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21 de março de 2011

Mary Shelley


FRANKENSTEIN
Capítulo 3

"A chuva espancava a vidraça. Era uma hora da manhã.
Pus a maquinaria em funcionamento e, ao receber a
descarga de energia, a criatura abriu seus grandes olhos
amarelados. Ao ver que ele tinha… vida, meus olhos se
arregalaram e minha pele se arrepiou. Lembro de ter me
encostado na parede, como se quisesse fugir dali, en-
quanto via a criatura mexer os braços de modo débil.
Em meu pensamento a frase “O que foi que eu fiz?!
O que foi que eu fiz?!” gritava ininterruptamente.

A criatura se sentou na mesa onde estava. Sua pele era
amarela, como a dos cadáveres de alguns dias. Eu havia
escolhido seus membros e selecionado seus contornos
para que ele fosse belo. Seu cabelo era negro, mas estava
todo mal cortado devido a algumas incisões que tive que
fazer na cabeça. Seus dentes eram brancos, mas agora que
sua boca se mexia produzindo sons ininteligíveis, sua den-
tadura parecia desproporcional ao resto do rosto, e o con-
traste com os lábios pretos era repugnante. Quando
a criatura pôs-se de pé, senti um arrepio se alastrar pela
minha coluna, minhas pernas tremiam e tudo o que eu queria
era fugir.

Saí correndo do laboratório. Na ânsia pelo conhe-
cimento eu tinha dado vida a uma coleção de cadáveres. Seu
aspecto era terrível. Quando não tinha vida eu sabia que era
feio, mas pensava que, quando estivesse vivo, o fato de
representar uma revolução científica o fizesse, de certa forma,
mais bonito. Mais uma vez estava enganado. Viva, aquela
criatura era realmente grotesca. Sua aparência era terrível,
capaz de assustar qualquer um."
Mary Wollstonecraft Godwin nasceu em 1797 e faleceu em 1851 deixando apenas um filho e várias obras publicadas, porém, é geralmente lembrada por uma única obra de grande sucesso intitulada: Frankenstein.
Mary Shelley era filha de Mary Wollstonecraft, considerada uma das primeiras feministas e que, infelizmente, morreu dez dias após o nascimento da filha. Ela ficou conhecida pela publicação das obras “A Reivindicação dos Direitos da Mulher (1792)” e “Os Erros da Mulher”. O pai de Mary Shelley, William Godwin, era jornalista, escritor e teórico anarquista, considerado o precursor da filosofia libertária. Publicou a obra “Uma Investigação Concernente à Justiça Política” (1793) que o tornou famoso e mais algumas obras dentre as quais destacamos “As Coisas Como São” e “As Aventuras de Caleb Williams” (1794).


Retrato de Percy Bysshe Shelley

Percy Bysshye Shelley nascido em Field Place,
Horsham, em 4 de agosto de 1792 e faleceu em 
Mar Ligure, Golfo de Spezia em 8 de julho de
1822. Foi um dos mais importantes poetas român-
ticos ingleses. Shelley é famoso por obras tais
como Ozymandias, Ode To The West Wind, To
a Skylark, e The Masque of  Anarchy, que estão
entre os poemas ingleses mais populares e aclama-
dos pela crítica. Seu maior trabalho, no entanto,
foram os longos poemas, entre eles Prometheus
Unbound, Alastar, or The Spirit of Solitude,
Adonaïs, The Revolt of  Islam, e o inacabado The
Triumph of Life.
The Cenci (1819) e Prometheus Unbound (1820)
são peças dramáticas em 5 e 4 atos respectivamente.
Ele também escreveu os romances góticos Zastrozzi
(1810) e St. Irvyne (1811) e os contos The Assassins
(1814) e The Coliseum (1817).

 
O Funeral de Shelley

(Percy Bysshe Shelley)
 por Louis Edouard Fournier (1889);
 da esquerda para direita Trelawny, Hunt e Byron

Como boa filha de seus pais, Mary publicou seu primeiro poema aos dez anos de idade e aos dezesseis, ousadamente, fugiu de casa para viver com Percy Bysshe Shelley, apenas cinco anos mais velho, mas já bastante famoso poeta romântico que se casara há apenas cinco anos antes com Harriet Westbrook com quem tivera dois filhos. Após o suicídio de Harriet, Mary e Percy se casaram, em 1816 e Mary adotou o sobrenome de seu marido passando a se chamar de Mary Wollstonecraft Shelley.
A fuga de ambos os levou a se encontrar com Lord Byron em Genebra, na Suíça, com quem manteriam bastante contato e que teria sido o responsável por instigar Mary a escrever sua obra mais famosa. Segundo a história, Mary e Percy Shelley, Claire Clairmont e Lord Byron estavam em mais uma de suas reuniões quando Byron propôs a Mary que escrevesse a mais terrível história que pudesse. Encorajada por Percy, um ano depois Mary publicaria sua obra intitulada “Frankenstein, ou Moderno Prometeus” (título completo) com um prefácio, não assinado, dele mesmo e que lograria enorme sucesso.
Mas, ao contrário do que muitos podem afirmar, e do que se tornaram os filmes que, mais tarde, tentariam reproduzir a belíssima história de Mary Shelley, Frankenstein não é uma história de terror. Frankenstein fala da história de um cientista (Victor Frankenstein) que obcecado por tentar recriar a vida, fica horrorizado ao ver que cometera um erro. Em uma certa parte do livro ele chega a refletir sobre sua responsabilidade sobre o que fizera e a criatura à quem dera a vida, e o quão errada é a busca cega e pelo conhecimento.

Em 1822, porém, Mary perderia Percy que morreu afogado na baía de Spezia, próximo a Livorno (Itália). Mary então voltou para a Inglaterra e dedicou-se a publicar as obras de seu marido, sem contudo deixar de escrever.
Algumas obras de Mary Shelley foram “Faulkner” (1937), “Mathilde” (publicada em 1959), “Lodore” (1835), “Valperga” (1823) e “O Último Homem” (1826), considerada pela crítica como sua melhor obra e que teve grande influência sobre a ficção científica. Em “O Último Homem” Mary conta a história do fim da civilização humana e sua destruição por uma praga.

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Frankenstein, ou Moderno Prometeus - pdf

Espanhol
Frankenstein

Inglês
Frankenstein
Proserpine and Midas


Fontes:
http://www.infoescola.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Percy_Bysshe_Shelley

Autora da biografia principal Caroline Faria: http://www.infoescola.com/autor/caroline-faria/4/


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