica com os problemas de sua família, e num conflito edipiano de sua infância.

Abordagem bloomiana


Arte tumular sobre a campa de
Augusto dos anjos

A MORTE DE VÊNUS

Velhos berilos, pálidas cortinas,
Morno frouxel de nardos recendendo
Velam-lhe o sono... e Vênus vai morrendo
No berço azul das névoas matutinas!
Halos de luz de brancas musselinas
Vão-lhe do corpo virginal descendo
- Abelha irial que foi adormecendo
Sobre um coxim de pérolas divinas.
E quando o Sol lhe beija a espádua nua,
Cai-lhe da carne o resplendor da Lua
No reverbero dos deslumbramentos...
Enquanto no ar há sândalos, há flores
E haustos de morte - os últimos clangores
Da música chorosa dos mementos!
Há ainda aqueles que tentam analisar a poesia de Augusto dos Anjos baseada em sua criatividade como artista, de acordo com o conceito da melancolia da criatividade do crítico literário norte-americano Harold Bloom. O artista seria plenamente consciente de sua capacidade como poeta e de seu potencial para realizar uma grande obra, manifestando, assim, o fenômeno da "maldição do tardio". Sua melancolia viria da dificuldade de superar os "mestres" e realizar algo novo. Sandra Erickson publicou um livro sobre a melancolia da criatividade na obra de Augusto dos Anjos, no qual chama especial atenção para a natureza sublime da poética do poeta e sua genial apropriação da tradição ocidental. Segundo a autora, o soneto é a égide do poeta e, munido dele, Augusto dos Anjos consegue se inserir entre os grandes da tradição ocidental.



Downloads:
Eu - pdf


Fontes:

Autora do texto principal - Paula Perin dos Santos:
http://www.infoescola.com/autor/paula-perin-dos-santos/54/

http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Augusto+dos+Anjos&ltr=a&id_perso=252

ANJOS, Augusto dos. Toda a poesia. 2 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.
NICOLA, José de Nicola. Literatura Brasileira: da origem aos nossos dias. 6 ed. São Paulo, Scipione, 1987, p. 157-159.
TUFANO, Douglas. Estudos de Literatura Brasileira. 3 ed. São Paulo, Moderna, 1985, p. 99.

21 de março de 2011

Mary Shelley


FRANKENSTEIN
Capítulo 3

"A chuva espancava a vidraça. Era uma hora da manhã.
Pus a maquinaria em funcionamento e, ao receber a
descarga de energia, a criatura abriu seus grandes olhos
amarelados. Ao ver que ele tinha… vida, meus olhos se
arregalaram e minha pele se arrepiou. Lembro de ter me
encostado na parede, como se quisesse fugir dali, en-
quanto via a criatura mexer os braços de modo débil.
Em meu pensamento a frase “O que foi que eu fiz?!
O que foi que eu fiz?!” gritava ininterruptamente.

A criatura se sentou na mesa onde estava. Sua pele era
amarela, como a dos cadáveres de alguns dias. Eu havia
escolhido seus membros e selecionado seus contornos
para que ele fosse belo. Seu cabelo era negro, mas estava
todo mal cortado devido a algumas incisões que tive que
fazer na cabeça. Seus dentes eram brancos, mas agora que
sua boca se mexia produzindo sons ininteligíveis, sua den-
tadura parecia desproporcional ao resto do rosto, e o con-
traste com os lábios pretos era repugnante. Quando
a criatura pôs-se de pé, senti um arrepio se alastrar pela
minha coluna, minhas pernas tremiam e tudo o que eu queria
era fugir.

Saí correndo do laboratório. Na ânsia pelo conhe-
cimento eu tinha dado vida a uma coleção de cadáveres. Seu
aspecto era terrível. Quando não tinha vida eu sabia que era
feio, mas pensava que, quando estivesse vivo, o fato de
representar uma revolução científica o fizesse, de certa forma,
mais bonito. Mais uma vez estava enganado. Viva, aquela
criatura era realmente grotesca. Sua aparência era terrível,
capaz de assustar qualquer um."
Mary Wollstonecraft Godwin nasceu em 1797 e faleceu em 1851 deixando apenas um filho e várias obras publicadas, porém, é geralmente lembrada por uma única obra de grande sucesso intitulada: Frankenstein.
Mary Shelley era filha de Mary Wollstonecraft, considerada uma das primeiras feministas e que, infelizmente, morreu dez dias após o nascimento da filha. Ela ficou conhecida pela publicação das obras “A Reivindicação dos Direitos da Mulher (1792)” e “Os Erros da Mulher”. O pai de Mary Shelley, William Godwin, era jornalista, escritor e teórico anarquista, considerado o precursor da filosofia libertária. Publicou a obra “Uma Investigação Concernente à Justiça Política” (1793) que o tornou famoso e mais algumas obras dentre as quais destacamos “As Coisas Como São” e “As Aventuras de Caleb Williams” (1794).


Retrato de Percy Bysshe Shelley

Percy Bysshye Shelley nascido em Field Place,
Horsham, em 4 de agosto de 1792 e faleceu em 
Mar Ligure, Golfo de Spezia em 8 de julho de
1822. Foi um dos mais importantes poetas român-
ticos ingleses. Shelley é famoso por obras tais
como Ozymandias, Ode To The West Wind, To
a Skylark, e The Masque of  Anarchy, que estão
entre os poemas ingleses mais populares e aclama-
dos pela crítica. Seu maior trabalho, no entanto,
foram os longos poemas, entre eles Prometheus
Unbound, Alastar, or The Spirit of Solitude,
Adonaïs, The Revolt of  Islam, e o inacabado The
Triumph of Life.
The Cenci (1819) e Prometheus Unbound (1820)
são peças dramáticas em 5 e 4 atos respectivamente.
Ele também escreveu os romances góticos Zastrozzi
(1810) e St. Irvyne (1811) e os contos The Assassins
(1814) e The Coliseum (1817).

 
O Funeral de Shelley

(Percy Bysshe Shelley)
 por Louis Edouard Fournier (1889);
 da esquerda para direita Trelawny, Hunt e Byron

Como boa filha de seus pais, Mary publicou seu primeiro poema aos dez anos de idade e aos dezesseis, ousadamente, fugiu de casa para viver com Percy Bysshe Shelley, apenas cinco anos mais velho, mas já bastante famoso poeta romântico que se casara há apenas cinco anos antes com Harriet Westbrook com quem tivera dois filhos. Após o suicídio de Harriet, Mary e Percy se casaram, em 1816 e Mary adotou o sobrenome de seu marido passando a se chamar de Mary Wollstonecraft Shelley.
A fuga de ambos os levou a se encontrar com Lord Byron em Genebra, na Suíça, com quem manteriam bastante contato e que teria sido o responsável por instigar Mary a escrever sua obra mais famosa. Segundo a história, Mary e Percy Shelley, Claire Clairmont e Lord Byron estavam em mais uma de suas reuniões quando Byron propôs a Mary que escrevesse a mais terrível história que pudesse. Encorajada por Percy, um ano depois Mary publicaria sua obra intitulada “Frankenstein, ou Moderno Prometeus” (título completo) com um prefácio, não assinado, dele mesmo e que lograria enorme sucesso.
Mas, ao contrário do que muitos podem afirmar, e do que se tornaram os filmes que, mais tarde, tentariam reproduzir a belíssima história de Mary Shelley, Frankenstein não é uma história de terror. Frankenstein fala da história de um cientista (Victor Frankenstein) que obcecado por tentar recriar a vida, fica horrorizado ao ver que cometera um erro. Em uma certa parte do livro ele chega a refletir sobre sua responsabilidade sobre o que fizera e a criatura à quem dera a vida, e o quão errada é a busca cega e pelo conhecimento.

Em 1822, porém, Mary perderia Percy que morreu afogado na baía de Spezia, próximo a Livorno (Itália). Mary então voltou para a Inglaterra e dedicou-se a publicar as obras de seu marido, sem contudo deixar de escrever.
Algumas obras de Mary Shelley foram “Faulkner” (1937), “Mathilde” (publicada em 1959), “Lodore” (1835), “Valperga” (1823) e “O Último Homem” (1826), considerada pela crítica como sua melhor obra e que teve grande influência sobre a ficção científica. Em “O Último Homem” Mary conta a história do fim da civilização humana e sua destruição por uma praga.

Downloads
Frankenstein, ou Moderno Prometeus - pdf

Espanhol
Frankenstein

Inglês
Frankenstein
Proserpine and Midas


Fontes:
http://www.infoescola.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Percy_Bysshe_Shelley

Autora da biografia principal Caroline Faria: http://www.infoescola.com/autor/caroline-faria/4/


15 de março de 2011

A Árvore Celta

Os Celtas viam na árvore, não só a essência da vida, e sim um recurso para prever o futuro.
Curiosamente, este meio tão primitivo era considerado pelos druidas o mais eficaz na hora de estabelecer um prognóstico sobre o destino que espera qualquer ser humano.
Ao observar todo conjunto da árvore, desde suas raízes que se fundiam com a terra até a copa mais ou menos frondosa, o que aconselhavam era manter a vista elevada, permanecer bem apoiado ao solo e ter em conta que a natureza é tão inteligente que no tempo de caída das folhas se segue o da neve, as quais proporcionam a aparição dos melhores brotos. Chega então a época da fertilidade e do renascimento da vida.
Desde o principio dos tempos, a árvore manteve uma relação com o ser humano celta, proporcionou o primeiro lar, lenha, sombra e alojamento para as aves que podiam transformá-las em caça para alimentar a tribo.
No entanto, os druidas consideravam que a relação podia ser mais íntima, tinham em mente que cada homem ou mulher levava em seu interior uma árvore, pela qual alimentava o desejo de crescer da melhor maneira.
Na realidade a árvore supria seu protetor de todo o material e espírito dos seres humanos celtas.
A árvore articulava toda a idéia dos cosmos ao viver em uma contínua regeneração.
Ademais nela os druidas contemplavam o símbolo da verticalidade, da vida em completa evolução, em uma ascensão permante até o céu.
Por outra parte, a árvore permitia estabelecer uma comunicaçaão entre os três níveis dos cosmos: o subterrâneo, por suas raízes que não deixavam de sugar nas profundidades para saciar a contínua necessidade de encontrar água; as alturas, através da copa e dos ramos superiores, sempre reunidos na totalidade dos elementos, a água que flui em seu interior, a terra que se integra em seu corpo pelas raízes, o ar que alimenta as folhas e o fogo que surge de sua fricção.
Os celtas conseguiam o fogo friccionando habilmente uns ramos, entre as quais haviam introduzido erva seca ou palha.

A árvore era a ponta do mundo

Devido ao fato das raízes das árvores se submergissem no solo enquanto seus ramos se elevavam ao céu, fez com que os druidas a considerassem o símbolo de relação terra-céu.
Possuía neste sentido uma caráter central, até o ponto que se supunha a essência do mundo.
São muitas as civilizações antigas que estabeleciam sua árvore central, essa que era tida como ponta do mundo:

Roble
o roble dos celtas; o tilo dos alemães; o fresno dos escandinavos; a oliva dos árabes; o banano dos hindus; o abedul dos siberianos e e.t.c Tanto na China como na índia a árvore é considerada a ponta do mundo pela companhia dos pássaros, o mesmo sucedia com os celtas, já que estes descansam em seus galhos.
Eram considerados estados superiores do ser, que se encontravam vinculados ao mesmo, com o tronco da árvore.
Os pássaros eram em doze, o que recordava o simbolismo zodiacal e dos Aditya, que constituem a dúzia de sóis.


A Árvore Cósmica

A árvore cósmica para os druidas era o centro: sua seiva supria a chuva celestial e seus frutos proporcionavam a imortalidade (o retorno do ser a um estado paradisíaco).
Assim ocorria com os frutos da árvore da Vida que se encontravam no Éden, as maçãs de ouro do Jardim de Hespérides e o pêssego da Si-wang, a seiva de Haoma Iraní.
O Hiomarigi japonês também é valorizada como uma árvore cósmica, igual que a Boddhi, a qual Buda alcançou a plena iluminação, pela que desde então representa ao mesmo Buda na iconografia primitiva.
O simbolismo chinês conhece a árvore da fusão: une o Ying com o Yang (Cruzamento das flores masculinas e as femininas da árvore).
Assim mesmo, as categorias das árvores: as folhas caducas e as folhas perenes estão afetadas por signos opstos: um simboliza o céu das mortes e renascimento; e o outro representa a imortalidade da vida, quer dizer, das manifestações diferentes de uma mesma identidade.
Na Bolívia e no Haiti, a árvore não é só deste mundo, ela sobe para mais longe. Vai dos infernos aos céus, como um caminho de viva comunicação.
Para os celtas a árvore cósmica tinha o nome de Bilé, no idioma irlândes, e a germânica se chamava Iggdrasil no idioma antigo nórdico (Old Norse).


A árvore dos antepassados

De acordo com as idéias de muitos antropólogos, podemos crer que a árvore foi considerada um antepassado mítico de uma tribo, ao perceber na relação estreita com o culto lunar.
Assim afirmavam os druidas
Mas existem numerosos exemplos em outras culturas: Os Mãos e os Tagálop das Filipinas; o Yu-nan do Japão, Os Ainu da Ásia central; na Austrália que unem suas origens de suas raças com o bambu e acácia.
A árvore também intervém nas interpretações antropomórficas (transformação do homem em árvore e vice versa).
Isso pode se ver nas crenças dos povos altaicos e turco-mongois da Sibéria, o mesmo que nos celtas.
O matrimônio místico entre árvores e humanos é comum na Índia, no Penjab e no Himalaia. Também na América do norte, e em algumas áreas da África.




A árvore social

A árvore também simboliza o crescimento de uma família, de uma cidade, de um povo, de uma nação, e do poder do rei. Um bom exemplo disso é Nabucodonosor e a interpretação de seu sonho pelo Profeta Daniel.
Na tradição bíblica judaica-cristã, se detecta no relato da tentação do livro do Gênesis, as grandes árvores que figuravam as vezes nos Salmos. Essa árvore simboliza a cadeia de gerações, cuja história se resume na Bíblia e que culmina com a chegada da Virgem e de Jesus Cristo. Esta mesma árvore inspirou muitas obras de arte e foi objeto de cometários místicos.

A árvore celta

Nas tradições celtas a árvore oferece três temas: Ciência, Força e Vida. O tema base é UID, homônimo do nome da ciência, com a qual os antigos se confundiram voluntariamente. Um dos principais jogos de palavras da antiguidade é o de Plínio com os nomes gregos Drus e Druidas
Árvore é o símbolo da ciência e sobre sua madeira foi precisamente gravados os textos celtas de antigamente. A árvore é também a Força em alguns vocábulos ou nomes próprios que nos indicam uma etimologia indo-européia. Da mesma maneira, e para finalizar, ela também é o símbolo da Vida, por atuar como intermédio entre o céu e a terra e resulta inclusive na portadora de frutos que dão ou prolongam a existência,
As árvores celtas oferecem tantas vantagens, que em muitos países se cultivam, atualmente, porque brindam proteção e grandes influências mágicas.


O Mito das Árvores

Este mito tem como seu melhor reflexo no ‘’O Combate das árvores’’, que é um poema atribuído ao bardo Taliesin, que narra como Gwyddyon salvou a vida de um grupo de valentes bretões ao transformá-los em árvores sem impedir que dessa forma pudessem brigar com seus inimigos.












Fonte: cafehistoria.ning.com

12 de março de 2011

Oscar Wilde

Escritor irlandês, nasceu em 16 de outubro de 1854, em Dublin, Irlanda. Faleceu em 30 de novembro de 1900, em Paris. Seu nome completo era Oscar Fingal O´Flahertie Wills Wilde. É considerado o maior escritor de língua inglesa do século XIX.
Foi autor de contos, teatro, ensaios e romances. Seu pai era médico e sua mãe escritora, além de defensora do movimento da Independência da Irlanda. Sua educação religiosa desenvolveu-se no protestantismo, era um grande aluno em obras clássicas e idiomas.
Deixou a cidade de Oxford em 1878, morou em Londres e depois viajou ais EUA, onde palestrou sobre o seu “movimento estético” chamado de esteticismo, ou dandismo, que defendia embasado em fundamentos históricos, o belo como antídoto para os "horrores" da sociedade industrial. Em 1883, retornou à Europa, fixando residência em Paris.

Retornou à Inglaterra, casou-se com Constance Lloyd e. Em 1880, lançou a obra teatral “Vera”. Entre os anos de 1887 e 1888 escreveu diversos contos e novelas, entre as obras “O Príncipe Feliz”.
Foi difamado por sua vida sexual paralela com um filho de Marquês, caso tratado como crime na Inglaterra da época. Processou o Marquês, mas as provas de seu relacionamento eram tão evidentes, que prejudicou toda a sua vida literária.

 
O Retrato de Dorian Gray é o romance de Oscar Wilde,
publicado em abril de 1891. É, sem dúvida, a maior obra
lançada por Wilde, um cenário juvenil em decadência,
onde temas como boemia, desejo e homoerotismo são
abordados sem tabu.

Em traços gerais, o livro narra a história de um jovem e
belo modelo de pintura, Dorian Gray, que, influenciado
pelas palavras hedônicas de Lord Henry, mergulha na
consciência da sua aparência física esbelta e única,
assim como da limitação da sua aparência ao longo do
tempo, vende a sua alma ao diabo, fazendo um pacto,
de modo que o seu retrato envelheça em seu lugar.

Enquanto isso, Lord Henry inicia Dorian Gray no
mundo do Hedonismo, onde a busca do prazer deve
ser o objetivo primordial e único de todos os homens;
onde  as causas, os modos e as formas não têm qual-
quer importância, perante o objetivo principal. São
desprezadas todas e quaisquer formas de moral, uma
vez que são contempladas como uma indesejável
influência da sociedade sobre os indivíduos. Com o
passar do tempo, Dorian Gray entrega-se, sem pudor,
a uma vida rodeada pela boemia, drogas, crimes e sexo,
sendo que no limiar da sua sanidade, o jovem modelo
começa a pagar o preço pelas suas escolhas e ações.  


Foi preso, teve seus bens leiloados. Na prisão escreveu “A Balada do Cárcere de Reading” , de 1898. Após ser libertado, retornou à Paris utilizando um pseudônimo, vivendo em hotéis e bares populares.

É de autoria de Oscar Wilde a frase: "Quanto mais o homem fala de si, mais deixa de ser si mesmo. Mas deixe que se esconda atrás de uma máscara, e então ele contará a verdade".

Oscar Wilde, respeito das personagens do livro, refería-se a cada uma delas com a seguinte afirmação: "Basil Haward é o que eu acho que sou, Lord Henry é o que o mundo pensa que sou e Dorian Gray é o que eu gostaria de ser".

O Retrato de Dorian Gray traça, de certa forma, um paralelismo com a vida de Oscar Wilde, que vê a sua vida entrar em decadência, acabando na prisão, depois de se envolver numa relação homossexual com o jovem Alfred Douglas (foto abaixo), romance que terá contribuido para a escrita de Des Profundis
  
Oscar Wilde e o jovem Alfred Douglas
acusados de envolvimento homossexual.
 
 
 
Downloads

Fontes: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u528.jhtm ;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Wilde ;
http://flaviotenguan.blogspot.com/2010/12/fashion-artist-dia-2-oscar-wilde.html ;
http://estranhoquotidiano.blogspot.com/
Autor do texto principal: http://www.infoescola.com/autor/fernando-reboucas/2/

11 de março de 2011

Franz Kafka

Um dos principais escritores ficcionais de língua alemã, Franz Kafka nasceu na cidade de Praga, nesta época integrante do império austro-húngaro, atualmente conhecido como República Tcheca, no dia 3 de julho de 1883, no seio de uma família de classe média judia. Sua obra – em grande parte inconclusa e póstuma – compõe, hoje, o cânon que exerce a maior influência na Literatura Ocidental.
Ele era o primogênito de Herrmann Kafka, próspero negociante judeu, e de sua companheira Löwy, depois chamada de Julie. Kafka perde dois irmãos mais novos, o que, segundo alguns experts na produção literária do escritor, determinará a presença, em seus livros, de intenso sentimento de culpa. Restam três irmãs, entre as quais Ottilie é sua preferida. Kafka cresceu em um ambiente impregnado pelas culturas judia, tcheca e alemã. O escritor adotou o alemão como primeira língua, mas também falava fluentemente o tcheco.





Acima casa onde viveu Franz Kafka em
Praga.
Ainda adolescente Kafka assume ser socialista e ateu, ao mesmo tempo em que integra círculos anarquistas. Posteriormente ele fará o caminho de volta, ao militar em movimentos sionistas. Em 1902, ele trava amizade com Max Brod, que se tornará um de seus melhores amigos, e a quem, em 1922, ele confiará o desejo de ver toda sua obra destruída depois de sua morte.
Ele estuda Direito em Praga e se gradua em 1906. Se, por um lado, já se devota à Literatura, por outro é obrigado a trabalhar em seguradoras para sobreviver. Mas, em 1917, tem que abandonar o emprego, por conta de uma séria crise de tuberculose. Outro evento que marca sua obra é sua iniciação sexual, em 1903, quando ele tinha vinte anos, o que lhe provocará falta de segurança constante.
Suas relações afetivas foram sempre tumultuadas e inconstantes. Durante três vezes, entre 1914 e 1924, ele se encontra próximo do matrimônio, mas volta atrás. Assim, o escritor é na verdade um solitário, uma pessoa indecisa e vacilante, que não conheceu com sua obra a fama, nem a riqueza.

Neste mesmo período ele decide visitar um sanatório, sem saber que passará seus últimos dias em uma instituição semelhante a esta – chamada Kierling -, perto de Viena, na qual ele se interna por conta da tuberculose, embora oficialmente a causa de sua morte seja uma insuficiência cardíaca. Ele morre em Klosterneuburg, no dia 3 de junho de 1924.
Em sua obra é sempre presente o embate entre os protagonistas e a influência institucional, que revela a incapacidade humana e a sua instabilidade. Ela representa também seres angustiados, mergulhados em um universo aterrador, frio e burocrático. Seus principais livros, em grande parte publicados depois de sua morte, graças ao empenho de seu amigo Max Brod em recuperar seu legado, são: A Metamorfose (1916); O Castelo (1926); O Processo (1925), entre outros.

Franz Kafka e seu amigo Max Brod

"Muitos escritores têm a fama além túmulo, com a qual só
sonharam (ou, ocasionalmente, desdenharam) em suas vi-
das".
 Foi a observação feita por Nicolette Jones em uma
história do The Daily Telegraph. Por exemplo, ela observa,
há Franz Kafka, que disse ao seu amigo Max Brod que gos-
taria que tudo o que ele deixou para trás fosse queimado e
jamais lido. Brod afirmou que já havia dito a Kafka que ele
não iria honrar este pedido.

A amizade entre Franz Kafka e Max Brod é profunda e não se
baseia unicamente na proximidade espiritual e ambições lite-
rárias dos dois estudantes. Certamente eles são parte de um
círculo filosófico que se encontra no Louvre café e visitas aos
salões literários de Praga, mas também para passeios aos
cafés, teatros, para assistir a espectáculos de variedades.
Eles não dispensavam os lugares "sórdidos" e escuras taver-
nas e bordéis. Em suma, é uma animada e variada boa vida, que
não é desprovida de surpresas. A partir de 1909 os dois amigos
estão juntos em várias viagens longas. 
Foi com Max que ele foi para Paris em Outubro de 1910 no norte
da Itália e em Paris em 1911 em Weimar, em 1912.

 
Kafka participou da Escola de Praga, movimento voltado para uma elaboração literária realista, uma certa tendência metafísica e um meio-termo entre o bom senso movido pela razão e um intenso toque sarcástico. Ela também se caracteriza pela crueldade e pelo estilo meticuloso com o qual narra eventos nada comuns, como os representados em O Processo, no qual o protagonista é aprisionado, julgado e morto, mesmo sendo inocente. Kafka também produziu diversos contos e a cativante Carta ao Pai, de 1919, somados a páginas inumeráveis de diários. A ficção Amerika ficou inconclusa.

UMA ANÁLISE PSICOLÓGICA

Sem dúvida a obra mais presente de Kafka é A Metamorfose e sua leitura é "extremamente atual, em que pese ter sido escrita em 1912, contextualizada no momento histórico da crise da “Bélle Époque” que antecede a Primeira Guerra Mundial, Kafka está em meio a uma crise existencial, religiosa e racional, poderia ser chamada de crise da Modernidade.

Neste livro, fica evidente a desesperança do ser, o pessimismo com relação ao futuro, a falta de respostas às questões mais simples e às mais profundas. Enfim, “A Metamorfose” é uma obra agressiva, verídica, mordaz e, acima de tudo, de resgate de valores e princípios."

 
Fonte da imagem:  chryssalis

A Metamorfose
cap. I

Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes,
Gregório Samsa deu por si na cama transformado
num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dor-
so, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao
levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado
ventre castanho dividido em duros segmentos arque-
ados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a
posição e estava a ponto de escorregar. Compara-
das com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que
eram miseravelmente finas, agitavam-se desespera-
damente diante de seus olhos.













Downloads
A Metamorfose
O Castelo
O Processo
Relatos no Escogidos
Carta ao Pai - pdf
Carta ao Pai - rtf
America (Amerika) .doc


Fontes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Franz_Kafka

http://www.pensador.info/autor/Franz_Kafka/biografia/

Autora do texto principal: Ana Lucia Santana - http://www.infoescola.com/autor/ana-lucia-santana/3/ 

http://mhpbooks.com/mobylives/?m=200907&paged=9

http://www.radio.cz/fr/rubrique/literature/franz-kafka-et-max-brod-une-noble-trahison

http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=400

10 de março de 2011

Charles Baudelaire

Crédito do texto de Felipe Araújo

Charles Baudelaire
Nascido em Paris no dia nove de abril de 1821, Charles-Pierre Baudelaire foi um poeta e teórico das artes em geral. Na opinião de especialistas e críticos de arte, foi o criador da tradição moderna na poesia junto a Walt Whitman. A influência de sua obra teórica ultrapassou sua existência, Baudelaire chegou a ser citado por artistas do século XIX e XX.
Aos seis anos, perdeu seu pai, que foi substituído pelo general Aupick, segundo marido de sua mãe. Baudelaire odiava Aupick e sua infância foi atormentada por diversas brigas com o padrasto. Devido ao mal estar familiar, Baudelaire abandona os estudos em Lyon e vai para a Índia. Regressa em 1848, ano em que participa da série de revoluções na Europa central e oriental que acabaram eclodindo em função de regimes governamentais autocráticos. Depois disso, dissipa-se de seus bens e cai de cara na boemia e na jogatina de Paris. Perdido pelas ruas parisienses, acaba conhecendo uma infinidade de artistas que o influenciaram tais como: Mme. Sabatier e Marie Daubrun.

Nessa época Baudelaire conheceu também sua musa, a atriz haitiana Jeanne Duval.


Jeanne Duval nascida em 1820 e falecida em Paris, 1862 foi atriz e dançarina, musa e companheira do poeta. Eles se conheceram em 1842, quando Duval deixou o Haiti pela França. Desde então, os dois mantiveram um longo romance e, ao longo de vinte anos, viveram juntos, separaram-se, romperam e reconciliaram-se muitas vezes.
A princípio, Baudelaire instala Duval no n.° 6 da rue de la Femme-sans-tête (rua da Mulher sem cabeça), atual rue Le Regrattier, nas proximidades do hôtel Pimodan, Quai d'Anjou, na Île Saint-Louis, onde ele mesmo morava. A ela Baudelaire dedicou os poemas Le balcon, Parfum exotique, La chevelure, Sed non satiata, Le serpent qui danse e Une charogne. Baudelaire costumava chamá-la "a amante das amantes" ou sua "vênus negra". Acredita-se, dentro da visão predominante dos meados do século XIX, que, para ele, Duval simbolizava a beleza perigosa, a sensualidade e o mistério de uma mulata.


É possivel que Manet, velho amigo de Baudelaire, tenha
retratado Duval em A Amante de Baudelaire, Reclinada (1862).
Todavia há alguma controvérsia em torno do retrato. Ela estaria,
àquela altura, ficando cega e morreria de sífilis pouco depois.
Havia quem dissesse que Duval fosse viciada em drogas, embora
não haja comprovação. Mas é certeza que Baudelaire era viciado
em ópio e haxixe. Outras fontes dizem também que Duval teria sobre-
vivido a Baudelaire.
Felix Nadar, amigo de longa data de Baudelaire, afirma ter visto Duval,
em 1870, usando muletas e sofrendo severamente em decorrência da
da sífilis. O sobrenome de Jeanne é até hoje duvidoso - podendo ser
mesmo Duval ou Lemer, Lemaire ou mesmo Prosper.

Quebrado e cheio de dívidas, Baudelaire foi submetido a um conselho familiar e foi decidido que seu tutor, Ancelle, controlaria seus gastos.
Em 1857 um episódio marcaria sua vida. Assim que publicou a obra “As Flores do Mal” (Les Fleurs du Mal), o título mais consagrado de sua carreira, tomou um processo do tribunal de Sena. A alegação era de que Baudelaire era um subversivo e atentava contra os bons costumes e à moral. O poeta foi obrigado a retirar seis poemas originais. Apesar disso, teve seu trabalho publicado sem cortes em 1911, após a sua morte.
Passou os dias derradeiros de sua vida atormentado por doenças nervosas. Acabou morrendo em Paris, sua cidade natal, no dia 31 de agosto de 1867. Foi vítima de uma paralisia geral e deu seu último suspiro nos braços de sua mãe.
Entre as principais obras de Baudelaire, destacam-se Flores do Mal, Paraísos Artificiais (lançadas no Brasil), La Fanfarlo, Morale du joujou, Réflexions sur quelques-uns de mes contemporains e Journaux intimes.


CANTO DE OUTONO
I

Em breve iremos mergulhar nas trevas frias;
Adeus, radiosa luz das estações ligeiras!
Ouço tombar no pátio em vibrações sombrias
A lenha que ressoa à espera das lareiras.

Em meu ser outra vez se hospedará o inverno:
Ódio, arrepio, horror, labor duro e pesado,
E, como o sol a arder em seu glacial inferno,
Meu coração é um bloco rubro e enregelado.

Tremo ao ouvir tombar cada feixe de lenha;
Não faz eco mais surdo a forca que se alteia.
Minha alma se compara à torre que despenha
Aos pés do aríete incansável que a golpeia.

Parece-me, ao sabor de sons em abandono,
Que alhures um caixão se prega a toda pressa.
Para que? - Ontem era o verão; eis o outono!
Rumor estranho de quem parte e não regressa...

II

Amo em teu longo olhar a luz esverdeada,
Doce amiga, mas hoje amarga-me um pesa,
E nem o teu amor, o lar, a alcova, nada
Vale mais do que o sol raiando sobre o mar.

Mas ama-me assim mesmo e cheia de ternura,
Sê mãe para o perverso, o ingrato em todo caso;
Sê, amante ou irmã, a efêmera doçura
De um outono glorioso ou a de um sol no ocaso.

Breve é a missão! A tumba espera, ávida,à frente!
Ah, deixa-me, a cabeça em teus joelhos pousada,
Degustar, recordando o estio claro e ardente,
Deste fim de estação a suave luz dourada!

Downloads:
Textos em portugês
Sobre a Modernidade
As Flores do Mal

Texto em espanhol
El Spleen de París
El Evangelio de los Vampiros
Edgar A. Poe: Su Vida y Sus Obras

Textos em francês
A celle qui est trop qaie
Bénédiction
Chant D'automne
Confession
Couriosités Esthétiques; L'art Romantique et autres oeuvres critiques
Danse Macabre
Du Vin et Du Haschisch
Je n'ai pas pour maîtresse une lionne illustre
L'albatros
L'examen de minuit
L'irrémédiable
La Fanfarlo
La chevelure
Le Spleen de Paris: petits poèmes en prose
Le crépuscule du matin
Le crépuscule du soir
Le flacon
Le vin de l'assassin
Le vin des amants
Le vin des chiffonniers
Le vin du solitaire
Le voyage
Les Fleurs du Mal
Les petites vieilles
Les sept vieillards
Lesbos
Obsession












Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Jeanne_Duval
http://www.infoescola.com/
http://www.lendo.org/a-ultima-morada-de-charles-baudelaire/
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp


Autor do texto principal: Felipe Araújo - http://www.infoescola.com/autor/felipe-araujo/386/