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13 de agosto de 2012

Causa Mortis


  
CAUSA MORTIS
Assolam inclementes nas colinas lúgubres,
Os ventos do desgosto das alegrias de outrora
Esvaziam de meu peito os insignificantes amores
Que nesta existência me serviam por aurora.

Oh! Como é sombrio o anoitecer nestas paragens
Que há de ser agora, de minhas ilusões?
Estas frias estátuas... Minhas quimeras... Miragens...
Que há de ser de minha vida nestes rincões.

Aqui desvanece de minh’alma todo o engodo.
Vem deveras hoje ó morte e leva-me em teu logro.
Arremate este meu quadro tétrico
Que com tanto ardor elaboras em esboço
A minha débil figura.
Mostre-me aos olhos de todos cadavérico,
Esquálido, exaurido de minha própria esperança
Retrato fiel de minh’amargura.

Joga-me enfim aos braços do purgatório
Esqueças-me por ali
Não quero ouvir dos viventes seus cantos funerários,
Do livro sacro seus salmos de profundis.
Esqueças-me e não me deixes sair,
Senão para ver do horizonte o fulgurar etéreo.
Melhor que nestas serras
É estar prostrado num cemitério.

Mas, faz-se insensível à minha petição
Esta donzela funesta, descarnada.

Afasta-se de mim e leva contigo meu coração
Afasta-se... Mas, leva por obséquio esta alma condenada.

Deus nobis haec otia fecit*




*Deus nos concedeu esse descanso. Palavras com que Virgílio nas Éclogas agradece a Augusto. São quase sempre empregadas satiricamente.


6 comentários:

  1. Gostei muito da frase abaixo da arte cemiterial. Está de parabéns pelo Blog quando vemos tantas baboseiras por aí enquanto aqui, senti suas gotas de sangue... Atenciosamente, Dominica.

    Fica a dica : funebresacro.wordpress.com / @DExuper

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    1. Já estou seguindo sua dica Dominica Exuper. Obrigado pelas palavras de elogio.

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  2. Desculpe a falta de indelicadeza...Acho que já percebeu que eu sou a autora de Sanctum e,
    aproveito para agradecer a divulgação de certos posts no Google + 1. Gracias Jorge,
    um abraço de Dominica.

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    1. Não é indelicadeza nenhuma Dominica. Disponha sempre, pois o frio e sombrio vento que nos envolve a esta atmosfera obscura deve correr toda a Terra tocar as faces de tantos quanto possível.

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  3. ... Obrigada Jorge, sim, o frio e sombrio que volve nossas almas corre toda a Terra e toca as faces de tantos mas, felizmente ainda (pelo menos eu) permaneço no obscuro doando aos mortos as minhas escrituras e... Agora você!? hum... Azrael deve estar revoando ao seu redor... Um abraço de Dominica.

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