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21 de outubro de 2010

Purgatório



No texto abaixo venho trazendo uma definição que encontrei do que significa o purgatório ao vasculhar meus arquivos pessoais. O texto é basicamente uma série de citações à outras obras de referência, onde diversos autores vêm trazendo definições da origem do termo "purgatório" e seu uso atualmente. Portanto vamos à definição.


Purgatório: “Segundo o ensinamento da Igreja [Católica Romana], o estado, o lugar, ou a condição no outro mundo . . . onde as almas dos que morrem na graça, mas que ainda não estão livres de toda a imperfeição, fazem expiação pelos pecados veniais (i.e. pecados suscetíveis ao perdão) não perdoados ou pelo castigo temporal devido a pecados veniais e mortais que já foram perdoados e, por assim fazerem, são purificados antes de entrarem no céu.”


(New Catholic Encyclopedia, 1967, Vol. XI, p. 1034).



Quanto à natureza do purgatório alguns dos porta-vozes católicos dizem o seguinte:
“Muitos pensam que o sofrimento total no purgatório se identifica com a consciência da postergação temporária da visão beatífica, embora o conceito mais comum seja de que, além disso, há positivamente algum castigo . . . Na Igreja Latina, tem-se geralmente mantido que esta dor é imposta pelo fogo real. Isto, porém, não é essencial à crença no purgatório. Nem mesmo é certo. . . . Mesmo que alguém, como no caso dos teólogos do Oriente, decida rejeitar a idéia do sofrimento induzido pelo fogo, deve cuidar para não excluir do purgatório todo o sofrimento positivo. Ainda assim há real aflição, tristeza, angústia, vergonha de consciência e outras tristezas espirituais, capazes de infligir verdadeira dor à alma. . . . A pessoa deve lembrar, de qualquer forma, que, em meio aos sofrimentos dessas almas, elas gozam de grande alegria em razão da certeza da salvação.”

Na imagem perspectiva do purgatório.


(New Catholic Encyclopedia, 1967, Vol. XI, pp. 1036, 1037).

O filósofo grego Tales (do sétimo século a.C.) ensinava que havia uma alma imortal nos metais, nas plantas, nos animais e nos homens. O poder vital, dizia ele, muda de forma, mas nunca morre. No sexto século a.C., o famoso matemático Pitágoras dizia que, após a morte, a alma ia para o Hades, a fim de ser expurgada, e então voltava para entrar num novo corpo, continuando nesta cadeia de transmigração até culminar numa vida totalmente virtuosa. ‘A alma parece claramente ser imortal’, foi como Platão citou as palavras de Sócrates (do quinto século a.C.). Orfeu, base dum culto místico do sétimo século a.C., deu origem a uma teologia órfica, que ensinava que a alma, após a morte, ia ao Hades para enfrentar o julgamento. A narrativa da História da Civilização de Will Durant, na Parte II, página 190, 191 (em inglês), prossegue:


“Se o veredicto era de culpada, havia severa punição. Uma forma da doutrina
concebia esta punição como eterna e transmitiu à teologia posterior a idéia dum
inferno. Outra forma adotava a idéia da transmigração: a alma renascia vez após
vez, para vidas mais felizes ou mais amargas do que antes, dependendo da pureza
ou da impureza de sua existência anterior e esta roda de renascimentos giraria
até se alcançar a completa pureza e a alma ser admitida nas Ilhas dos Benditos.
Outra variedade oferecia a esperança de que a punição no Hades podia terminar
por meio das penitências realizadas com antecedência pela pessoa, ou após a sua
morte, pelos seus amigos. Assim surgiu a doutrina do purgatório e das
indulgências.”


Crédito da imagem "Perspectiva do Purgatório" Helder da Rocha
Fonte do texto: arquivos pessoais do autor.

6 comentários:

  1. Gustavo Dourado20/8/11

    aff, purgatorio nem existe... mais uma de tantas outras invenções!

    Mateus 22.29
    Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.

    Deus abençoe!

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  2. Pietro Carnesecchi, nascido em Florença no início do século XVI, progrediu rapidamente na carreira eclesiástica na corte do Papa Clemente VII, que o designou seu secretário particular. Contudo, sua carreira foi interrompida abruptamente quando o papa morreu. Mais tarde, ele conheceu nobres e clérigos que, como ele, aceitavam algumas doutrinas ensinadas pela Reforma Protestante. Em resultado disso, ele foi levado a julgamento três vezes. Condenado à morte, foi decapitado e seu corpo, queimado.
    Na prisão. Para quebrar sua resistência, ele foi torturado e deixado sem alimento. Em 21 de setembro de 1567, seu auto-da-fé solene foi realizado em Roma, na presença de quase todos os cardeais. A sentença de Carnesecchi foi lida para ele no cadafalso, diante da multidão. Depois que a sentença de Carnesecchi foi lida, fizeram que ele vestisse um sambenito, uma roupa de saco amarela pintada com cruzes vermelhas, no caso dos penitentes, ou preta com chamas e demônios, para os impenitentes. A sentença foi executada dez dias depois.

    Os autos do processo do seu julgamento, descobertos no fim do século XIX, revelam que ele foi considerado culpado de 34 acusações, que correspondem às doutrinas que ele contestava. Entre elas estava o ensino do purgatório.

    Concordo com o seu comentário Gustavo. De fato o purgatório não existe, assim como muitas das atuais crenças religiosas cristãs como Por exemplo, o natal que já foi até mesmo reconhecido pela igreja como tradição pós cristã, mas da mesma forma como hoje o natal tem um papel muito grande na sociedade - principalmente a ocidental - também naquela época a crença no purgatório tinha um forte apelo na sociedade. Por este motivo acredito que o conhecimento histórico deste dogma é relevante, independentemente de nossas crenças mesmo que nós não conheçamos as escrituras. Aliás poucas pessoas são realmente capazes de questionar suas próprias crenças, Pietro Carnesecchi foi capaz e morreu por isso. Por defender algo que hoje nós sabemos não ser parte do dogma cristão original.

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  3. Não há nenhuma menção de purgatório ou algo do gênero nas Escrituras Sagradas. Investigações históricas mostram de onde realmente surgiram certas doutrinas, que aos poucos foram se arraigando no cristianismo; principalmente na Igreja Católica!

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  4. Anônimo18/12/11

    O PURGATÓRIO é Bíblico: (1Cor 3,15) “Se a obra de alguém se queimar, ele sofrerá perda, se bem que ele mesmo será salvo, como se pelo fogo“. Cada um será salgado com fogo (Mc 9,49) e (Ml 3, 2-4). São Cipriano, em 249 já dizia: ”…uma coisa é penar muito tempo e purificar-se nas chamas do Purgatório e outra coisa é ter removido todos os pecados, pelo martírio”. (Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. J. B. Lehmann, Ed. Lar Católico, MG,1959).

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  5. Acho que esse fragmento da carta do apóstolo Paulo não quer dizer muita coisa em si. Me parece antes uma analogia; além disso outros textos da bíblia apoiam que após a morte não há mais nada no lugar para onde todos irão: o seol (do hebraico "sepultura"). Eclesiastes 9:5 e 10 e Salmos 146:3 e 4. A bíblia é bem clara e explícita no que diz respeito a morte e a existência de algo após ela. Nenhum texto me provou que ela apoie tal ideia de vida após a morte, seja no purgatório, no céu, no inferno ou no caralho. Nesse ponto o "livro sagrado" é bastante "racional", e grande parte das vezes que fala sobre morte os escritores preocuparam-se em associar ela ao cessar de vida ou espírito. Associam ela com a volta do ser para a terra, além de fazer relacionar a morte com um sono profundo; isso pode ser visto no relato de Lázaro.

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  6. O que posso dizer? Belo comentário e bem lembrado o exemplo de Lázaro.

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