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14 de novembro de 2010

Demonolatria 1ª parte



(Texto) Fonte: Adoração ao Diabo
CARUS, Paul. Devil Worship. History of The Devil, 1900. [Trad. e Adaptação: Ligia Cabus] ─ In Sacred-Texts.[www.sacred-texts.com/evil/hod/hod04.htm]





*parte do texto traduzido de Ligia Cabus foi readaptado nestas postagens.


Esta série de postagens foi inspirada em resultados de uma busca que fiz na internet e em arquivos pessoais sobre o tema demonolatria. O objetivo desta pesquisa foi tentar compreender o porquê da adoração de uma criatura que na grande maioria das culturas (talvez em todas) é considerada como o símbolo maior do mal, e para isso começo transcrevendo o seguinte abaixo:


'Na história da adoração a essa entidade conhecida como diabo, muitos estudiosos, como o alemão Georg Waitz [1813-1886], o inglês Sir John Lubbock [1834-1913], e o também inglês e antropólogo Edward Burnett Tylor [1832-1917] reuniram informações das quais deduziram que em um estágio dos mais "primitivos" da religião, a adoração ou veneração ao Diabo [ou seus assemelhados, o mal] precedeu o culto a um Deus benevolente e moralizador, divindade do Bem.


As divindades malignas aparecem como as personagens mais importantes no passado remoto de quase todos os sistemas de fé. Demonolatria, cultos aos Diabos, são o primeiro estágio da evolução do pensamento religioso; porque os homens, muito antes de pensarem em bençãos, curvaram-se ao meio hostil. Os homens primitivos eram primitivos mas não eram insanos: temiam o Mal e não o Bem. Assim, era natural que buscassem técnicas apaziguadoras que evitassem os infortúnios provenientes de um mal cuja origem não podiam alcançar.









O filósofo inglês, Herbert Spencer [1820-1903], acreditava que o fundamento da religião é o "Desconhecido", querendo com isso dizer que o que os selvagens adoravam [e adoram] é aquilo que eles não entendem. [Assim, o Desconhecido de Spencer é algo que não se entende e não algo que nunca se conheceu. Não é uma hipótese consistente. Um provérbio alemão diz: O que não conheço, não me preocupa; ou em português, algo como: O que os olhos não vêem o coração não sente.






Aquilo que é absolutamente desconhecido não comove o homem. Os selvagens não reverenciam o trovão porque não sabem o que é, ou porque não sabem explicar o fenômeno. Porém, conhecem suficientemente o fenômeno subseqüente, o raio, e os estragos que ele pode causar: matar, machucar, queimar sua cabana. O selvagem tem medo dos trovões e dos raios. Então, em uma tentativa de controlar a ameaça, desenvolve reverência por essa força intangível na esperança de evitar suas manifestações.



Georg Waitz, falando sobre os nativos norte-americanos das tribos da Flórida, observa que indivíduos daquelas culturas que não foram semi-cristianizados, têm, ainda [o autor escreve no século XIX, anos 1800] uma adoração [reverência] solene a um espírito do Mal, Toia ─ que atormenta suas vítimas com visões. Esses nativos pouco se preocupam com o Espírito do Bem, o qual, Ele mesmo, parece [para os nativos] pouco se importar com raça humana.







A mesma característica ocorre em tribos de amerabas, indígenas brasileiros. Esses indígenas têm a viva convicção de um Princípio do Mal [personificado na mitologia do encantado Anhangá - N. do T.] sobre eles; eventualmente, referem-se ao Bem; mas esse, o Bem, é muito menos reverenciado que o outro, o Mal. No contexto de seus esforços pela sobrevivência, os selvagens percebem o Ser Benevolente como uma entidade mais fraca, menos poderosa e/ou influente sobre o destino dos homens que o Mal, que se manifesta diariamente. Em 1605. o capitão John Smith, herói da colonização da Virgínia descrevia o culto a Okke [palavra que, aparentemente, significa além do nosso controle] escreveu:






Existe na Virgínia uma tribo tão selvagem que não possui religião além da reverência a todas as coisas que, potencialmente, podem lhes produzir qualquer dano ou das quais dependem para se manter vivos. Tais coisas, seres e elementos são, por isso, objeto de culto. [É o pensamento religioso animista em busca de apaziguamento das forças da Natureza]. O fogo, a água, o raio, o trovão, cavalos, peixes, etc.. Mas seu Deus maior, a quem chamam Oke. Diz Smith que Oke significa deuses e, assim, Oke é como um panteão resumido em uma imagem. Os nativos disseram que viram Oke e que se parece mais com eles mesmos [homens] do que poderiam imaginar. Nos templos dedicados a Oke, sua representação, entalhada, é assustadora; pintada e adornada com correntes, peças de cobre, contas. [Uma vez por ano 15 jovens são mortos, sacrificados para a gratificação de Oke...].





Práticas similares foram observadas entre quase todas as tribos caribenhas e amerabas, nas ilhas e no continente Sul-Centro-Americano. Em Hispaniola - Ilha de São Domingos [Caribe], a divindade fúnebre é Joacana. O ritual terrível faz desses indígenas alguns dos mais abomináveis entre esses primitivos adoradores do Mal. Entre os povos pré-colombianos do México, os mais civilizados da região, a idéia de um Deus de Paz e Amor não é inteiramente estranha porém, o medo do adversário, o horrendo Huitzilopochtli ainda assustava o suficiente para que os nativos manchassem os altares de seus templos com o sangue de vítimas humanas.

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