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24 de dezembro de 2011

Síndrome de Cotard


Foto manipulação para Síndrome de Cotard.
Por Cunegonda
A sensação era de que seus órgãos internos estavam apodrecidos; braços e pernas tomados por vermes e gusanos e o odor que parecia exalar de seu corpo putrefato certamente faria todos a sua volta nauseados se afastarem. 
Andar por entre as pessoas já não lhe era mais permitido pois sua consciência lhe impedia de expôr aos transeuntes o asco de sua agonia. E assim, dia após dia "vivia" tendo em seus delírios convulsivos a certeza de já não mais estar vivo, mas ser apenas uma criatura qualquer, um condenado a perambular em seu inferno particular como um morto-vivo. 

Esta bem poderia ser uma forma de descrever a percepção que o portador da Síndrome de Cotard tem de seu próprio corpo. A síndrome de Cotard é uma condição médica na qual a pessoa apresenta a crença delirante de estar morto ou de que seus órgãos estejam paralisados ou podres, ou ainda de que amigos, familiares, o mundo à sua volta não mais existem ou estão em via de não mais existir.

A síndrome foi descrita pela primeira vez em 1880 pelo psiquiatra que daria seu nome à esta síndrome, Jules Cotard. Seu objeto de estudo? Uma mulher de  43 anos que afirmava não possuir cérebro ou entranhas e cuja síndrome ainda a fizera crer que, por estar morta, existiria eternamente não havendo Deus ou Diabo apenas ela.

Ainda segundo outra fonte alguns indivíduos chegam a acreditar que não se encontram mais na Terra e que estão de fato mortos e suas almas se encontram presas no purgatório como foi o caso de um homem que após ter sofrido um grave acidente pensou estar sendo levado para o inferno devido ao forte calor que  sentia quando na verdade estava sendo levado de volta à sua terra natal na África do Sul.

Jules Cotard em foto de 1879
O forte delírio niilista que se caracteriza como o principal sintoma da síndrome e pode se apresentar em diferentes graus de gravidade desde sentimentos de desespero à negação do próprio mundo e está relacionado ao aspecto melancólico de um indivíduo e à depressão profunda e quadros psicóticos.

Ainda que a morte, a depressão, a insanidade e todos seus adjetivos funestos pareçam terríveis eles continuam trazendo inspiração para um número infinito de pessoas. Grupos como a banda portuguesa de Black metal Omitir que lançou um álbum em 2011 com o título de Cotard é um exemplo disso. Não por acaso as temáticas da banda são a depressão, o niilismo, o ódio, a insanidade e o suicídio e algumas de suas músicas têm títulos tais como "dor submersa" ou "perda". 

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