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10 de março de 2011

Charles Baudelaire

Crédito do texto de Felipe Araújo

Charles Baudelaire
Nascido em Paris no dia nove de abril de 1821, Charles-Pierre Baudelaire foi um poeta e teórico das artes em geral. Na opinião de especialistas e críticos de arte, foi o criador da tradição moderna na poesia junto a Walt Whitman. A influência de sua obra teórica ultrapassou sua existência, Baudelaire chegou a ser citado por artistas do século XIX e XX.
Aos seis anos, perdeu seu pai, que foi substituído pelo general Aupick, segundo marido de sua mãe. Baudelaire odiava Aupick e sua infância foi atormentada por diversas brigas com o padrasto. Devido ao mal estar familiar, Baudelaire abandona os estudos em Lyon e vai para a Índia. Regressa em 1848, ano em que participa da série de revoluções na Europa central e oriental que acabaram eclodindo em função de regimes governamentais autocráticos. Depois disso, dissipa-se de seus bens e cai de cara na boemia e na jogatina de Paris. Perdido pelas ruas parisienses, acaba conhecendo uma infinidade de artistas que o influenciaram tais como: Mme. Sabatier e Marie Daubrun.

Nessa época Baudelaire conheceu também sua musa, a atriz haitiana Jeanne Duval.


Jeanne Duval nascida em 1820 e falecida em Paris, 1862 foi atriz e dançarina, musa e companheira do poeta. Eles se conheceram em 1842, quando Duval deixou o Haiti pela França. Desde então, os dois mantiveram um longo romance e, ao longo de vinte anos, viveram juntos, separaram-se, romperam e reconciliaram-se muitas vezes.
A princípio, Baudelaire instala Duval no n.° 6 da rue de la Femme-sans-tête (rua da Mulher sem cabeça), atual rue Le Regrattier, nas proximidades do hôtel Pimodan, Quai d'Anjou, na Île Saint-Louis, onde ele mesmo morava. A ela Baudelaire dedicou os poemas Le balcon, Parfum exotique, La chevelure, Sed non satiata, Le serpent qui danse e Une charogne. Baudelaire costumava chamá-la "a amante das amantes" ou sua "vênus negra". Acredita-se, dentro da visão predominante dos meados do século XIX, que, para ele, Duval simbolizava a beleza perigosa, a sensualidade e o mistério de uma mulata.


É possivel que Manet, velho amigo de Baudelaire, tenha
retratado Duval em A Amante de Baudelaire, Reclinada (1862).
Todavia há alguma controvérsia em torno do retrato. Ela estaria,
àquela altura, ficando cega e morreria de sífilis pouco depois.
Havia quem dissesse que Duval fosse viciada em drogas, embora
não haja comprovação. Mas é certeza que Baudelaire era viciado
em ópio e haxixe. Outras fontes dizem também que Duval teria sobre-
vivido a Baudelaire.
Felix Nadar, amigo de longa data de Baudelaire, afirma ter visto Duval,
em 1870, usando muletas e sofrendo severamente em decorrência da
da sífilis. O sobrenome de Jeanne é até hoje duvidoso - podendo ser
mesmo Duval ou Lemer, Lemaire ou mesmo Prosper.

Quebrado e cheio de dívidas, Baudelaire foi submetido a um conselho familiar e foi decidido que seu tutor, Ancelle, controlaria seus gastos.
Em 1857 um episódio marcaria sua vida. Assim que publicou a obra “As Flores do Mal” (Les Fleurs du Mal), o título mais consagrado de sua carreira, tomou um processo do tribunal de Sena. A alegação era de que Baudelaire era um subversivo e atentava contra os bons costumes e à moral. O poeta foi obrigado a retirar seis poemas originais. Apesar disso, teve seu trabalho publicado sem cortes em 1911, após a sua morte.
Passou os dias derradeiros de sua vida atormentado por doenças nervosas. Acabou morrendo em Paris, sua cidade natal, no dia 31 de agosto de 1867. Foi vítima de uma paralisia geral e deu seu último suspiro nos braços de sua mãe.
Entre as principais obras de Baudelaire, destacam-se Flores do Mal, Paraísos Artificiais (lançadas no Brasil), La Fanfarlo, Morale du joujou, Réflexions sur quelques-uns de mes contemporains e Journaux intimes.


CANTO DE OUTONO
I

Em breve iremos mergulhar nas trevas frias;
Adeus, radiosa luz das estações ligeiras!
Ouço tombar no pátio em vibrações sombrias
A lenha que ressoa à espera das lareiras.

Em meu ser outra vez se hospedará o inverno:
Ódio, arrepio, horror, labor duro e pesado,
E, como o sol a arder em seu glacial inferno,
Meu coração é um bloco rubro e enregelado.

Tremo ao ouvir tombar cada feixe de lenha;
Não faz eco mais surdo a forca que se alteia.
Minha alma se compara à torre que despenha
Aos pés do aríete incansável que a golpeia.

Parece-me, ao sabor de sons em abandono,
Que alhures um caixão se prega a toda pressa.
Para que? - Ontem era o verão; eis o outono!
Rumor estranho de quem parte e não regressa...

II

Amo em teu longo olhar a luz esverdeada,
Doce amiga, mas hoje amarga-me um pesa,
E nem o teu amor, o lar, a alcova, nada
Vale mais do que o sol raiando sobre o mar.

Mas ama-me assim mesmo e cheia de ternura,
Sê mãe para o perverso, o ingrato em todo caso;
Sê, amante ou irmã, a efêmera doçura
De um outono glorioso ou a de um sol no ocaso.

Breve é a missão! A tumba espera, ávida,à frente!
Ah, deixa-me, a cabeça em teus joelhos pousada,
Degustar, recordando o estio claro e ardente,
Deste fim de estação a suave luz dourada!

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Sobre a Modernidade
As Flores do Mal

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El Spleen de París
El Evangelio de los Vampiros
Edgar A. Poe: Su Vida y Sus Obras

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A celle qui est trop qaie
Bénédiction
Chant D'automne
Confession
Couriosités Esthétiques; L'art Romantique et autres oeuvres critiques
Danse Macabre
Du Vin et Du Haschisch
Je n'ai pas pour maîtresse une lionne illustre
L'albatros
L'examen de minuit
L'irrémédiable
La Fanfarlo
La chevelure
Le Spleen de Paris: petits poèmes en prose
Le crépuscule du matin
Le crépuscule du soir
Le flacon
Le vin de l'assassin
Le vin des amants
Le vin des chiffonniers
Le vin du solitaire
Le voyage
Les Fleurs du Mal
Les petites vieilles
Les sept vieillards
Lesbos
Obsession












Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Jeanne_Duval
http://www.infoescola.com/
http://www.lendo.org/a-ultima-morada-de-charles-baudelaire/
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp


Autor do texto principal: Felipe Araújo - http://www.infoescola.com/autor/felipe-araujo/386/

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