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24 de setembro de 2011

Água fervente

A imagem acima reproduz a utilização de água fervente como Ordálio,
uma forma utilizada desde o século VIII para se decidir
a inocência de um indivíduo.
Apesar do nome a técnica consistia num caldeirão cheio de um líquido, não apenas água, também era possível que estivesse cheio de óleo, alcatrão, ou mesmo chumbo derretido.

Às vezes, a vítima era colocada no caldeirão, antes de o líquido estar fervendo, de modo a ser cozida lentamente. Ou elas seriam colocadas, geralmente de cabeça, com o líquido já em ebulição.
 
Como você já deve estar imaginando, pela violência do método empregado esta técnica nem sempre foi utilizada para extrair uma confissão, mas por um tempo foi usada como método de execução de prisioneiros.
Na Inglaterra em 1531 de acordo como estatuto de Henry VIII, este método de tortura foi transformado em uma forma legal de pena capital. Ela começou a ser usada para assassinos que usavam veneno após o Bispo de Rochester ter cozido e dado mingau envenenado para um número de pessoas, resultando em duas mortes em fevereiro de 1531.
Ela foi empregada novamente em 1542 para uma mulher que usou veneno. O ato foi revogado em 1547.
Esta forma de pena capital foi também utilizado para os falsificadores e falsários de moedas durante a Idade Média (que eram tecnicamente culpados de traição).

Água fervente também foi utilizada como prova da inocência de um indivíduo, era o assim chamado ordálio ou julgamento de Deus. Seu emprego dava-se da seguinte forma:

"O sacerdote e o acusado entravam a par na igreja e abeiravam-se do altar. Sobre uma fogueira diante deste fervilhava um caldeirão de água, no fundo do qual fora colocada uma pedra. O homem, acusado de roubar um vizinho, negava as acusações e não existiam provas para que pudesse ser declarado inocente ou culpado.
Fora então decidido submetê-lo ao ordálio com água fervente. As regras para estas provações terão sido estabelecidas na Inglaterra, possivelmente já no ano 700, durante o reinado de Ina, rei de Wessex.
As testemunhas que iam participar no julgamento entravam silenciosamente na igreja. Aquelas que acreditavam na inocência do acusado ficavam à esquerda do caldeirão, as de acusação à direita.
Durante os três dias anteriores, o prisioneiro participara na missa e alimentara-se exclusivamente de pão, água, sal e ervas. O seu destino estava nas mãos de Deus. O povo acreditava que a intervenção divina impediria que um inocente fosse injustiçado.
O padre aspergiu as testemunhas com água bente e deu-lhes o crucifixo a beijar. As testemunhas rogaram silinciosamente a Deus para que fosse feita justiça. O acusado, mergulhou então, o braço até o cotovelo na água fervente e retirou a pedra. Se o crime fosse menos grave, teria mergulhado apenas a mão até ao punho.
Três dias depois, remover-se-ia a ligadura do braço queimado. Se a ferida estivesse coberta de pus, era considerada impura, sinal de que Deus considerava o homem culpado. Um tribunal especialmente convocado deliberaria então sobre o castigo. Ao contrário, se as queimaduras estivessem a sarar, o acusado seria declarado inocente. [...]"
 
Fonte do texto em destaque: http://pt.shvoong.com/humanities/religion-studies/2034350-julgamento-deus/

20 de setembro de 2011

As imagens de terror de Danielle Tunstall

Danielle Tunstall é uma fotógrafa que se especializou na manipulação digital de fotografias e o resultado de seu trabalho fervilha com as mais assustadoras imagens de zumbis, demônios, fantasmas e todas essas adoráveis criaturas bizarras com as quais sonhamos todas as noites.
Apesar de algumas de suas fotografias mostrarem paisagens sombrias onde as figuras de terror estão inseridas uma boa parte delas apresenta apenas a figura num fundo liso o que acaba atraindo nossa atenção para as figuras centrais. De acordo com a artista isso foi uma mudança para ela uma vez que quando criança costumava pedir para que as pessoas se afastassem para dar lugar às paisagens que ela iria fotografar. Quando perguntada por que decidiu fazer tais fotos ela responde que apenas interpreta artisticamente a dura realidade cotidiana.

Então aprecie seu trabalho e tenha bons sonhos.























Para visitar o site oficial de Danielle Tunstall [CLIQUE AQUI]

18 de setembro de 2011

Bacio di Tosca


O mínimo que posso falar do som desta banda é que ele é divino em sua composição e execução.

Bacio di Tosca é uma expressão italiana cuja tradução é Beijo da Bruxa, um nome poético para uma banda de inspiração poética, pois suas letras cantam aos poetas Eduard Mörike, Heinrich Heine e Theodor Storm.
A banda é de origem alemã e faz justiça à tradição das bandas germânicas com sua ambientação obscura cujo gênero pode ser classificado como Gothic, Neoclassical e Darkwave.

Site oficial da banda: http://www.bacio-di-tosca.de/

Giacomo Antonio Domenico
Michele Secondo Maria Puccini,
mais conhecido como Giacomo
Puccini (1858 - 1924) foi um
compositor de óperas italiano.
 Suas óperas estão entre as mais
 interpretadas, até hoje, incluíndo
 La bohème, Tosca, Madama Butterfly
e Turandot.
Algumas de suas árias, como
"O mio babbino caro" de
Gianni Schicchi, "Che gelida manina"
de La bohème, "E lucevan le stelle"
de Tosca e "Nessun dorma" de
Turandot tornaram-se parte da cultura popular.









Bacio Di Tosca - Der Tod und das Mädchen [2007] 
Ainda outra referência feita pela banda é a uma das óperas de  Giacomo Puccini. O nome Bacio di Tosca se refere a um assassinato que ocorre durante uma de suas óperas.

Cena de Tosca de Giacomo Puccini
A ópera a qual a banda faz alusão chama-se Tosca. Trata-se de uma ópera em três atos, com libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, baseado na peça de mesmo nome de Victorien Sardou. Estreou no Teatro Costanzi de Roma, a 14 de janeiro de 1900. A história passa-se em Roma, em 1800 sendo seus personagens; Mario Cavaradossi um pintor amante de Floria Tosca uma cantora de ópera desejada pelo Barão Scarpia que condena Mario à morte por ter ajudado seu amigo Cesare Angelotti prisioneiro político a fugir.

 





01 - Red Water
02 - Der Tod Und Das Mädchen
03 - Mein Sußes Lieb
04 - Helena
05 - Ophelia
06 - Die Eine Klage
07 - Scheidung
08 - Einer Toten
09 - Es Wandelt Was Wir Schauen
10 - Wenn Ich Einmal Soll Scheiden
11 - Untitled




Bacio Di Tosca - Und Wenn Das Herz Auch Bricht [2008]

01- Ich Grolle Nicht
02- Schweigend
03- Lehn Deine Wang
04- Vierzeilen
05- O Wärst Du Mein!
06- Tu Was Du Willst
07- Die Zeit Ist Hin
08- Waldesgespräch
09- Lebe Wohl
10- Liebe Und Tod
11- Die Nonne Und Der Ritter
12- Unüberwindlich We Der Tod
13- O Wärst Du Mein! (Remix)
14- O Wärst Du Mein! (Rádio Remix)





Bacio Di Tosca - Hälfte Des Lebens [2010]

01- Das Herz Ist Mit Bedrueckt
02- Hälfte Des Lebens
03- Lamentationen
04- Ist Mancher So Gegangen
05- Himmelstrauer
06- Vergebens
07- Der Schmerz
08- Rueckgedenken
09- Gestutzete Eiche
10- Reue
11- Ich War Einmal
12- Verborgenheit
13- Die Weihe Der Nacht
14- Maria Durch Ein Dronwald Ging

17 de setembro de 2011

O Esmagador de Pés

O esmagador de pés consistia em um par de placas de ferro horizontais apertados em torno do pé por meio de um mecanismo de manivela para dilacerar a carne e esmagar os ossos do pé do condenado.

Um padrão para a linha inferior da placa possuía nervuras para impedir que o pé descalço escapasse para fora do aperto do instrumento se o pé do indivíduo estivesse suando, uma variante mais cruel deste dispositivo em Nuremberg tinha a chapa superior forrada com centenas de pontas afiadas. Ainda uma versão de Veneza tinha conectado ao mecanismo de manivela uma broca, de modo que um buraco aos poucos seria perfurado no centro do peito do pé enquanto o instrumento era apertado.

O aspecto e funcionamento do esmagador de pés é bastante semelhante ao esmagador de cabeças.

15 de setembro de 2011

Modificação corporal na História 2# - Alongamento Craniano

A prática do alongamento craniano (braquicefalia) ou deformação craniana, por sua natureza "peculiar", tende a levantar muitas questões, a principal delas tem haver com sua finalidade. As mais diversas hipóteses já surgiram para tentar explicar os motivos de tal prática, desde símbolo de status, passando por questões puramente estéticas ou religiosas e até mesmo, segundo alguns pesquisadores entusiastas, como referência direta à raças alienígenas que teriam vivido entre estes antigos povos.

O fato é que como prática cultural a deformação craniana foi comum a muitos povos ao redor do mundo e em algumas culturas acreditava-se que as crianças que passavam por esse processo adquiriam poderes paranormais.

Em uma outra postagem quando mencionei os Pés de Lótus (prática de modificação dos pés) eu cheguei a afirmar que não acreditava que tal prática antiga pudesse retornar nos dias de hoje - posso até estar enganado - e o motivo para minha dúvida é porque nos dias de hoje tem gente capaz de qualquer coisa, talves até mesmo enrolar os pés a ponto de quebrá-los, não sei... prefiro deixar o tempo responder.

Crânios humanos alongados
como este estão presentes em
diversas culturas pelo mundo.

A deformação do crânio em
questão é conhecida como
braquicefalia
                                                    
Outra prática bizarra que envolvia
a intervençâo intencional no crânio
humano é a trepanação.
Atualmente é uma prática cirúrgica com
finalidades médicas específicas,
mas no passado a trepanação
era efetuada de modo ritualístico.
O objetivo era, entre outros, o de
eliminar os demônios
do corpo do indivíduo.



Ao preparar esta postagem imaginei se hoje em dia alguem seria capaz de  deformar seu próprio crânio e a resposta foi óbvia. Na verdade acho que foi muito inocencia da minha parte não atentar para as inúmeras modificações que atualmente são feitas no crânio humano, mas ao pesquisar sobre os tipos de modificações  cranianas me deparei com uma bizarra moda entre os jovens no Japão.

Não se trata de modificação craniana propriamente dita e sim de uma alteração facial onde o indivíduo injeta soro fisiológico sob a pele provocando um inchaço que pode durar até 24 horas e ser "modelado" de acordo com o gosto do cliente. Aprecie as imagens a baixo e faça seu próprio julgamento.




10 de setembro de 2011

O Machado

De todos os instrumentos conhecidos de tortura é bem provável que o machado ocupe o lugar de destaque da lista por ser talvez o mais conhecido - embora, convenhamos não daria muito tempo de sofrer depois que o machado descia. Isso de certa forma faz do machado não exatamante um instrumento de tortura e sim de execução, ainda assim imaginem a terrível angústia que o condenado devia sentir dia após dia esperando que o seu chegasse. Por este fator psicológico o machado pode ser considerado um instrumento de tortura. 

O machado era reservado aos condenados de origem nobre, deixando para a plebe os longos períodos de sofrimento inflingidos por outros instrumentos de tortura antes de estes virem a morrer.
O instrumento foi muito popular na Europa onde por inumeras vezes ele foi erguido (e baixado, claro). Em 1477 o pescoço de Jacques D'armagnac, cujo sangue literalmente banhou seus filhos, provou da lâmina do machado. O machado também fez sombra sobre a cabeça do bispo de Rochester, João Fisher e provavelmente foi a última coisa que "passou" pela cabeça de Thomas Morus.
E por falar no clero, é importante lembrar que a própria Igreja marcou presença nas masmorras, não apenas na época em que a Inquisição se fez sentir forte sobre os ombros daqueles considerados hereges, mas até antes disso. O Papa Inocêncio IV autorizou em carta solene publicada em 1252 a tortura dos suspeitos de heresia, tortura essa que não era considerada pecado pela Igreja uma vez que era realizada para o "serviço do Senhor".
Os manuais de tortura se tornaram um guia prático muito importante e até mesmo drogas psicotrópicas eram utilizadas para induzir ao delírio, visto como prova de que o acusado comunhava com o demônio.

Cruel ou não, o machado era com certeza um eficiente sistema punitivo, pois uma vez que as execuções eram efetuadas em público era bem clara a mensagem para todos os que estivessem presentes:
"Faça a mesma coisa que eles e sintam o sabor do mesmo metal"

Paul [Hyppolyte] Delaroche (1797-1856).

L'exécution de Lady Jane Gray en la tour de Londres. 1833.


8 de setembro de 2011

Modificação corporal na História 1# - Pés de Lótus

Com certeza a prática da modificação corporal é uma das mais altas se não a mais alta prova de auto afirmação de um indivíduo ante a sociedade. No entanto, muito mais está envolvido na prática da modificação corporal e neste contexto é importante levar em consideração fatores tal como as tradições culturais de uma sociedade que pode reagir das mais diversas formas diante daquele indivíduo ou daqueles grupos que fazem uso de tal prática extrema.
Em outra postagem abordei a prática do Corset Piercing, agora trago um pouco de outra prática de modificação corporal desta vez uma prática muito mais antiga e realizada durante muito tempo em uma sociedade bem tradicional. Trata-se dos Pés de Lótus, prática de modificação dos pés realizada por séculos na China.


Poema do poeta e político Su Shi
exaltando a beleza dos Pés de Lótus

§§§

"Ungida com fragrância, ela tem passos de lótus;
Ainda sempre triste, caminha com rápida leveza.
Ela dança como o vento, sem deixar vestígios
Outra furtiva, mas alegre, veste-se ao estilo do palácio,
Mas sente tal sofrimento no andar!"


...
Conta-se que tudo teria começado na China por volta do século IX quando um imperador se encantara com o tamanho dos pés de uma de suas concubinas enquanto esta dançava em um palco, este simples ato de um imperador podólatra fora o suficiente para dar início à uma nova tradição, pois desde então toda mulher que desejasse ter um bom casamento e ser bem vista na sociedade precisaria ter os pés pequenos ao gosto do imperador.
Na imagem é possível
perceber pelo menos
três dos quatro dedos
que normalmente eram
curvados para baixo.

E você reclama de seu
joanete!
A iniciação das moças no doloroso mundo dos Pés de Lótus dava-se aos cinco anos e a partir daí até o resto de suas vidas seus pés eram enfaixados. Durante o processo de enfaixamento o calcanhar era forçado para baixo e com exceção do dedão todos os outros dedos eram empurrados para baixo encostando com o tempo na sola dos pés como mostra a imagem ao lado. Não raramente algum osso quebrava-se e carne dos pés às vezes podia apodrecer causando dores lancinantes, tal deformação prejudicaria para sempre o andar da mulher que passaria a dar passos curtos passando a impressão de alguém que precisasse de amparo. Acredita-se que tal aparência de fragilidade dessas mulheres fazia com que os homens se sentissem mais importantes e protetores.  

Tal prática foi oficialmente abolida na China após 1949 com a tomada do poder pelos comunistas. A partir de então toda mulher com pés de lótus não só era mau vista como até mesmo escarnecida pela população.
Mesmo aos nossos olhos liberais do século XXI pode parecer bizarra tal prática, principalmente porque a modificação dos pés na China envolvia crianças, mas naquela época ter a mulher pés pequenos podia significar para elas e suas famílias a chance de ascensão social - dolorosa e atrofiante ascensão social - mas ainda assim ascensão social.

Obviamente acho muito difícil que a deformação dos pés retorne, em qualquer sociedade que seja ao redor do mundo como simbolo de status social, pois geralmente as práticas de modificação corporal assumem o caráter de distintivo de uma filosofia de vida, como símbolo de pertencimento à um determinado grupo ou tribo urbana. Mas mesmo em uma sociedade como a nossa os pés continuam a atrair a atenção e a admiração. De certa forma o fetichismo pelos pés continua presente no mundo de hoje, que o diga as maiores grifes de calçados femininos do mundo.