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31 de janeiro de 2012

A Cultura e o Medo da Morte

Nossa cultura repudia com tanta veemência a possibilidade, mais que natural, de um envelhecimento saudável, que se tornou um discurso politicamente correto dizer “sinto-me bem, como se tivesse vinte anos”. Para o ocidente o envelhecimento é visto sempre como decrepitude, como falência orgânica, e a morte é vista sempre como o ápice dessa degeneração.

Culturalmente, vários valores contribuem para a negação da morte, seja o culto à eterna juventude, a acumulação de bens, a busca da imortalidade ou o apego materialista, tudo isso acaba fazendo com que a morte não seja aceitável de forma alguma. O marketing profissional objetiva criar falsas necessidades, e tão mais meritoso será, quanto mais conseguir tornar obrigatórias coisas que são, de fato, facultativas. O resultado é uma sociedade inquieta e atormentada pela necessidade de ter.

Com esse materialismo dominante, com esse consumismo capaz de monopolizar o ideal humano, ficam irremediavelmente prejudicadas as iniciativas para o autoconhecimento, primeira lição para aceitarmos com serenidade que um dia deixaremos de existir.

O ser humano moderno, fruto de nossa sociedade consumista, gasta todo seu tempo de vida procurando ter e gozar do que tem, chegando ao momento da morte totalmente despreparado.
Pensar na morte de maneira serena e calma não é uma questão de morbidez, masoquismo, ideação suicida, falta de vontade de viver, porque é bom deixar de existir ou algo assim. Na realidade, trata-se da conscientização de que ela vai acontecer de qualquer forma e com todos que andaram, andam ou venham a andar sobre a Terra. É a adaptação para com algo que vai acontecer, queiramos ou não, uma hora ou outra.

Texto extraído e adaptado de: Psiqweb.med.br

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Como já diria José saramago em seu romance As Intermitências da Morte:
 "Nós que tristes aqui vamos, a vós todos felizes esperamos.".

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